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Brasileira entre mais influentes da América Latina: 'Paraplegia não é fim'

Influenciadora e empreendedora social Andrea Schwarz - Divulgação/ @dea_schwarz
Influenciadora e empreendedora social Andrea Schwarz Imagem: Divulgação/ @dea_schwarz

Rebecca Vettore

Colaboração para Universa, em São Paulo

07/12/2022 04h00

A paulistana Andrea Schwarz, de 46 anos, perdeu o movimento das pernas em setembro de 1998, aos 22, quando sentiu uma fraqueza nas pernas enquanto estava caminhando na praia com o namorado. Caiu e não conseguiu mais se levantar.

Após um mês internada, recebeu o diagnóstico de que tinha cavernoma intramedular (uma lesão benigna que apresenta um risco de piorar e levar a sangramentos). Passou por uma operação, mas ficou paraplégica por causa de uma lesão medular relacionada ao andamento da doença e da cirurgia.

"A cadeira de rodas, ficar paraplégica, não foi um ponto final da minha história. É uma vírgula e parte da minha identidade, mas não me define."

Visto que passou a viver em um mundo cheio de preconceito, a influenciadora resolveu criar o seu próprio espaço. Por isso, em 1999, ao lado de Jaques Haber, seu namorado na época, fundou a Iigual, uma consultoria especializada na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Em quase duas décadas, a empresa já ajudou mais de 20 mil pessoas a serem contratadas em 1.000 empresas.

Foto - Divulgação/ Linkedin - Divulgação/ Linkedin
Andrea Schwarz aos 24 anos e aos 44 anos
Imagem: Divulgação/ Linkedin

Entre as 500 pessoas mais influentes da América Latina

A Iigual trabalha com sensibilização de funcionários de empresas, dá consultorias em acessibilidade, faz recrutamento, seleção, treinamento de pessoas e fornece soluções para os empregadores identificando os melhores perfis para as vagas disponibilizadas.

Atualmente, o banco de talentos tem mais de 100 mil currículos de profissionais com todos os tipos de deficiência, diferentes níveis de escolaridade e de todas as regiões do país. Andrea também é autora de três livros relacionadas ao tema da acessibilidade.

Ela foi reconhecida em 2021 e 2022 como uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg. Neste ano, esteve ao lado de Anitta, Bela Gil, Cristina Junqueira e Edu Lyra (fundador da Gerando Falcões). "Essa lista mostrou que temos um caminho muito longo e que não posso ser a única voz."

Em 2019, foi escolhida como Top Voice (criador de conteúdo que merece ser seguido) do Linkedin. Andrea diz ter uma grande responsabilidade com seus seguidores das três redes sociais. "Minha exposição me custa caro, mas é necessária para que tenham referências, para que as pessoas saibam que existem horizontes."

Gravidez após ser desmotivada por médicos

"Quando aconteceu [de ficar paraplégica], basicamente fiquei sem amigos porque eles se afastaram, e fomos nos fortalecendo como casal", diz ela sobre a relação com o hoje marido.

Antes mesmo de se apaixonar pelo companheiro, Jaques, a paulistana tinha o sonho de ser mãe. Quando pensou em engravidar pela primeira vez, ouviu de muitos médicos que não seria possível.

Mesmo sendo desmotivada por profissionais, Andrea engravidou naturalmente e, em 2006 teve seu primogênito, Guilherme. Três anos depois, o casal quis aumentar a família e, novamente sem dificuldades, ela teve outro menino, Leonardo.

Ela celebra como os filhos se tornaram pessoas conscientes e que respeitam todas as pessoas independentemente se têm ou não deficiência. "Meus filhos têm um olhar mais inclusivo. Inclusive eu falo nas minhas palestras que queria que a sociedade tivesse as lupas deles."

Foto - Divulgação/ @dea_schwarz - Divulgação/ @dea_schwarz
Andrea Schwarz ao lado da família
Imagem: Divulgação/ @dea_schwarz

"Viajamos por mais de 40 países juntos"

Desde que começaram a se relacionar, Andrea e Jaques sempre amaram viajar e não deixaram que a falta de acessibilidade os impedisse de realizar seus sonhos. Os dois já visitaram mais de 40 países juntos.

Em duas décadas como cadeirante, Andrea sofreu muito com falta de serviços para pessoas com deficiência, principalmente em companhias aéreas e agências de viagens. "É difícil achar roteiros e ter quartos acessíveis. Não entendem que uma pessoa com deficiência se casa e tem filhos."

Andrea relembra que chegou a viajar para lugares sem acessibilidade alguma, como Santorini, na Grécia. Nesses locais, o marido foi as suas pernas. Os Estados Unidos são escolhidos com frequência como destino das viagens em família, por ter mais estrutura para recebê-la.