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Estudante relata que namorado a torturou por 'tomar cerveja sem permissão'

Isabella, 20, contou que foi agredida pelo namorado após ser vista por ele tomando cerveja em Goiânia - Isabella Lacerda/Reprodução
Isabella, 20, contou que foi agredida pelo namorado após ser vista por ele tomando cerveja em Goiânia Imagem: Isabella Lacerda/Reprodução

De Universa, em São Paulo

12/12/2022 11h51Atualizada em 12/12/2022 13h02

Uma estudante de direito de 20 anos relatou que foi agredida, torturada e mantida sob a mira da arma do namorado, de 40, após ela tomar uma cerveja sem a permissão dele em Goiânia (GO). O caso ocorreu na noite da sexta-feira (9) e foi compartilhado nas redes sociais da vítima, Isabella Lacerda, ontem.

Isabella contou que assistiu ao jogo do Brasil com a família na sexta-feira (9) e fez uma ligação acidental para o então namorado, Thiago Brandão Abreu, que viu que ela estava tomando uma cerveja.

Após a partida, na noite da sexta, ele foi até a casa dela e a chamou do lado de fora da residência para "dar explicações". Segundo Isabella, ao sair de casa, ela foi colocada dentro do veículo do namorado, que estava armado.

"Vivi mais de uma hora de tortura. Fui espancada com uma arma. Dá para ver no meu braço. Fui mordida, ele luxou minhas mãos. Os meus seios, o meu rosto, o meu cabelo, tudo [ficou marcado]", contou a jovem na publicação.

A reportagem não exibirá imagens das lesões da jovem, para preservar sua imagem e evitar uma revitimização da estudante.

Isabella afirmou que, ao ser raptada pelo namorado, conseguiu enviar a localização em tempo real dela para a mãe, que conseguiu encontrá-la e retirá-la do veículo após mais de uma hora.

Eu não fui morta porque minha mãe me salvou. A minha mãe me salvou desse monstro, dessa pessoa que dizia que me amava, que dizia cuidar de mim, dessa pessoa que foi capaz de me torturar durante uma hora com uma arma de fogo, dentro de um carro, me espancando e me batendo.

Uma tia de Isabella contou que a jovem foi à delegacia ainda na madrugada do sábado para registrar um boletim de ocorrência contra o homem. Ela foi hospitalizada e recebeu alta no sábado, após passar por exames.

"O nosso desejo é que ele pague pelo que ele fez, que a minha sobrinha não seja mais um dado estatístico", afirmou a tia de Isabella.

À Polícia Civil, a jovem informou que Thiago é atirador esportivo, anda com arma de fogo frequentemente e comercializa munições.

Ela disse, ainda, que o homem chegou a disparar a arma de fogo três vezes para cima e agrediu um transeunte que tentou ajudar na ocasião.

A jovem contou que o agressor foi solto após passar por audiência de custódia. Ela disse que sente medo de ser novamente agredida por ele. "Minha família inteira corre perigo, nós estamos correndo perigo, eu estou correndo perigo de vida", disse ela.

O processo do caso corre em segredo de Justiça, mas, segundo o TJGO (Tribunal de Justiça de Goiás), o réu não está preso.

O UOL buscou Thiago por e-mail, mensagem e telefone, em busca de um posicionamento sobre o caso, mas não recebeu retorno sobre o assunto até o momento. Advogados que o defenderam em outros processos também foram procurados, mas não retornaram os contatos.

Até a manhã de hoje, não havia registro público de advogados no arquivo do processo do TJGO.

O caso é investigado pela 1ª Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) de Goiânia.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.