Ela fez 30 plásticas e parou após transtorno de imagem: 'Quase morri'
"Quando comecei na carreira de modelo, aos 17 anos, minha autoestima era baixa. Era alta e magra, tinha os seios pequenos e achava que estava fora do padrão. Queria ter o corpo brasileiro, com curvas.
Além disso, nesse meio da moda, nada estava bom. Foi para caber nessa indústria que comecei a fazer uma cirurgia plástica atrás da outra. Quando vi, estava perdida. Quando você começa a acompanhar o sistema, entra em colapso junto, e foi o que aconteceu comigo. Fiz procedimentos no rosto e cirurgias no corpo, no total foram pouco mais de 30.
Queria ser uma modelo internacional, uma mulher de negócios, ser bonita. Meus sonhos falavam muito mais alto, mas exagerei demais
Desfilei para a [marca de moda italiana] Versace e comecei a ser notada pela mídia. Depois veio meu namoro com o Celso [Santebanes, conhecido como Ken Humano, morto em 2015], e a cirurgia e a beleza viraram válvulas de escape para as minhas vulnerabilidades.
Hoje vejo que a perfeição não existe. Se você não cuidar da alma, da saúde mental, não tem nada. Se a gente debatesse mais sobre saúde mental evitaríamos muitas cirurgias plásticas.
Entenda: não sou contra a cirurgia plástica. Tanto que hoje eu faço um procedimento aqui, outro ali. Recentemente fiz baby laser [tratamento que rejuvenesce a pele], mas nada de exagerado. A gente precisa ter limite.
E as pessoas têm que ter um certo cuidado com o que falam. Quando eu era mais nova, um familiar chegou a comentar que eu era muito alta e tinha um pé grande, então pesquisei por cirurgia para diminui-lo. Isso é muito sério.
"Meu corpo não é brincadeira"
Eu fiz a personagem Jennifer Pamplona. Criei a alcunha de Kim Kardashian brasileira para ganhar fama internacional. Costumo dizer que não tem atriz igual a mim, porque ninguém sabia que eu estava atuando.
Até que uma jornalista me perguntou qual era a tendência da vez do meu corpo, e ali me dei conta de que meu corpo não é uma tendência, não é uma brincadeira, e comecei a mudar e a enxergar a vida de outra forma.
"Quase morri após cirurgia no rosto"
Fora isso, as críticas me faziam tão mal que desenvolvi uma síndrome e, há cinco anos, comecei a me consultar com psicóloga. Foi quando descobri a dismorfia corporal. Tomei a decisão de tirar todos os preenchimentos que fiz e voltar com o rosto que tinha.
Mas quase morri por causa de uma infecção depois da última cirurgia no rosto, neste ano. Foram seis meses de muita dedicação psicológica e física. Os desgastes com a recuperação foram tantos que a afetaram até meu relacionamento, e meu casamento acabou.
Infelizmente há procedimentos que não posso mais reverter, como a retirada do PMMA do bumbum [sigla para metacril, produto não absorvível pelo corpo e causa complicações graves, como necrose]. Sofri demais no passado com isso, gastei mais de R$ 400 mil para recuperar minha saúde.
Quando parei de fazer tanto procedimento estético, as pessoas começaram a ver quem eu sou: uma mulher de negócios, com conteúdo, que tem uma faculdade de cinema, que está lançando linha de perfumes e voltando para a moda, pois sou estilista.
Durante a pandemia também abri uma ONG, a Jennifer Pamplona Mental Health, focada em dismorfia corporal e borderline, para ajudar outras pessoas com as minhas experiências.
Ainda lançarei um documentário chamado Adiction ("vício"), que vai justamente abordar dependência, adição. Todo mundo tem. Eu acabei me viciando na fama. Talvez meu desejo fosse sentir a dor física para não sentir a dor mental.
Hoje, tenho muita confiança em mim. Voltarei a estudar artes e pretendo continuar na carreira de atriz.
Jennifer Pamplona, 30, é modelo e estilista e mora em São Paulo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.