'Trouxe emoções e preocupações': como mudar de escola sem gerar traumas
Depois de dois anos, a executiva de tecnologia Suanne Bispo, 36 anos, de São Paulo, precisou mudar a filha Samila, 4, de escola. Nessa jornada, ela conta que levou alguns critérios em consideração, como as atividades que a menina gosta de fazer — capoeira e balé — e, também, um lugar que praticasse a inclusão racial.
"Ela é a única criança negra, então, é importante estar atenta. Mudar de escola trouxe emoções e preocupações de uma mãe consciente, porque não é só sobre a minha filha não sofrer racismo, mas da postura do colégio diante de uma situação assim. Confesso que tenho tido surpresas positivas", compartilha.
A decisão de Sauanne foi certeira, justamente porque ela considerou os aspectos importantes para a filha nessa mudança escolar — e essa é a principal dica dos especialistas para entender se chegou a hora de trocar (ou não) de colégio.
O que observar na hora de mudar?
O primeiro passo a ser dado é refletir sobre algumas questões fundamentais a respeito do futuro da criança, como suas conquistas acadêmicas e os valores que os pais desejam que o filho adquira.
É imprescindível que os pais conheçam o projeto pedagógico da escola e os espaços que o filho vai experimentar no dia a dia, além de ter uma boa conversa com o coordenador. Se possível, vale comparecer a eventos, conversar com outros pais e ver se os olhos dos alunos brilham
Ana Paula Murano, professora do curso de pedagogia da Universidade São Judas
Também é fundamental ouvir a opinião da criança ou jovem, especialmente se a decisão de mudar de escola envolve queixas anteriores, sofrimento, isolamento, racismo, bullying ou questões de aprendizagem.
Vale então checar se a escola oferece suporte para essas questões e como pretende fazer o acolhimento, ressalta a psicóloga Bruna Denadai, especialista em terapia cognitivo-comportamental.
Ainda que trocar a escola pareça a melhor escolha, a pedagoga lembra que qualquer mudança é difícil e requer adaptação. Por isso, ela indica que os pais acompanhem todo o processo e lembra que o estudante precisa se sentir bem no novo espaço.
"Ninguém aprende onde não se sente acolhido ou sem encontrar seus pares. E, acredite: os filhos estão muito mais preparados para mudar do que os pais", pondera.
Adaptação tranquila é possível
O processo de transição pode ser mais tranquilo se você observar alguns pontos:
- Manter um diálogo constante e agir da forma mais natural possível
- Conversar com a criança sobre a mudança de escola, explicar o motivo e mostrar as novas possibilidades
- Mostrar que os pais estão presentes e darão todo apoio necessário para que o filho se sinta bem
- Demonstrar paciência com as possíveis mudanças de comportamento e a nova rotina
- Transmitir segurança e respeitar o tempo da criança, já que cada um assimila em uma velocidade
- Participar do dia a dia e de suas escolhas, orientando as crianças.
- Combinar com a escola a recepção do aluno
- Ter um funcionário que possa acompanhar o estudante até a sala de aula
- Deixar o aluno livre para escolher o lugar onde quer se sentar.
- Na hora do intervalo, é bom acompanhá-lo e, se possível, propor uma atividade para toda a sala
Mas, e se a criança não se adaptar?
Antes, é necessário ter certeza de que isso aconteceu. Veja alguns sinais:
- isolamento
- diminuição do diálogo com os pais e amigos antigos
- falta de vontade de ir à escola
- deixar de fazer atividades que, antes, eram prazerosas
"É importante os pais ficarem atentos a esses sinais e tentar uma possível conversa com a criança ou adolescente, além de ir à escola para conversar sobre seu comportamento em sala e no recreio, entendendo o que está acontecendo em todo o contexto escolar", aconselha a psicóloga.
Um psicólogo pode ajudar bastante, ainda que muitos pais tenham receio de procurar esse auxílio. "O psicólogo auxiliará esse jovem a ter uma adaptação escolar através de técnicas aplicadas na psicoterapia, modificando os pensamentos distorcidos desta situação", explica.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.