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'Trouxe emoções e preocupações': como mudar de escola sem gerar traumas

Responsáveis devem discutir sobre futuro da criança na hora de mudar de escola - iStock
Responsáveis devem discutir sobre futuro da criança na hora de mudar de escola Imagem: iStock

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Universa

21/12/2022 04h00

Depois de dois anos, a executiva de tecnologia Suanne Bispo, 36 anos, de São Paulo, precisou mudar a filha Samila, 4, de escola. Nessa jornada, ela conta que levou alguns critérios em consideração, como as atividades que a menina gosta de fazer — capoeira e balé — e, também, um lugar que praticasse a inclusão racial.

"Ela é a única criança negra, então, é importante estar atenta. Mudar de escola trouxe emoções e preocupações de uma mãe consciente, porque não é só sobre a minha filha não sofrer racismo, mas da postura do colégio diante de uma situação assim. Confesso que tenho tido surpresas positivas", compartilha.

A decisão de Sauanne foi certeira, justamente porque ela considerou os aspectos importantes para a filha nessa mudança escolar — e essa é a principal dica dos especialistas para entender se chegou a hora de trocar (ou não) de colégio.

O que observar na hora de mudar?

O primeiro passo a ser dado é refletir sobre algumas questões fundamentais a respeito do futuro da criança, como suas conquistas acadêmicas e os valores que os pais desejam que o filho adquira.

É imprescindível que os pais conheçam o projeto pedagógico da escola e os espaços que o filho vai experimentar no dia a dia, além de ter uma boa conversa com o coordenador. Se possível, vale comparecer a eventos, conversar com outros pais e ver se os olhos dos alunos brilham
Ana Paula Murano, professora do curso de pedagogia da Universidade São Judas

Também é fundamental ouvir a opinião da criança ou jovem, especialmente se a decisão de mudar de escola envolve queixas anteriores, sofrimento, isolamento, racismo, bullying ou questões de aprendizagem.

Vale então checar se a escola oferece suporte para essas questões e como pretende fazer o acolhimento, ressalta a psicóloga Bruna Denadai, especialista em terapia cognitivo-comportamental.

Ainda que trocar a escola pareça a melhor escolha, a pedagoga lembra que qualquer mudança é difícil e requer adaptação. Por isso, ela indica que os pais acompanhem todo o processo e lembra que o estudante precisa se sentir bem no novo espaço.

"Ninguém aprende onde não se sente acolhido ou sem encontrar seus pares. E, acredite: os filhos estão muito mais preparados para mudar do que os pais", pondera.

Adaptação tranquila é possível

O processo de transição pode ser mais tranquilo se você observar alguns pontos:

  • Manter um diálogo constante e agir da forma mais natural possível
  • Conversar com a criança sobre a mudança de escola, explicar o motivo e mostrar as novas possibilidades
  • Mostrar que os pais estão presentes e darão todo apoio necessário para que o filho se sinta bem
  • Demonstrar paciência com as possíveis mudanças de comportamento e a nova rotina
  • Transmitir segurança e respeitar o tempo da criança, já que cada um assimila em uma velocidade
  • Participar do dia a dia e de suas escolhas, orientando as crianças.
  • Combinar com a escola a recepção do aluno
  • Ter um funcionário que possa acompanhar o estudante até a sala de aula
  • Deixar o aluno livre para escolher o lugar onde quer se sentar.
  • Na hora do intervalo, é bom acompanhá-lo e, se possível, propor uma atividade para toda a sala

Mas, e se a criança não se adaptar?

Antes, é necessário ter certeza de que isso aconteceu. Veja alguns sinais:

  • isolamento
  • diminuição do diálogo com os pais e amigos antigos
  • falta de vontade de ir à escola
  • deixar de fazer atividades que, antes, eram prazerosas

"É importante os pais ficarem atentos a esses sinais e tentar uma possível conversa com a criança ou adolescente, além de ir à escola para conversar sobre seu comportamento em sala e no recreio, entendendo o que está acontecendo em todo o contexto escolar", aconselha a psicóloga.

Um psicólogo pode ajudar bastante, ainda que muitos pais tenham receio de procurar esse auxílio. "O psicólogo auxiliará esse jovem a ter uma adaptação escolar através de técnicas aplicadas na psicoterapia, modificando os pensamentos distorcidos desta situação", explica.