Mulher estuprada diz que filha suspeitou de anestesista preso: 'Monstro'
Uma das vítimas do anestesista preso por estuprar pacientes durante cirurgias no Rio de Janeiro contou que a filha, sua acompanhante, suspeitou da falta de consciência da mãe após a retirada do útero, questionando o médico Andres Eduardo Oñate Carrillo. Na ocasião, ele teria afirmado que usou mais anestésicos que o comum devido ao "prolongamento" do procedimento.
"Eu não estava nem conseguindo falar quando eu voltei. Eu lembro que a minha filha ficava fazendo perguntas para mim e perguntou: 'Por que a minha mãe está assim?'. Aí o doutor falou: 'tem tipos de cirurgia que a gente tem que dar um pouco mais de anestesia porque é prolongada, como foi a cirurgia da sua mãe", afirmou a mulher violentada, que preferiu não se identificar, em entrevista à TV Globo.
Eu estava, por assim dizer, 'morta' em cima de uma mesa. Para ele chegar e não ter uma consciência que é um paciente que está ali, que vai ser operado, que, na mesa de cirurgia, pode morrer. Que consciência é essa? Ele estudou o quê? Para ser bicho, para ser monstro, ou ele estudou para ser médico? Porque, para mim, um homem desses não é médico não, para mim uma, pessoa dessas é um monstro.
A mulher estuprada passou pela cirurgia no Complexo Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão da UFRJ e disse que demorou 2 horas para começar a recuperar os sentidos no pós-operatório. Em nota a Universa, a universidade informou que, na época do crime, Andres fazia um curso teórico-prático, semelhante a uma especialização. Ele deixou a unidade de saúde em 2021.
Ele teria feito outra vítima no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, durante uma laqueadura. O colombiano deixou de atuar na unidade em setembro de 2021.
- Leia também: Colombiano e noivo de médica, quem é o anestesista Andres Oñate, investigado por estuprar pacientes
Além das vítimas adultas estupradas enquanto sedadas, Andres também é investigado por armazenar material pornográfico de crianças e adolescentes. Das 20 mil mídias de pedofilia encontradas na nuvem de dados do profissional de saúde, várias teriam sido gravadas pelo anestesista, que criou um perfil falso nas redes sociais se passando por um adolescente para conquistar a confiança das vítimas.
Segundo o delegado Luiz Henrique Meirelles, responsável pelo caso, ele pedia que as crianças gravassem vídeos e afirmava que "pediria para seu pai comprar alguma coisa".
"A identificação das vítimas foi possível pelas informações de metadados nos vídeos em que aparecem os estupros. Os hospitais também colaboraram passando informações. Com as características das vítimas, o horário e conjugando com os metadados, foi possível identificar as vítimas e chamá-las à delegacia para depoimento. Elas confirmaram a identificação e ficaram cientes do estupro", explicou o titular da Delegacia da Criança e do Adolescente.
De acordo com o delegado, em entrevista à TV Globo, Andres teria confirmado que tem compulsão por ver, produzir e armazenar vídeos de pornografia infantil. E, sobre o estupro das pacientes, ele teria dito que "escolhia o melhor momento" para os abusos, que aconteciam quando eles estavam sozinhos.
O médico foi encaminhado ainda ontem para o presídio de Benfica.
Entenda o caso:
- Andres Oñate, 32, foi preso ontem suspeito de estuprar pacientes em hospitais do RJ.
- Ele começou a ser investigado em 2022, quando a Polícia Federal encontrou 20 mil arquivos com pedofilia em seus computadores.
- No meio da "coleção" estavam dois vídeos com os abusos cometidos durante cirurgias.
- Os estupros aconteceram em 2020 e 2021 e as vítimas já foram identificadas.
- A polícia não descarta mais vítimas e ainda faz buscas.
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