'Ele quis usar coleira na rua': dominatrix abre estúdio e revela fetiches
"Todo mundo tem um fetiche, uma tara, um desejo. Algumas pessoas escolhem realizar, outras não estão preparadas." Para as que já sabem bem o que querem, Mel Fire, de 31 anos, decidiu investir em um estúdio focado em dominação e fetiche na zona sul de São Paulo.
Ela é uma dominatrix — ou seja, uma pessoa especializada na arte de dominar sexualmente o parceiro em práticas que envolvem controle físico e psicológico — há 8 anos. Na carreira, já viu de tudo.
"As pessoas acham que fetiche é uma coisa meio '50 tons de cinza', mas é um mundo bem maior do que isso. Vai desde a parte psicológica, alguns envolvem dor. Mas não é só isso. As pessoas vêm realizar fantasias", explica.
A dominatrix já trabalhou em diversos países e começou sua carreira quando morava em Londres. Ao longo dos anos, colecionou histórias estranhas.
Tudo o que você imaginar já me pediram. Teve um homem que pagou uma sessão cara, de uma hora, para olhar para minha cara. Só isso. Foi superesquisito, até hoje não entendi o que aconteceu
Em outra ocasião, um homem que gostava muito de pés pediu para ser levado — em uma coleira — de uma loja de sapatos, na Rua Augusta, até seu carro. O mesmo pedido já foi feito por clientes de fora do Brasil, segundo ela.
Ele me levou na loja e queria me servir lá dentro. Ele ajoelhava, colocava os sapatos para eu provar. E depois quis ser levado por mim, usando a bota, de coleira pela rua
Aliás, a tara por pés é uma das campeãs, segundo relata. Tem até nome: podolatria. Quem gosta dessa modalidade capricha nos presentes: Mel diz receber, quase toda semana, pares de sapato.
Quase todas as pessoas que eu atendo têm envolvimento com os pés, gostam de interagir. E o que está sendo muito procurado, porque quase ninguém faz, é o fetiche de luta, também conhecido como wrestling
Ele consiste na dominação no tatame, de forma proposital, pela mulher, e finalização como numa arte marcial. Mel é lutadora de jiu-jítsu. "No exterior é muito comum e aqui está sendo um sucesso."
Políticos e famosos
Pessoas poderosas, com altos cargos em empresas e muito dinheiro, já procuraram os serviços, segundo conta.
Já tive políticos, pessoas famosas, que querem lavar o chão, apanhar, ser humilhado. É uma troca de papel que tem uma psicologia interessante de analisar
Ela não revela nomes: "sigilo total".
Tatame e sala médica
O estúdio que Mel vai inaugurar oficialmente no dia 3, em Moema, na zona sul de São Paulo, terá desde a clássica sala vermelha — um espaço escuro, com luzes avermelhadas, correntes e aparatos da dominação — até um tatame de lutas.
Em breve, uma "sala médica", com utensílios fetichistas e fantasias, também estará disponível.
Além das salas temáticas, o espaço vai contar com um estúdio de tatuagem e um bar. Mel tem a sua própria cerveja IPA comercializada no local e feita — veja só — com mel.
Outro fetiche também procurado é a inversão, quando o homem é penetrado sexualmente pela mulher.
Três regras
Entre quatro paredes, vale tudo? Quase. "Existe uma regra no mundo da dominação em que as práticas têm três princípios: precisam ser seguras, as pessoas precisam estar em sã consciência e deve haver consenso entre todos os envolvidos", explica.
Segundo ela, os homens procuram mais pelos serviços — mas mulheres e casais também se interessam.
Boa parte das pessoas que buscam a dominação são casadas ou têm um relacionamento. "São pessoas que têm medo de revelar a fantasia para a parceira e procuram um profissional para realizar isso."
Os valores também variam de acordo com a duração e outros fatores, mas podem ir de R$ 450 a R$ 2 mil por sessão.
Interesse não é no ato sexual
Além dos serviços prestados por ela, a dominatrix também trabalha com outras meninas no local. "Os clientes falam com quem querem o serviço, e eu vejo se elas estão disponíveis. Às vezes pedem duas dominadoras, três meninas, cinco, seis." O estúdio só funciona sob agendamento prévio.
Mel explica que o nicho de dominação, ao contrário do que muitos pensam, não tem relação com prostituição.
É totalmente diferente, é para pessoas que não estão interessadas no ato sexual em si
E nem toda sessão tem uma finalização sexual, como a masturbação. "Às vezes o cliente só quer ficar lá, uma hora, com os pés. É muito mais psicológico e profundo do que o ato sexual em si."
Leve o fetiche para casa
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