Ator da Globo é criticado por separação; entenda o que é 'aborto paterno'
O fim do casamento do ator Luis Navarro, que interpreta Mark na novela Todas as Flores, e da dançarina e ex-bailarina do Faustão Ivi Pizzott trouxe à tona um termo já conhecido nas redes sociais: o aborto paterno.
Os dois são pais de Kali, que tem 4 anos, e Zuri, que tem apenas 4 meses. O anúncio da separação e a idade da caçula do ex-casal fizeram com que Luis recebesse muitas críticas.
O que significa aborto masculino?
A expressão diz respeito, na verdade, ao grande número de homens que abandonam filhos e mães e deixam a obrigação de criar a criança sob responsabilidade apenas da mulher.
Quem usa o termo afirma que ele é uma provocação: enquanto o tema aborto desperta discussões acaloradas, o abandono paterno não recebe a mesma atenção.
Há uma quantidade muito grande de mães criando filhos sozinhas. E sobre isso nada é falado. Já sobre a escolha da mulher grávida abortar ou não o debate ganha até contornos de fanatismo.
Debora Diniz, antropóloga, pesquisadora da Anis (Instituto de Bioética) e ativista pró-legalização do aborto
Origem da expressão
- O termo aborto masculino surgiu nos Estados Unidos;
- Lá, onde a interrupção da gravidez é legalizada em alguns estados, grupos que se dizem ativistas pelos direitos dos homens se reuniram para exigir que o mesmo amparo legal fosse concedido a eles, o de abrirem mão da paternidade;
- A reivindicação, no entanto, não recebeu suporte da legislação;
- No Brasil, o termo foi adaptado à nossa realidade. Como o aborto ainda é crime por aqui, tanto para quem pratica e quanto para quem dá qualquer suporte à prática, a intenção é mostrar a contradição no peso que se dá à obrigação de uma mãe em comparação à do pai.
Aborto x abandono
No direito de família, o termo correto a ser usado é abandono parental. São conceitos que não se assemelham propriamente, muito embora a palavra aborto seja utilizada, neste caso, para ilustrar o quanto a sociedade reprova interromper a gravidez da mulher, mas não questiona nem discute o fenômeno do abandono parental.
Ouço sempre essa comparação, pessoas dizendo que há pais que abortam. Mas não dá para comparar. Abandonar é muito pior do que abortar. No abandono, a criança está viva, pensando, sendo negligenciada e sofrendo a rejeição.
Charlene Borges, defensora pública federal e coordenadora do grupo de trabalho Mulheres, da Defensoria Pública da União
*Com reportagem de Camila Brandalise, publicada em 23/08/2018
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