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'Sou mais seletiva que jovens, estudo a pessoa': a vida de '50tões' em apps

Cristina, de 56 anos, namorou por dois anos com um homem que conheceu no aplicativo - Arquivo Pessoal
Cristina, de 56 anos, namorou por dois anos com um homem que conheceu no aplicativo Imagem: Arquivo Pessoal

Camila Corsini

Do Universa, em São Paulo

29/01/2023 04h00

Os aplicativos de paquera, comuns entre os jovens, também conquistam um público mais maduro — e mais exigente —- para o amor. A Universa, a professora Cristina Marques, de 56 anos, divorciada, conta sua experiência com apps de relacionamento, os cuidados e filtros que usa para encontrar um companheiro.

"Sabia que existiam os aplicativos de relacionamento, mas tinha um pouco de receio por causa da segurança. Não tenho como saber quem é a pessoa do outro lado até, de fato, marcar um encontro.

Na minha idade, a gente já é bem mais seletivo. A gente estuda mais, pesquisa mais, conversa mais

Quando baixei, no dia seguinte, conheci uma pessoa. Nos encontramos e tivemos um relacionamento de dois anos. Depois, descobri que ele era amigo do meu irmão e de um amigo de infância. Isso me deu segurança, mas acabou não dando certo.

Quando voltei ao aplicativo, conheci outra pessoa, que não morava no Brasil. Ele me passou telefone, conversamos pelo WhatsApp. Logo depois veio a pandemia. Passamos três anos conversando e fazendo chamada de vídeo.

Há poucos dias, dei um basta. Foi um relacionamento intenso, de falarmos o dia inteiro, de hora em hora.

'Olhar estranho'

Com algumas pessoas, quando falo que estou nos aplicativos, dá para perceber o olhar estranho. Outras dão risada. Muita gente acha que, por eu estar nos aplicativos, não estou procurando uma coisa séria. Que estou querendo aventura, algo casual.

Estou ali por opção minha. Se estou procurando a pessoa certa no lugar errado, é um problema meu

Acho que tem várias pessoas nesta mesma situação que eu. Todos do meu grupo são casados. Onde eu vou sair? Sozinha? Com alguém muito mais novo? Não me sinto à vontade. Então, achei mais fácil e prático recorrer aos aplicativos.

'Perfis falsos e cuidado'

No geral, tive boas experiências com aplicativos. Mas também já me deparei com perfis falsos. Tem homem que fala que é de fora, estrangeiro, e não quer trocar telefone — só e-mail. Aí já acho esquisito. No desenrolar da conversa, se não tomar cuidado, você cai na lábia.

Já me deparei com uns três ou quatro com quem comecei a conversar. Para um deles, fui atrás de redes sociais e, no detalhe, vi que não condizia com o que o cara falava para mim.

Como já me deparei com esse tipo de perfil golpista, sinto que fiquei com o olhar mais apurado e um pé atrás.

'Não quero vários ao mesmo tempo'

No começo, eu abria o aplicativo a qualquer hora, mas comecei a conversar com algumas pessoas e troquei telefone, então já não entro mais tanto lá.

Minha questão não é ter várias pessoas ao mesmo tempo. Se me identifiquei, prefiro desenvolver para ver se vale a pena, se sustenta o diálogo

Em geral, eu procuro alguém com uma idade compatível com a minha — no máximo, uns dois anos para mais — e a questão financeira igual ou para mais também. Se ele escreveu um perfil e os ideais batem com o meu, ok.

Uma coisa que já descarto de vez é a questão de ser fumante. Não gosto. Meu ex-marido era e sei como não é agradável. E o visual conta muito, é o primeiro impacto, nosso cartão de visita. Mas, sozinho, o visual não sustenta.

Não procuro diversão: gostaria de conhecer uma pessoa e ter um relacionamento mais maduro, sério."

Jovens - Photo by Cristian Dina from Pexels - Photo by Cristian Dina from Pexels
Pessoas acima de 55 anos dizem não se importar em conhecer pessoas mais jovens
Imagem: Photo by Cristian Dina from Pexels

Cinquentões mais exigentes

Segundo uma pesquisa divulgada pelo aplicativo Par Perfeito, a paquera não é a prioridade das pessoas solteiras com mais de 55 anos. Metade dos solteiros nessa faixa etária afirmou que viajar está no topo da lista de preferências e apenas 30% dizem ter como prioridade casar ou encontrar um parceiro fixo.

Os solteiros acima de 55 anos também são mais exigentes em relação à condição financeira do parceiro, à religião e aos cuidados com a saúde — na comparação com os mais jovens.

Já em relação à idade, a maioria (84%) dos entrevistados com mais de 55 anos afirmam que não teriam preconceito em namorar pessoas mais novas.

O levantamento ouviu 3,2 mil solteiros de diferentes faixas etárias, condições socioeconômicas e regiões do Brasil. Foram entrevistados tanto usuários de aplicativos quanto aqueles que não estão nas plataformas.