'Filmavam como se fosse crime': vibradores grátis causam fila em Natal
Que o brasileiro gosta de fila, não é surpresa para ninguém. Dessa vez, porém, um motivo nada convencional provocou uma longa espera que lotou uma calçada de Natal.
Não era banco, nem lotérica: centenas de mulheres foram até um sex shop na capital do Rio Grande do Norte na segunda-feira atrás de um vibrador para chamar de seu.
A distribuição gratuita de mil unidades do brinquedinho erótico — o modelo golfinho — "causou" no bairro de alto padrão onde a loja fica localizada.
"Passavam na rua e filmavam a gente como se fosse um crime, querendo expor o que estávamos fazendo ali", contou a estudante de pedagogia Monique Silva, de 25 anos, que foi à loja no bairro Tirol em busca do seu "golfinho".
Por masturbação ser um tabu para mulheres, algo visto como discriminatório, pensamos que ia ser 'pegou, saiu'. Nos chocamos quando vimos a fila
Monique Silva
Monique ficou cerca de 1h30 na espera. Neste tempo, conversou com outras mulheres — desconhecidas e até amigas, que encontrou por acaso — sobre vida sexual, vergonhas e a grande procura por vibradores.
"Ouvi relato de outras amigas, que postaram nas redes sociais, e sofreram hates de outras mulheres. Falando que não podia usar. Para mim, é normal. A mulher deve se conhecer e ser protagonista do próprio prazer."
Monique revelou que nunca usou vibrador e viu, nessa distribuição, uma oportunidade para testar. "É importante as mulheres terem essa liberdade diante de um ato íntimo, de você com você se conhecendo", completa.
Para Fernanda Lima, proprietária da Ponto G, a movimentação foi uma surpresa e tomou uma proporção não esperada. Segundo ela, a intenção era de que a ação de distribuição dos mil vibradores durasse um mês — no fim, saíram todos em 12 horas.
Sexo é tabu, vibrador é tabu. Não achei que as mulheres estariam tão dispostas a ponto de enfrentar uma fila para pegar um vibrador. Às 7 horas da manhã, já tinha gente na porta
Fernanda Lima
"As mulheres duvidam do potencial de um vibrador. Sei disso porque eu também duvidava. Muita gente acha que o prazer tem de vir por meio de um homem, associam o prazer da mulher ao pênis do homem", explica Fernanda.
A oferta foi para mulheres com mais de 18 anos. "Quando uma mulher conhece o próprio corpo, ela fica independente. Ela sabe o que gosta, o que não gosta e até as relações ficam diferentes."
Vibradores para experimentar
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