Topo

'Filmavam como se fosse crime': vibradores grátis causam fila em Natal

Fernanda Lima, dona da loja, ficou surpresa com a movimentação - Arquivo pessoal
Fernanda Lima, dona da loja, ficou surpresa com a movimentação Imagem: Arquivo pessoal

Camila Corsini

De Universa, em São Paulo

09/02/2023 13h15

Que o brasileiro gosta de fila, não é surpresa para ninguém. Dessa vez, porém, um motivo nada convencional provocou uma longa espera que lotou uma calçada de Natal.

Não era banco, nem lotérica: centenas de mulheres foram até um sex shop na capital do Rio Grande do Norte na segunda-feira atrás de um vibrador para chamar de seu.

A distribuição gratuita de mil unidades do brinquedinho erótico — o modelo golfinho — "causou" no bairro de alto padrão onde a loja fica localizada.

"Passavam na rua e filmavam a gente como se fosse um crime, querendo expor o que estávamos fazendo ali", contou a estudante de pedagogia Monique Silva, de 25 anos, que foi à loja no bairro Tirol em busca do seu "golfinho".

Por masturbação ser um tabu para mulheres, algo visto como discriminatório, pensamos que ia ser 'pegou, saiu'. Nos chocamos quando vimos a fila
Monique Silva

Monique ficou cerca de 1h30 na espera. Neste tempo, conversou com outras mulheres — desconhecidas e até amigas, que encontrou por acaso — sobre vida sexual, vergonhas e a grande procura por vibradores.

"Ouvi relato de outras amigas, que postaram nas redes sociais, e sofreram hates de outras mulheres. Falando que não podia usar. Para mim, é normal. A mulher deve se conhecer e ser protagonista do próprio prazer."

Monique revelou que nunca usou vibrador e viu, nessa distribuição, uma oportunidade para testar. "É importante as mulheres terem essa liberdade diante de um ato íntimo, de você com você se conhecendo", completa.

Modelo oferecido para clientes era o "golfinho" - Divulgação - Divulgação
Modelo oferecido para clientes era o "golfinho"
Imagem: Divulgação

Para Fernanda Lima, proprietária da Ponto G, a movimentação foi uma surpresa e tomou uma proporção não esperada. Segundo ela, a intenção era de que a ação de distribuição dos mil vibradores durasse um mês — no fim, saíram todos em 12 horas.

Sexo é tabu, vibrador é tabu. Não achei que as mulheres estariam tão dispostas a ponto de enfrentar uma fila para pegar um vibrador. Às 7 horas da manhã, já tinha gente na porta
Fernanda Lima

"As mulheres duvidam do potencial de um vibrador. Sei disso porque eu também duvidava. Muita gente acha que o prazer tem de vir por meio de um homem, associam o prazer da mulher ao pênis do homem", explica Fernanda.

A oferta foi para mulheres com mais de 18 anos. "Quando uma mulher conhece o próprio corpo, ela fica independente. Ela sabe o que gosta, o que não gosta e até as relações ficam diferentes."

Vibradores para experimentar

Vibrador Pretty Love

Vibrador golfinho

Vibrador e sugador Zatla

Vibrador varinha Luna

Rodapé content commerce -  -