Ministra diz que aborto não está na pauta de Lula e não cabe a ela opinar
A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, afirmou hoje em participação no UOL Entrevista que a discussão sobre a descriminalização do aborto no Brasil cabe ao Congresso, e que não é uma das prioridades da pasta no governo do presidente Lula (PT).
Não [há discussão]. É uma discussão que efetivamente vai se dar no Congresso. É o Congresso que vai debater, vai alterar a lei, avançar. Espero que avance, mas efetivamente, o governo tem a função de cumprir a lei e executar. O que precisamos garantir e executar é o que já existe na legislação na questão do aborto legal, em três casos: estupro, risco da vida das mulheres e anencefalia do feto.
Cida Gonçalves ao UOL Entrevista
Ela disse ainda que sua opinião pessoal sobre o assunto não é relevante. "Quando você passa a ser ministra, você passa a representar um governo, suas opiniões pessoais você tem que deixar em algum lugar", afirmou.
A ministra contou que Lula pediu que a prioridade seja reduzir o número de feminicídios no Brasil. "A cada mulher que morre, e são sete por dia segundo o Fórum de Segurança Pública, são sete corpos na porta do ministério", declarou.
'Nunca vou tratar Janja só como primeira-dama'
Cida Gonçalves também contou como é sua relação com Janja Lula da Silva. "A Janja é militante. Digo sempre que nunca vou tratá-la como primeira-dama, ela tem outra função, de nos ajudar a construir as políticas, porque ela vem desse lugar, do PT, do movimento das mulheres, da gestão, conhece os processos", disse.
Ela não é uma pessoa que fica parada, tomando chazinho às 5 da tarde. Ela tem muita a contribuir para todas as políticas no Brasil, e quando quiser contribuir com o ministério, a porta está aberta.
'Penso em Eliza Samudio todos os dias'
A ministra também contou que o assassinato de Eliza Samudio pelo goleiro Bruno foi o caso que mais a marcou em todos os seus anos trabalhando no combate à violência contra a mulher.
"É uma coisa permanente, me lembra todos os dias que as mulheres só querem salvar seus filhos e morrem da maneira mais cruel", disse.
Precisamos lutar para as mulheres não morrerem. E vivas, para serem empoderadas, terem salário, dignidade, condições e autonomia. Autonomia econômica, financeira, de decidir sobre sua vida, seu corpo, suas condições. Para a gente pensar as mulheres como cidadãs e sujeitas de direito.
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