Jovem denuncia perseguição e ameaças de homem que conheceu online
Uma estudante de 23 anos procurou a polícia após passar quase um ano sendo virtualmente perseguida por um homem que conheceu nas redes sociais.
A rotina de ameaças foi iniciada ainda no mês de maio de 2022. E o terceiro —e mais recente— boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado hoje, um dia após a jovem decidir compartilhar o assunto nas redes sociais.
Em menos de um dia, a história ultrapassou as 700 milhões de visualizações no Twitter.
Em entrevista ao UOL, a jovem contou que as primeiras investidas do suspeito ocorreram em maio de 2022 pelo Instagram. Ele ofereceu R$ 100 em troca de uma foto do pé dela. Após a "transação", ele continuou a procurar a garota.
"Pensava que ele era só uma pessoa solitária e continuei falando com ele, mas deixando claro que eu não queria nada. Eu nunca enviei absolutamente nenhuma foto íntima nem nada do gênero para ele. Ele continuava me mandando dinheiro mesmo após eu falar para ele parar de fazer isso, que não queria dinheiro dele, que eu só queria que ele parasse de me incomodar", afirma.
Incomodada, a jovem decidiu bloquear o contato dele.
"Foi aí que começou o inferno. Ele criou já diversas contas nas redes sociais. Eu bloqueava e ele criava novas. Foi aí que ele começou a me ameaçar, a falar que sabia onde eu morava, onde eu trabalhava, onde eu malhava, que sabia tudo de mim, que ele iria me sequestrar, me matar, me esquartejar, que ele iria fazer coisas inimagináveis comigo", recorda.
As ameaças, registradas em prints e entregues à polícia pela jovem, variavam. Em alguns momentos, o suspeito mandava fotos de armas ou de um homem com uma faca. Em outros, ele pedia desculpas e dizia que só queria a atenção dela.
O homem também enviou para a jovem fotos do prédio em que ela trabalhava e o endereço dela, além de continuar fazendo transferências e enviando presentes por correio. Ao continuar sendo bloqueado, ele teria criado uma conta falsa com fotos dela em um site de prostituição.
"Comecei a receber mensagens de pessoas falando que tinham visto meu anúncio", conta.
Laura conta que demorou a fazer a denúncia porque já tinha procurado a polícia no ano de 2019 para registro de um boletim de ocorrência e não queria passar pela mesma situação novamente.
"Foi horrível ter que vivenciar aquilo na delegacia. Fiquei enrolando, achando que ele estava somente falando e que não ia acontecer nada, mas a situação começou a escalonar e piorar em um nível que ele conseguiu travar meu iPhone, porque ele mandava tanta coisa, ficava tentando hackear minhas contas, meu celular começou a travar", recorda.
A jovem também demorou a expor o caso nas redes por saber que o assunto logo levantaria a opinião de terceiros no tribunal da internet.
"Sei que pode ter julgamento pela questão do dinheiro, mas a questão é que eu não quero esse dinheiro. Devolverei tudo. Só deixo aqui porque ele também é uma prova", conta, sem detalhar o valor recebido.
Apesar de procurar a delegacia, a jovem não conseguiu uma medida protetiva contra o suspeito porque nunca teve um relacionamento com ele e nem é da mesma família do homem.
Agora, ela conta com a ajuda da defensoria pública para buscar essa medida por meios judiciais.
"Ele não fez nada fisicamente contra a minha pessoa, mas uma pessoa que coloca o meu número em um site de prostituição, que fala todas essas barbaridades, que já tem processo de ameaça nas costas, que já me mandou vídeo com uma faca? Ele pode ser capaz de em algum momento ir para os 'finalmentes', de, em um surto, chegar e fazer alguma coisa. Eu estou com muito medo", afirma.
O UOL tentou contato com o suspeito por pelo menos cinco números de telefone diferentes usados por ele para fazer as ameaças, assim como pelos emails criados para que ele se passasse por ela, mas não recebeu retorno sobre o assunto até o momento.
A Polícia Civil também foi procurada para informar sobre o trâmite das investigações, mas não retornou até o momento.
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