Não é só você... Folia mexe mesmo, e casais brigam mais no Carnaval
Já rolou com você de receber um pedido de 'tempo' pouco antes do Carnaval? Percebeu que as brigas aumentaram nos últimos tempos? Há ainda aqueles que começam a refletir se gostariam mesmo de estar acompanhados em meio ao clima de "ninguém é de ninguém".
O Carnaval representa liberdade de comportamento. É quando as pessoas costumam extravasar sentimentos, paixões e fantasias
Sergio Savian, terapeuta
Segundo ele, questões como "eu não tenho o direito de cair na farra?" ou "eu quero mesmo um relacionamento sério?" podem estar latentes o ano todo, mas costumam ganhar força quando estimuladas pelo clima carnavalesco.
"Pouca razão e muito tesão é o que impera nos dias de Carnaval", diz.
A psicanalista e escritora Regina Navarro Lins afirma que, nesses dias, é impossível não perceber a excitação brilhando no olhar das pessoas. "O Carnaval parece funcionar como um período em que homens e mulheres dão uma trégua à censura que se impõem durante o ano. Há mais coragem para experimentar o sexo casual. Só não vale se esquecer da camisinha."
Para a psicoterapeuta especialista em psicodrama Cecília Zylberstajn, assim como o Natal e o Ano Novo geram reflexões sobre os caminhos que nossa vida está tomando, o Carnaval também faz pensar.
Mas nada disso significa que todo mundo está propenso a procurar um outro alguém para uma aventura de Carnaval. Essa possibilidade tem mais a ver com a forma como os casais encaram a própria relação do que com a data.
Se você está feliz com o relacionamento, não irá questioná-lo, mas ele pode trazer à tona frustrações que já existem"
Cecília Zylberstajn
De acordo com a psicóloga e sexóloga Maria Claudia Lordello, da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo), antes de partir para implicâncias, gritos e lágrimas, homens e mulheres precisam conversar.
"Cada casal tem suas próprias regras e normas de conduta, ainda que implícitas. Na hora de combinar o que vão fazer ou não durante o Carnaval, elas devem vir à tona", diz.
Para cada pessoa, a infidelidade tem um significado: para alguns, é quando um dos parceiros faz sexo com outra pessoa; para outros, um beijo ou corresponder a um olhar já configura traição. Há ainda quem acredite que classificar uma relação extraconjugal como traição é um erro e defenda que todos têm o direito de viver experiências com sexuais com mais parceiros.
"Isso depende, obviamente, do respeito que cada um tem pelo parceiro, pelo relacionamento e pelas próprias escolhas. Mas abrir o jogo sobre medos e dúvidas ajuda a criar uma sensação confortável de segurança", conta a psicóloga Sandra Samaritano.
Discutir a relação às vezes é chato, mas necessário.
Cecília Zylberstajn diz é preciso levar em consideração o histórico do relacionamento. Se as discussões já vêm de outros Carnavais e todo ano o mesmo drama se repete, o casal tem um impasse que precisa resolver e que costuma ser varrido para baixo do tapete.
"O feriado é uma espécie de prova de fogo, mas há uma crise que deve ser solucionada e que passa por outras questões", diz a psicóloga.
Nem todo casal que sente vontade de "ficar" com outras pessoas entra em crise no Carnaval. Você pode tentar o chamado "passe livre", quando ambos façam o que bem entenderem durante os dias de folia. E sem culpa.
"Relações baseadas em valores morais rígidos podem se romper quando se veem ameaçadas por traições. Mas as flexíveis podem sobreviver", diz Savian, que acredita ser melhor essa opção que a hipocrisia.
"Se é consensual, os dois têm os mesmos direitos e vontades, não há uma quebra de contrato de relação monogâmica", diz Zylberstajn. "Mas as pessoas podem terminar também, por imaturidade ou por perceberem que não era o momento de assumir um compromisso."
Para a psicóloga, terminar o namoro antes do Carnaval e reatar logo depois pode ser uma tentativa de driblar o contrato monogâmico. A festa vira o estopim de algo que já era insatisfatório.
Mas a desconfiança abala uma relação se surge de uma desculpa inventada por uma parte que quer se divertir enquanto a outra preza a fidelidade. "O melhor é sempre a verdade ou a flexibilidade para aceitar que o outro pode se divertir sem você", diz Savian.
* Com informações de texto publicado em 16/02/2012
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