'Queria um preto para chamar de meu dengo': app ajuda no match certeiro

A estilista Suellen Santos, de 29 anos, e o vendedor Alexandro Clemente, de 38 anos, se conheceram em novembro de 2022, em um espaço pouco comum: um aplicativo de relacionamento para pessoas negras.

O afeto e a identificação foram tão imediatos que, hoje, três meses depois, eles já pensam no casamento. A Universa, Suellen contou sua história com Alex e a importância de um relacionamento afrocentrado.

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'Preto entende preto'

"Estava solteira há mais de três anos e decidi entrar no aplicativo [Denga, lançado no ano passado, voltado para pessoas negras] em novembro, justamente pela proposta de encontrar um preto para chamar de meu.

Entrei no app com a expectativa de conhecer mais pessoas pretas. Claro, queria um relacionamento, sair com alguém. Mas, a princípio, queria me afrocentrar mais.

Parto do princípio de que preto entende preto. As dores, as situações. Nos fortalecemos mais. Qualquer coisa que a gente passa é muito mais fácil dividir com uma pessoa preta porque ela vai saber entender.

Uma mulher preta, quando tem um relacionamento com um preto, é tratada diferente. Tem o contexto de reparação histórica

Um dia, resolvi ligar o aplicativo na loja em que eu trabalhava.

De repente, apareceu uma mensagem dele dizendo que eu era uma mulher de sorte. Achei presunçoso, mas gostei da atitude.

Direta e reta

Na minha bio, estava bem explicado o que eu queria: um relacionamento sério, para casar. Sendo bem específica, acredito que já dei uma boa filtrada nos contatos.

Nós conversamos um pouco no aplicativo e partimos para o WhatsApp. Combinamos de nos encontrar.

Ele foi a primeira pessoa que eu conheci por app de relacionamento e encontrei pessoalmente. Nossa conexão foi imediata, eu já conseguia ouvir até a marcha nupcial

Poucos dias depois, ele me levou a uma festa de família e me apresentou como namorada — mesmo sem ter pedido ainda. Fiquei bem feliz com isso. Ele também conquistou minha filha de cara.

No fim de semana do dia 20 de novembro [o Dia da Consciência Negra], fui pedida em namoro. Foi uma data bem intencional e de uma força especial.

O Alex era um solteirão convicto: morava sozinho, estava na sua melhor fase. Não achei que ele iria querer namorar tão cedo. De uma hora para outra, ele simplesmente mudou

Experiências anteriores

Antes, já tinha usado outros aplicativos, mas nunca encontrei ninguém. As conversas se iniciavam normais e logo partiam para um âmbito sexual que eu detestava.

Uma vez encontrei um cara e tivemos uma conversa que ficou mais intensa, duradoura. Combinamos de nos encontrar, conversamos bastante. Ele era um cara branco e uma vez até perguntou se eu teria algum problema com isso.

Depois de muito tempo conversando, do nada, ele falou que voltaria com a ex — imagino que ela seja branca também. Acho que foi muito melhor assim, porque nosso envolvimento poderia ter sido algo mais rápido e danoso.

Eu estava desacreditada de que iria encontrar um cara preto

Planos de casamento

O que eu e o Alex temos é diferente de tudo o que eu já vivi. Desde o primeiro encontro, não nos desgrudamos mais.

Tudo aconteceu muito rápido. Estamos juntos há três meses, já faz um tempo — mesmo que curto. Mas temos muita certeza

Queremos nos casar e estar juntos.