Tem ministra, bilionária, ativista do aborto: as mulheres do ano da Time
A revista Time divulgou a lista de 12 mulheres do ano. A ministra da Igualdade Racial do governo Lula, Anielle Franco, está entre os nomes, que tem outros grandes destaques da luta por equidade, em diversos campos sociais.
Veja a seguir quem são as mulheres citadas pela publicação norte-americana e o que as fez aparecer na lista.
Anielle Franco
- Anielle Franco é irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018. A ministra passou a ser conhecida devido à luta pelo legado da irmã, como diretora do Instituto Marielle Franco.
- No Twitter, ela comemorou fazer parte da lista da Time. "Estou muito feliz e não chego sozinha, esse reconhecimento não é só meu, é de todas as mulheres negras do Brasil", diz a postagem.
- Nascida em 1985 no Complexo da Maré, Anielle também é educadora, jornalista e escritora.
- Com o assassinato de Marielle, Anielle, que era professora de inglês e jogadora de vôlei, se tornou uma ativista em tempo integral.
- Segundo a Time, o Instituto Marielle Franco produziu relatórios sobre incidentes de racismo, sexismo e violência política enfrentados por dezenas de mulheres políticas negras.
- À revista americana, Anielle disse que pretende, com apoio do governo federal, combater o "genocídio da população negra": "Queremos produzir uma estratégia de trabalho com ações concretas. Não podemos ficar aqui especulando enquanto as pessoas estão morrendo".
Cate Blanchett
- A atriz australiana Cate Blanchett foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, pelo seu papel em "Tár", em que interpreta uma compositora e regente. Ela já acumula sete indicações e se vencer a premiação deste ano, conquistará a sua terceira estatueta.
- Cate ganhou a estatueta na categoria de melhor atriz em 2014 pela sua atuação em "Blue Jasmine", de Woody Allen. Antes disso, em 2005, ela ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela interpretação no filme "O Aviador", de Martin Scorsese.
- Segundo a Time, Cate teve uma infância marcada pelo luto, com a morte repentina do seu pai quando ela tinha 10 anos. A atriz e seus dois irmãos foram criados pela mãe e avó
- Aos 53 anos, Cate ainda é embaixadora da Boa Vontade da ONU (Organização das Nações Unidas) desde 2016, atuando junto à agência de refugiados da organização. "Você pensa: 'As pessoas precisam ver isso e precisam ouvir as histórias dessas pessoas'", disse Cate à revista sobre a situação de crianças refugiadas.
Ayisha Siddiqa
- Aos 24 anos, a paquistanesa Ayisha Siddiqa é defensora dos direitos humanos e da justiça climática.
- Ela é co-fundadora da Polluters Out, uma coalizão global de jovens ativistas.
- Ayisha ainda ajudou a fundar a Fossil Free University, que oferece treinamento para ativistas de justiça climática.
- Na Conferência do Clima da ONU no Egito em 2022, ela compartilhou um poema que critica o fracasso dos líderes em agir sobre a mudança climática.
- À Time, Ayisha destacou que a luta pela justiça climática deve ser estimulada para as próximas gerações. "Eu amo trabalhar com pessoas mais jovens do que eu para transmitir esse conhecimento, para que a corrente nunca se quebre", afirmou.
Angela Bassett
- A atriz americana Angela Bassett, de 64 anos, foi indicada na categoria de melhor atriz coadjuvante pelo filme "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre". Com isso, ela garantiu a primeira indicação de ator da Marvel na premiação.
- Antes, em 1994, ela foi indicada na categoria de melhor atriz pelo filme "Tina - A verdadeira História de Tina Turner".
- Angela interpreta a Rainha Ramonda na continuação de Pantera Negra. Ela dá vida a uma personagem que sofre pela perda do filho enquanto lidera o seu povo.
- À revista, a atriz afirma que a experiência de interpretar mulheres que incorporam muitos papéis ao mesmo tempo, a ajudou a entender que "está tudo bem" não dar conta de tudo.
- "As mulheres são chamadas a serem esposas, irmãs, amigas, mães, líderes comunitárias, ativistas, e temos isso em nosso âmago", disse ela à Time. "Mas é importante dar a si mesmo primeiro, e então você terá mais para compartilhar com o mundo", complementa.
Ramla Ali
- Ramla Ali é boxeadora profissional e modelo. Ela representou a Somália nas Olimpíadas de Tóquio.
- À Time, ela afirma que o seu próximo objetivo é se tornar campeão mundial. "E eu não vou parar por nada para alcançar isso", disse.
- Em 2018, Ramla ajudou a criar a Sisters Club, organização sem fins lucrativos que oferece aulas de boxe a mulheres que não costumam ter acesso ao esporte, devido a contextos como minorías étnicas ou religiosas.
- Ela também é embaixadora da Unicef no Reino Unido. Quando Ramla ainda era criança, a família de Ramla fugiu da Somália e recebeu asilo na Grã-Bretanha.
- Ramla visitou um campo de refugiados na Jordânia antes da pandemia e pretende fazer viagens semelhantes neste ano, para ajudar a desconstruir o estigma de refugiados. "É importante para mim mostrar que os refugiados também são seres humanos", afirma ela à revista.
Phoebe Bridgers
- A cantora americana Phoebe Bridgers, de 28 anos, teve quatro indicações ao Grammy em 2021, incluindo a categoria de melhor artista revelação.
- Ela se apresentou no Festival Primavera Sound, em São Paulo, no ano passado, quando fez um discurso a favor de as mulheres terem direito a realizar abortos de forma segura.
- Quando vazou um rascunho de uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos contra o direito ao aborto, Bridgers divulgou, em uma publicação no Twitter, que teve um aborto em outubro de 2021.
- À Time, ela defende o poder da sua voz em mensagens como o direito ao aborto. "Espero que isso faça a diferença".
- A cantora também está à frente da gravadora Saddest Factory Records, que impulsiona carreiras de bandas como a Muna.
Olena Shevchenko
- Olena Shevchenko, de 40 anos, é uma ativista ucraniana.
- Ela é cofundadora da organização sem fins lucrativos Insight, com sede em Kiev. A entidade foi criada em 2017 para apoiar mulheres e a comunidade LGBTQI.
- Olena já sofreu sete ataques nos últimos cinco anos. Em um deles, ela descarregava suprimentos para serem distribuídos em uma Kiev devastada pela guerra. A ativista foi surpreendida com um homem que a atacou com spray de pimenta.
- O trabalho dela está concentrado na arrecadação de fundos para comprar itens como hormônios para pessoas transgênero. Ela estima que o valor arrecadado foi de US$ 400 mil em 2022.
- "Você precisa lembrar às pessoas que as mulheres não são pessoas que precisam apenas dar à luz novos soldados e cuidar de nossos heróis", disse a ativista à revista, sobre a luta contra estereótipos de gênero.
Verónica Cruz Sánchez
- A ativista mexicana Verónica Cruz Sánchez, de 52 anos, é integrante e fundadora da rede ativista feminista Las Libres
- Segundo a Time, Cruz atuou para distribuir misoprostol, uma pílula abortiva aprovada pela OMS, na cidade mexicana de Guanajuato, ajudando as mulheres a se sentirem confiantes em sua segurança e inspirando redes semelhantes em outros estados mexicanos.
- Ela faz campanha por organizações de justiça social desde a adolescência e já expandiu o Las Libres para os EUA.
- "Quando as pessoas me dizem que sou louca por correr o risco de ser presa, fico com raiva. O que estou fazendo é a única coisa razoável a fazer", diz Cruz à revista sobre o trabalho em prol dos cuidados às mulheres.
Masih Alinejad
- Masih Alinejad, 46 anos, é jornalista e ativista.
- Segundo a revista, ela é exilada do Irã desde 2009.
- Masih se manifesta contra as restrições do Irã às mulheres, chamando o hijab obrigatório de "o muro de Berlim" do regime.
- Em 2014, ela lançou uma campanha chamada "My Stealthy Freedom", para pedir às mulheres do Irã que se gravassem sem hijabs. Milhares de mulheres aderiram à campanha ao longo dos anos, com a hashtag #WhiteWednesdays.
Megan Rapinoe
- Megan Rapinoe, de 37 anos, é uma jogadora de futebol americana.
- Ela ganhou o prêmio Bola de Ouro de melhor jogadora da Copa do Mundo de 2019, na França.
- De acordo com a Time, a jogadora liderou um movimento que foi adotado por jogadores de outros países, incluindo Canadá e Espanha, inspirando mulheres a exigirem salários iguais.
- Megan jogará a sua última Copa do Mundo neste verão, na Austrália e Nova Zelândia.
Makiko Ono
- Makiko Ono se tornará, em 24 de março, CEO da Suntory Beverages and Food, parte de um conglomerado conhecido por produzir as bebidas Jim Beam e Maker's Mark.
- Com patrimônio de cerca de US$ 10,4 bilhões, a Suntory é a empresa mais valiosa sob liderança feminina no Japão.
- De acordo com a revista, a Suntory pretende que 30% dos gerentes sejam mulheres até 2030. Hoje, elas são apenas 13%.
- "Estamos empenhados em projetar uma carreira para promover mulheres a cargos de gestão", afirma Ono, que passou a sua carreira de quatro décadas na Suntory.
Quinta Brunson
- Quinta Brunson, de 33, anos é uma atriz, escritora e comediante americana.
- Ela é produtora, coautora e estrela da série de comédia Abbott Elementary.
- De acordo com a Time, Abbott Elementary tem sido um grande sucesso, atraindo elogios de críticos e telespectadores.
- A série recebeu sete indicações ao Emmy para séries de comédia e três vitórias este ano: Melhor Roteiro, Melhor Elenco e Melhor Atriz Coadjuvante.
- Brunson, atribui grande parte do sucesso da série e o desenvolvimento de seus personagens à sala de roteiristas, composta principalmente por mulheres.
- "Nós ouvimos uns aos outros sobre o que achamos que torna esses personagens em camadas", afirma ela.
Errata: este conteúdo foi atualizado
O título desta reportagem foi alterado porque o anterior induzia o leitor a entender que o adjetivo bilionária se referia à ministra Anielle Franco. Na verdade, refere-se à Makiko Ono, CEO de uma empresa japonesa. O erro foi consertado, e a matéria atualizada.
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