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Igualdade salarial: como lei que será anunciada por Lula impacta mulheres

07/03/2023 17h42

Em entrevista exclusiva à jornalista Camila Brandalise, do programa Sem Filtro, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), falou sobre o projeto de lei da Igualdade salarial que deve ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na quarta-feira (8), em comemoração ao Dia Internacional da mulher. Tebet explicou que já há punição com multa para empresas que paguem salários diferentes para homens e mulheres na mesma função, mas que não é suficiente. Com a nova proposta, a multa deve ser maior. "Vai resolver o problema? Não. Mas é o pontapé inicial", disse.

Segundo a ministra, para reaver o dinheiro que merece e garantir um pagamento justo, a mulher precisa recorrer ao Judiciário. Mas ela salienta que, com as mudanças na lei, é preciso estimular, também, as empregadas a denunciarem. "É bom que ela se cerque dentro do seu sindicato, junto com outras mulheres, e que elas não tenham medo de entrar na Justiça para reivindicar seus direitos." Com uma multa maior, afirmou, as empresas não se sentirão tão livres para pagar salários diferentes.

Para a atriz, escritora e diretora Maria Ribeiro, colunista de Universa, o Brasil ainda precisa conseguir se organizar de forma efetiva para combater a discriminação contra mulheres e, por isso, não vê a nova proposta com muito entusiasmo.

A gente ainda não fez nem o 'Me Too', que foi o movimento das mulheres contra o assédio. Acho que esse 'Me Too Financeiro' ainda não chegou. Maria Ribeiro

A jornalista Mariliz Pereira Jorge também não se mostrou confiante com o PL, afirmando que há muitos fatores que contribuem para que mulheres ainda ganhem salários menores que os homens, mesmo que exerçam a mesma função e tenham a mesma qualificação. Mariliz citou um estudo feito por uma empresa de recolocação profissional inglesa para reforçar seu ponto.

Mulheres não sabem negociar salários porque são criadas desse jeito e para serem mais passivas. (...) a mulher [é criada] para falar baixo, não perguntar, não convidar para sair e para ser pedida em casamento. Tudo isso é levado para o mercado de trabalho, e a mulher fica esperando receber aumento. Mariliz Pereira Jorge

Além de questões estruturais de machismo e misoginia, a jornalista e também colunista de Universa Cris Guterres argumentou que o racismo faz com que essa questão seja ainda mais sensível e complicada para mulheres negras, que compõem 29% da população brasileira e ganham apenas 44% do salário de um homem branco.

Elas não podem chegar no patrão e dizer que querem ganhar mais mesmo que aprendam a ter essa eficácia de comunicação porque a gente está em um país de estrutura racista. A gente, além de tudo, precisa ter essa faceta de raça colocada na frente para que a gente identifique de que mulheres estamos falando quando formulamos políticas públicas para receberem salários decentes. Cris Guterres

Assista ao Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

Veja a íntegra do programa: