'Silêncio, Murilo está dormindo': turma se une para acolher bebê de aluna
A mensagem na lousa diz "Silêncio. Murilo está dormindo". A turma respeita. Murilo tem só 8 meses e se mistura aos alunos da faculdade de nutrição: tem até jaleco branco e vive rodeado de amigos.
Ele é filho de Nathália Ferreira Rocha, 26, de Passos (MG). A jovem mãe decidiu levar o bebê diariamente para a faculdade onde estuda quando notou que não se sentia confortável em mandá-lo a uma creche.
A rotina de acordar, trocar de roupa, ir até a faculdade e participar das aulas — com o bebê sempre por perto — é compartilhada por Nathália nas redes sociais. Os colegas de graduação e os professores apoiam.
Quando Murilo nasceu, Nathália já fazia graduação em nutrição e correu atrás de uma licença dos estudos. Por 90 dias, ela passou a fazer as provas e trabalhos do curso de forma on-line, mas pensava em como seria o retorno à faculdade depois desse prazo.
A rede de apoio da jovem é pequena: apenas a mãe e uma madrinha de Murilo. O marido e pai do bebê trabalha o dia todo em dois empregos para pagar as contas da família — esse arranjo foi combinado entre os dois antes do nascimento de Murilo.
Foi então que Nathália teve a ideia de levar o bebê com ela para a faculdade.
Quando ganhei o neném, falei com um amigo da faculdade sobre a minha ideia e questionei: 'será que o professor e o coordenador vão liberar a entrada do Murilo, porque não tenho com quem deixá-lo?'. Então, meu amigo conversou com outros estudantes e os responsáveis, que aceitaram desde o primeiro momento.
Apesar da boa aceitação, Nathália tinha medo que seu filho chorasse muito e atrapalhasse os outros alunos. Meses depois, a convivência entre todos se manteve tranquila: os colegas seguram o bebê quando ela precisa terminar uma prova e ficam em silêncio para não acordá-lo.
Segundo a mãe, até esquecem que existe um bebê na turma.
Já formada em técnico de enfermagem, a jovem, que ainda tem um ano de faculdade pela frente, pretende continuar acompanhando o crescimento de Murilo de perto.
"Depois que ele veio, eu tive mais vontade ainda de conquistar coisas, de me formar e estudar. Hoje o meu maior desejo é me especializar em nutrição materno-infantil e continuar falando sobre maternidade, filhos e relacionamento", disse.
'Não conhecem minha rotina'
Nas redes sociais, quando publica vídeos sobre a companhia de Murilo nas aulas, ela recebe várias mensagens de apoio — e, de vez em quando, algumas críticas.
Em um dos vídeos, ficou assustada com as reações.
"Recebo muitas perguntas, sei que as pessoas têm dúvida, mas percebo quando são de maldade e é para criticar e julgar uma mãe. A maioria dos comentários que recebo aqui, me julgando e criticando, é de mães e outros são de mulheres que não têm filhos", contou.
Eu não costumo ler os comentários negativos, mas tem alguns que me afetam mais, como de uma mulher que pegou muito pesado falando que eu estava sendo irresponsável, que não tinha noção nenhuma de ir para um ambiente que não é de criança e que na creche ele seria muito melhor cuidado do que comigo
Depois disso, a estudante chegou a questionar se estava sendo uma boa mãe e conversou com o marido.
"O Luiz [marido de Nathália e pai de Murilo] falou: 'se você quiser levar para a creche, eu te apoio, mas, se está querendo levar porque uma pessoa que não te conhece quer opinar na sua vida, não acho certo'. Depois disso, parei de levar para o coração as mensagens de pessoas que não conhecem minha vida nem minha rotina."
Nathália segue em frente: hoje, conta com 86,6 mil seguidores no TikTok — canal que também serve para conexão com outras mães e troca de experiências sobre a maternidade.
Quero muito ter mais filhos e com certeza sou uma mulher totalmente diferente do que era antes do Murilo
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