Ela perdeu bebê e ficou 10 anos estéril: 'Dois dias entre a vida e a morte'
A gravidez pode deixar as mulheres ansiosas e isso faz com que muitas procurem médicos com os conhecidos "alarmes falsos". Porém, essa não é uma regra. E pode acontecer, sim, de a gestante sentir algo de errado com o seu corpo ou até mesmo com o bebê.
Isso foi o que aconteceu com a empresária Luciene de Oliveira, 51, moradora de São Paulo. A Universa, ela contou detalhes de quando entrou em uma crise de hipertensão, que foi descoberta tardiamente e resultou na perda da sua primeira filha.
"Eu tinha 34 anos. A Luiza foi bem-planejada, desejada. Estava com 23 semanas de gravidez e tinha acabado de passar por exames mais apurados. Tudo estava normal, crescimento, peso. Decidi fazer uma viagem e levei os exames para o meu médico avaliar. Ele me liberou e disse que o melhor momento era aquele. Se eu desejasse viajar grávida ainda, não poderia adiar.
Não tinha histórico nenhum de hipertensão e nem precisava tomar remédio para nada. Meu marido era francês e nosso plano era ficar duas semanas lá. Chegamos e eu já sabia me comunicar muito bem em francês.
Já no terceiro dia, percebi que a bebê não estava mexendo como antes.
Comentei e as pessoas falavam que era cansaço, muitas horas dentro do avião. Eu estranhei, porque ela sempre se movimentava bastante. Isso foi me incomodando. Comecei a apresentar inchaço nas mãos, pés. No quinto dia, uma amiga nossa que morava lá deu à luz e fomos visitar. Falei o que sentia, ela me alertou que não era normal e sugeriu que, já que estávamos dentro de uma maternidade, que desse uma olhada naquela situação.
'Ninguém verificou a minha pressão'
O profissional que me atendeu me colocou no ultrassom. Não sei se era médico ou enfermeiro. Ele viu os batimentos do bebê e constatou que ela estava se mexendo.
Deu uma risadinha e falou que aquilo era coisa de mãe de primeira viagem, que se apavorava com tudo. Eu acreditei no que ele falou. Ninguém verificou a minha pressão e o inchaço piorou. Lembro que estava no verão, um calor muito forte e fui inchando cada vez mais. O meu rosto ficou muito inchado. Só que acreditávamos que era por conta dos dias quentes. Retornei ao Brasil mais inchada ainda, cansada e com um desânimo geral. Falei com minha mãe e ela ficou apavorada, porque eu estava deformada devido ao inchaço.
Fui a uma farmácia e minha pressão já estava 18 por 10. Eu liguei para o médico e expliquei tudo: pressão alta, edema. Ele falou que era por causa da viagem, do avião. Não quis me ver no mesmo dia e falou que eu devia descansar. No dia seguinte, fui novamente a farmácia e a pressão já estava em 19. Só assim, ele percebeu que era algo mais sério e me encaminhou para uma clínica.
Chegando lá, passei por outros exames e o médico que me atendeu ficou bem preocupado. Viu que a bebê estava em sofrimento fetal há certo tempo pela pressão alta (quando o bebê não recebe a quantidade suficiente de oxigênio no útero durante a gestação ou parto).
Além disso, o cordão umbilical tinha fechado e ela estava com dificuldade de se alimentar. Segundo o médico, era muito estranho ela não ter aumentado de peso nas últimas semanas. Fui informada de que eu teria que passar por uma cesariana no mesmo dia.
Entre a vida e a morte
Nisso, comecei a vomitar alucinadamente e a pressão ficava cada vez mais alta. Fui internada e encaminhada para a UTI. A neném se mantinha viva, mas não resistiu ao estresse do parto. Na hora da cesariana, a minha pressão chegou a 25 por 12.
O meu médico nem teve coragem de falar comigo. Perguntei para o anestesista: 'ela morreu, não foi?'. E ele só fez um gesto que sim com a cabeça. Não me despedi dela, passei mais dois dias na UTI entre a vida e a morte.
O médico falou que eu poderia tentar engravidar depois de três meses. Tentava, mas não acontecia. Troquei várias vezes de médico. Depois de dois anos, resolvi procurar especialistas em reprodução humana.
Eu tinha um monte de óvulo, de embrião, era extremamente fértil, mas não engravidava. Cheguei a fazer 13 tratamentos para engravidar, sendo três inseminações. Já estava ficando sem dinheiro. Um médico falou, então, que talvez engravidar não fosse para mim. Passei um tempo desolada até entrar para a fila de adoção e adotar um bebê de nove meses, que hoje está com doze anos.
Ele nos trouxe muita alegria, mas mesmo assim, ainda queria engravidar. Decidi procurar outro especialista. Faço questão de falar o nome, que é o Felipe Lazar, que me deu toda a atenção do mundo.
Logo no primeiro exame, ele percebeu que tinha alguma coisa errada. Parecia ser uma mancha e eu pensei que estivesse com câncer depois de tanto hormônio que tomei para engravidar. Ele me encaminhou para um amigo, especialista em laparoscopia.
Foi então que descobrimos, simplesmente, que na cesariana de emergência, quando perdi minha filha, o médico costurou demais o meu útero. Ele corrigiu esse problema e me deu a oportunidade de engravidar através de uma nova fertilização. Dei à luz aos 43 anos. Hoje o meu filho Luca tem oito anos."
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