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'A gente não vê diversidade na moda', diz mãe de modelo Maju de Araújo

Colaboração para Universa, em São Paulo

21/03/2023 17h04

Nesta terça-feira (21), Dia Internacional da Síndrome de Down, a modelo Maju de Araújo e sua mãe, Adriana de Araújo, participaram do programa Sem Filtro e falaram da diversidade dentro do mundo da moda. Para Adriana, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o ambiente se torne mais diverso. Ela também afirmou que sua filha sempre é a única profissional com síndrome de Down nos bastidores dos desfiles e das campanhas.

"A gente lutou muito para estar ali. A gente não vê diversidade e sabe que ainda tem uma caminhada muito grande para abrir portas para outras pessoas. Fico olhando para os espaços e fico triste porque vejo que a Maju é a única no que ela faz", disse Adriana.

Ela destacou a importância de sua filha poder abrir portas para que outras pessoas também possam se enxergar dentro desses espaços, mas relembrou toda dificuldade enfrentada no início, inclusive, tendo que acionar a Justiça pelos direitos de Maju.

"Tiver que brigar para Maju ser aceita em uma escola de modelo. Eles diziam que não estavam preparados para receberem pessoas com deficiência, mas não têm que estar preparados, são é obrigados a aceitar", disse.

Adriana também afirmou que sua principal briga nesse início de carreira da filha foi por oportunidades. "Queria que ela entrasse por mérito e não por pena ou porque estavam dando uma oportunidade por ela ter deficiência. Ela não estava pedindo favor, só queria a oportunidade de exercer essa função como a profissional que é", completou.

"Falta comprometimento de médicos sobre o tema"

Adriana também revelou que soube da síndrome de Down de Maju apenas no momento do parto e que, por conta do preconceito, o início não foi fácil. Ela também relatou durante o Sem Filtro que os próprios médicos não são preparados para lidar com a situação. "Parece que está decretado que aquela criança não vai conseguir desenvolver muitas habilidades", disse.

Existe dentro desse ambiente [médico] uma falta de comprometimento dos profissionais, eles deveriam estudar melhor sobre o tema, até para falarem e usarem como referências pessoas que são destaques e fazem o que desejam. Adriana de Araújo

Ela fez questão de destacar que, assim como outras pessoas, quem tem síndrome de Down é capaz de realizar e executar diversas tarefas, umas com maior aptidão e outras com menor.

"Tem coisas que sabem fazer porque nasceram para aquilo, e outras coisas que não sabem, como nós", finalizou.

'Maju me ensinou o quanto sou potência e tenho que olhar para mim com amor e admiração'

Durante o Sem Filtro, Adriana revelou que cresceu em um abrigo, sem conhecer seus pais, e por isso sempre teve dificuldades em se sentir capaz e acreditar no seu potencial. Esse cenário, entretanto, mudou com a chegada da filha.

Achava que não era capaz e não tinha perspectiva de futuro. A Maju me ensinou o quanto sou potência e o quanto eu tenho que olhar para mim com amor e admiração, não pelo que foi imposto no passado. Adriana de Araújo

Durante todo esse processo de autoconhecimento ao lado de Maju, Adriana disse que celebra as conquistas da filha também por abrir espaços e caminhos para outras pessoas.

"Maju me fez sentir essa potência por meio do olhar dela, porque ela sempre me mostrou o que queria ser. Existem muitos padrões até hoje, mas a gente conseguiu quebrar essa barreira do capacitismo, preconceito e do padrão velado que existe nesses espaços", finalizou.

Assista ao Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

Veja a íntegra do programa: