Medo, grana incrível e fracasso: Marisa Orth conta como foi apresentar BBB
Marisa Orth lembrou sua rápida passagem pela primeira edição do Big Brother Brasil, em 2002, durante entrevista ao Desculpa Alguma Coisa, videocast de Tati Bernardi para Universa.
"Foi uma experiência boa de fracasso", disse sobre apresentar o BBB. "Fiquei nove dias aparecendo todo dia e, depois, me colocaram fazendo entrevista, sobrei."
Marisa teve um passagem relâmpago como apresentadora do reality show da Globo logo na estreia, quando dividiu o posto com Pedro Bial. Ela saiu de cena, e ele seguiu comandando o programa até 2016.
A atriz diz que, na época do convite, tinha medo do desafio de virar apresentadora mas, com um belo aumento de salário, topou. "Me deram uma grana incrível e insistiram muito. Insisti muito para não fazer, mas fiquei vaidosa. Parei pra pensar: talvez eu seja melhor que minhas personagens", contou.
Ela opinou sobre o reality e disse ter pena dos participantes. "Aquilo é lesivo demais pro sistema psiquiátrico das pessoas".
Popular, burra e gostosa
Marisa brincou que ser considerada sex symbol foi um "brinde de Deus."
"Nunca imaginei. Fico tão feliz com isso. Foi outra grande surpresa. Fui criada para ser uma intelectual. Virei popular, burra e gostosa. Tenho orgulho, adorei. Mas não tenho saudade, porque é isso, foi um brinde. A Magda que era o símbolo sexual", diz, referindo-se à personagem do "Sai de Baixo", humorístico que foi ao ar entre 1996 e 2002.
No programa exibido aos domingos à noite, Marisa vivia a esposa de Caco Antibes, interpretado por Miguel Falabella. Ficou marcada pelo bordão 'cala a boca, Magda', dito após os comentários sem sentido da personagem.
Capa da Playboy e sucesso de vendas
O sucesso foi tamanho que, um ano depois da estreia, Marisa estampava a capa da revista "Playboy", experiência sobre a qual também falou no programa.
"Me senti muito envergonhada e muito cansada. E bem. Queria fotos nuas, mas não eróticas. Queria belas, bonitas. Que quando fossem penduradas, o lugar não ficasse imediatamente uma borracharia."
Ela relembra os preparativos para as fotos: "Não conseguia comer, tinha uma pequena anorexia, fiz muita ginástica."
No fim, se sentiu "heróica" por estampar uma edições mais vendidas da história da revista —foram 835 mil exemplares e quarto lugar no ranking geral.
Sobre o passar do tempo, Marisa diz ser um desafio ser feliz sabendo que vai envelhecer. "Não é fofo, mas é bom porque você fica esperta. Eu sou linda. Faço a linha coroa bonita."
"Admiro Regina Duarte, mas sempre foi musa da direita"
Na conversa, Marisa deu sua opinião sobre o posicionamento da atriz Regina Duarte, uma voz ativa em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Admiro ela ainda. Sempre foi muito doce e gentil comigo. Quero crer que seja uma espécie de idealismo, uma dificuldade de envelhecer, um crepúsculo dos deuses, achar que precisa estar em evidência", disse Marisa.
Senti uma coisa infantil nela, acho que é mais isso. Ela foi a mais famosa do Brasil durante três décadas, não é fácil. Dou perdão. Agora, podia parar de fazer propaganda para aquele verme? Podia. Marisa Orth
Além de apoiá-lo nas redes sociais e em entrevistas, Regina também foi nomeada secretária especial da Cultura no governo Bolsonaro, em março de 2020, cargo que deixou em maio do mesmo ano.
A atriz contou ainda que já precisou apresentar peças para os censores na época do regime militar. "A gente tirava tudo que achava que poderia ser censurado. Era ridículo", pontuou.
Senhora Magda
A atriz comentou sobre ser chamada, até hoje, de Magda, nome de sua personagem no humorístico "Sai de Baixo", mesmo o programa tendo acabado em 2002.
Marisa contou a chamaram de "senhora Magda" em um hotel chique em que se hospedou. "Amo quando vou num lugar bem metido e chamam. No começo me irritava porque tinha medo de nunca mais poder fazer outra coisa, o barato de ser atriz é poder fazer vários personagens. Mas hoje amo a Magda", disse.
A atriz ainda contou que entrou em uma crise com a fama da personagem. "Mas, ao mesmo tempo, era tudo que sempre quis. É muito complicado fazer sucesso. Saíram coisas horríveis, como 'Marisa vendeu a alma ao diabo'. Tenho um enorme prazer de ter me tornado uma artista popular."
A atriz acrescentou ainda que estar muito em evidência também dá medo. "Só conhece o fracasso quem conhece o sucesso", disse.
Ela citou a importância do colega Miguel Falabella para sua carreira: "Ele me obrigou a perceber o humor na minha vida. Eu tinha muito desprezo pelo humor, e o Miguel me mostrou como era importante. Não sabia que ia viver disso, achei que [fazer humor] era só para divertir minha prima."
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Assista à íntegra do Desculpa Alguma Coisa com Marisa Orth:
O programa Desculpa Alguma Coisa vai ao ar às quartas, às 20h, no Canal UOL, no YouTube de Universa e em plataformas de áudio.
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