Topo

Ozempic: mulheres aderem a fórmula milagrosa e perigosa de emagrecimento

De Universa, em São Paulo

04/04/2023 11h00

O Sem Filtro desta terça-feira (4) debateu o uso do Ozempic, remédio para diabetes tipo 2 que tem sido disseminado nas redes como nova fórmula milagrosa de emagrecimento. O uso tem sido feito principalmente por mulheres, e o furor causado no Brasil é tanto que o medicamento já está em falta nas farmácias.

Além do debate no programa, Universa também ouviu o endocrinologista André Camara de Oliveira, diretor da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo). Segundo ele, médicos já prescrevem o remédio para casos de obesidade, mas é preciso estar dentro de um perfil específico para o tratamento.

Mesmo assim, pacientes, a maioria mulheres, vão ao consultório só para pedir o medicamento, mesmo sem ser obesas, apenas para emagrecer alguns quilos. "Isso virou rotina. Muitas pedem sem critério. Infelizmente, a maioria nem passa aqui e usa sozinha, de forma inadequada."

Apesar das discussões sobre aceitação do corpo e pelo fim das dietas, a maioria das brasileiras ainda querem emagrecer. Um estudo da empresa Yougov, especializada em pesquisa de mercado, diz que 60% das brasileiras querem perder peso. Outra, da Nestlé, aponta que, na faixa dos 30 aos 34 anos, o percentual sobe para 70%. A febre do Ozempic surfa nessa onda.

A jornalista Cris Fibe conversou com Maria Carolina Medeiros, doutora em comunicação e pesquisadora em socialização feminina, e destacou que o uso majoritário do Ozempic por mulheres é fruto de uma construção social que as estimula a sempre buscar o ideal de beleza magro.

"A gente quer ser a princesa, ser magra ainda é nosso ideal de beleza. A maior parte dos filmes ainda mostra as mulheres e meninas como Barbie, ainda buscamos isso", diz Cris Fibe, reproduzindo a conversa com a estudiosa.

A hashtag #ozempic já acumula 800 milhões de visualizações no TikTok, onde diversas pessoas —a maioria delas garotas— compartilham suas receitas para emagrecer usando o medicamento por conta própria.

Cris Fibe: 'Vejo progresso no debate e não acho que vamos regredir'

Cris Fibe refletiu sobre o movimento body positive, que foca na aceitação de todos os corpos sem nenhum tipo de discriminação e desafia os padrões de beleza atuais como uma construção social indesejável, em meio à febre do Ozempic. Para ela, apesar de haver uma regressão no discurso da aceitação com o surgimento de uma nova fórmula milagrosa para emagrecer, a discussão continua.

Em todas as conquistas, a gente dá uns passinhos para frente e alguns para trás. Acho que o movimento body positive não cessou e nem chega a perder força, e eu vejo progresso nesse tema quando tentamos fugir de um modelo que é imposto. Cris Fibe

Para isso, destacou a importância de que as novas gerações se eduquem sobre o tema e pontuou que mídia, cultura, filmes e até mesmo influenciadores façam parte do processo de evolução.

Semayat: 'Não é uma medicação acessível e que as pessoas possam consumir em pé de igualdade, o que cria outros problemas'

Ainda durante o Sem Filtro, a jornalista Semayat Oliveira também abordou a questão do custo do Ozempic. Após alertar sobre os perigos da obsessão pela magreza e destacar que o uso da medicação deverá sempre ser acompanhada de orientação médica, ela pontuou que os preços do Ozempic variam entre R$ 800 e R$ 1.300, tornando-o, portanto, um medicamento inacessível para grande parte da população.

Não é uma medicação acessível, não é uma medicação que as pessoas possam consumir em pé de igualdade, e isso cria outros problemas. Fico pensando em mulheres que encontram no Ozempic uma saída e não podem acessar. Que tipos de gatilhos e outras consequências a gente pode gerar a partir daí? Semayat Oliveira

Pelo elevado custo, Semayat ainda destacou que além da questão da saúde que envolve o uso indiscriminado do Ozempic e requer um acompanhamento e orientações médicas, também é necessário olhar para a questão econômica, de quem pode ou não acessar a medicação.

Fibe sobre juiz que gravou esposa: "Demonstração de poder sobre nosso corpo"

O "Sem Filtro" ainda discutiu o caso do juiz Valmir Maurici Júnior, de São Paulo, que foi denunciado pela esposa por violência doméstica. O caso foi revelado pelo "Fantástico". No processo, a Justiça descobriu que ele compartilhava, com amigos no WhatsApp, vídeos íntimos dela e de outras mulheres, sem que nenhuma delas soubesse.

Em março, Universa contou a história da empresária Ketlen Rodrigues, que descobriu que o ex-namorado também compartilhava imagens íntimas dela em vários grupos de WhatsApp. No programa, a jornalista Cris Fibe falou sobre o crime.

Assista ao Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

Veja a íntegra do programa: