Tratamentos estéticos que deram errado: 'Peito virou uma bola de basquete'
Procedimentos estéticos costumam tratar questões que não afetam a saúde mas, em sua maioria, a autoestima. Um preenchimento aqui, uma reparação ali —o intuito costuma ser sempre mudar a aparência para se sentir bem com o reflexo no espelho.
No entanto, mesmo sendo uma cirurgia estética, o procedimento pode trazer riscos aos pacientes. Universa ouviu três mulheres que acabaram reféns de remédios, infecções, dores e até mesmo danos psicológicos pelo trauma do erro em algum tipo de tratamento estético.
A seguir, leia histórias que ganharam capítulos de complicações devido aos procedimentos que deram errado:
"Na cirurgia de emergência, chorei de dor ao sentir o corte"
Como muitas mulheres, a influenciadora Jéssica Cardoso, 31 anos, de Brasília, colocou prótese de silicone na mama e fez, também, uma mastopexia - procedimento que remodela os seios. Só que em vez de a cirurgia beneficiar a autoestima, trouxe danos incontáveis que levaram até a uma cirurgia de emergência, quase sem anestesia.
"Tirei pele e coloquei prótese nos seios, com rejeição em duas ocasiões. Meu primeiro médico posicionou na frente do músculo e me passou para outro médico, amigo dele, para fazer a cirurgia por baixo do músculo. Os dois disseram que meu corpo estava rejeitando a prótese, mas não fazia sentido, já que apenas um lado tinha rejeição", relata.
Passados 15 dias do procedimento, Jéssica foi liberada para dirigir. Enquanto ia para a faculdade, sentiu que o seio sangrava - o ponto da cirurgia havia aberto. Sem perder tempo, dirigiu-se ao consultório e o médico informou a necessidade de uma limpeza. No fim, foram quatro limpezas, até ficar tudo aparentemente bem.
Precisei de outra cirurgia para fazer uma transição do silicone para debaixo do músculo. Quando terminou a nova cirurgia, já sentia que tinha dado errado ao acordar, mas achei que, aos poucos, iria se regularizar. Depois de um ano, meu peito ficou do tamanho de uma bola de basquete e muito dolorido. Saía líquido"
Jéssica Cardoso
A influenciadora precisou ser levada às pressas a um centro cirúrgico, tendo recebido anestesia local em vez de geral. Sentiu dores, avisou à equipe, mas não foi ouvida. Quando o médico cortou sua pele, ela gritou e chorou, recebendo mais anestesia e um pedido de perdão.
"Depois, decidi procurar um especialista indicado por uma amiga. Fiquei seis meses só fazendo exames. Durante esse tempo, também fiz punção para retirar o líquido. O médico constatou que não foi rejeição, mas um erro, e sugeriu colocar outra prótese, porém, eu não queria mais. Como sobrou muita pele, foi necessário preencher com gordura, numa quarta cirurgia. Lembrar de tudo ainda é doloroso, mas agradeço por estar bem", afirma Jéssica.
"Em carne viva, um buraco se abriu na minha perna"
Em setembro de 2020, a redatora Estela Lopes, de São Paulo, decidiu realizar uma criolipólise na área interna das coxas. O objetivo do procedimento era diminuir o tamanho da região através do congelamento da gordura localizada.
Fiz o procedimento alguns dias antes do meu aniversário, então estava com muita expectativa. Exatamente nesse dia, senti certo incômodo e olhei minha perna: estava cheia de bolhas. Pensei que ia melhorar, só que não: ficou em carne viva, depois branca e abriu um buraco".
Estela Lopes
Estela lembra que, quando notou a perna ficando preta, procurou o local em que fez a criolipólise e lhe disseram que era normal. Mas não era. O tratamento exigiu medicamentos e pomadas, sobretudo para não infeccionar. Com isso, o buraco se transformou em quelóide, que exigiu uma pequena cirurgia para retirá-lo. Logo depois, porém, surgiu outro.
"Começamos a tratar com corticóide, só que acabou afundando um pouco, mesmo aplicando poucas doses. De um tempo para cá, aumentando - e não há o que fazer. Só se optasse por enxerto, mas não quero fazer mais nada. É muito estressante e já gastei muito tempo. É bizarro como um procedimento que não é invasivo resulta nisso", desabafa a mulher.
Apesar de traumático, os médicos informaram que não são incomuns os erros após a criolipólise - e os motivos são muitos, como as queimaduras, por exemplo. Hoje, aos 29 anos, ela se sente melhor em relação à marca no corpo, mas entrega que ainda é difícil aceitar tudo. No momento, Estela está em processo de aceitação, tentando recuperar a região, através de exercícios.
"No exame, descobri que injetaram silicone industrial em mim"
A publicitária Simone de Almeida, 40 anos, de Salvador, se submeteu a uma bioplastia nos glúteos, em 2018, depois de pesquisar bastante sobre o assunto. O procedimento geralmente consiste em preencher a região do corpo com PMMA (polimetilmetacrilato), mas, no caso dela, injetaram silicone industrial.
"Fiz tudo com profissionais da saúde, era muito profissional. Só soube que aplicaram silicone industrial quando fui alertada nas redes sociais sobre golpes que estavam ocorrendo. Depois de um ultrassom, foi comprovado que fui vítima. Comecei a buscar locais para retirar esse produto de mim", relata.
Sem consequências imediatas, Simone retirou o material por causa da descoberta. Apesar disso, houve tempo de o procedimento causar danos em seu organismo, como dores lombares, após o silicone "subir" para a região.
"O corpo fica inflamado, lutando contra o produto tóxico, e não tem como retirar tudo. As dores não somem. Fiquei depressiva, de cama e desesperada, porque não queria que outras pessoas passassem por isso. Então, criei o perfil Vítimas da Bioplastia, para alertar e levar informações sobre o procedimento"
Simone de Almeida
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