Reality choca ao reunir mães e filhos para sexo. "Machismo", diz integrante
Por mais perturbadores que possam ser reality shows, nada parece comparável a "Mansão das Milfs", que estreia no Brasil no próximo dia 28 (no canal a cabo TLC e no serviço de streaming Discovery+). "Milf", em inglês, significa "mães com as quais gostaríamos de transar", em livre tradução.
Esta repórter assistiu ao primeiro episódio da série. Se você pensa em acompanhar o programa e se incomoda com spoilers, interrompa a leitura por aqui.
No programa, mulheres entre 45 e 60 anos que apreciam homens mais jovens viajam para um resort no México em busca de um novo amor. Lá, descobrem que os pretendentes são os próprios filhos. Passado o susto, mães e filhos se envolvem em atividades grupais que envolvem massagens sensuais e treino de sexo oral —em manequins (ufa).
Numa das cenas, as mulheres são desafiadas a provar que, como boas mães, reconhecem os filhos até de olhos fechados. Literalmente. Então ganham vendas nos olhos, ao passo que os herdeiros —entre 20 e 28 anos— são instruídos a despir-se da cintura para cima. Ato contínuo, inicia-se uma sessão de apalpação em peitorais que se pretende erótica, mas seria apenas enfadonha se não fosse angustiante.
A vencedora da gincana foi contemplada com o melhor quarto do resort, cômodo no qual ela poderia, se tudo desse certo, transar com os filhos de suas amigas de confinamento.
O reality estreou na TV americana em janeiro e provocou reações fortes. No Twitter, houve quem dissesse que, se estivesse vivo, Sigmund Freud - o pai da psicanálise - não perderia um episódio. Para outros, o programa é "nojento" e "estranho". Teve também quem procurasse analisar o roteiro à luz do pensamento decolonial. " O inverso de 'Mansão das Milfs', em que pais velhos trocam suas filhas [pelas de outros], é basicamente a história da Europa", escreveu um espectador no Twitter.
Em entrevista a Universa, Shannan Diggs, 51, uma das participantes do reality, comentou as críticas feitas à "Mansão das Milfs". "Machucam", queixou-se. "A experiência foi linda e divertida. Nos conectamos com nossos filhos, com outras mulheres e com rapazes mais novos. Aprendemos uns com os outros e criamos laços. É triste que críticos fiquem apegados a tabus, em vez de se abrirem para algo diferente", disse.
Shannan admitiu saber que o filho estava envolvido no reality, mas pensava que seria em outro núcleo. Vê-lo como parte do elenco de homens disponíveis para o amor, afirma, deixou-a "ansiosa". "Mas logo passou", conta. Porém, o desafio de criar conexões amorosas em um ambiente onde os homens estão acompanhados das mães não foi simples.
"Ela vai ser o tipo de mãe que fica sondando? Ou mantém distância? Você não sabe", explica Shannan.
"Pensam que sou mais jovem"
Shannan identifica machismo nas críticas ao programa. "Há um tabu que cerca o relacionamento entre mulheres com homens mais jovens. Homens mais velhos namoram e se casam com mulheres mais novas há séculos", afirma.
No entanto, diz nunca ter sido alvo deste tipo de preconceito. "Pensam que sou mais jovem. É lisonjeiro quando um cara mais novo vem conversar comigo e, no meio do papo, diz: 'nossa, achei que você tinha 37'. Como não aparento os anos que tenho, nunca fui colocada numa situação negativa", relata.
"Se a relação é consensual entre dois adultos, não vejo problema na diferença de idade", afirma Shannan. A regra vale também para o filho, diz. Se ele começasse a namorar uma mulher de 51 anos, apoiaria o casal. "Contando que seja boa para o meu filho e esteja com ele por amor, tudo bem".
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