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'Achei que ele mudaria após prisão', diz ex-namorada agredida por surfista

De Universa, em São Paulo

11/04/2023 12h30Atualizada em 11/04/2023 17h19

O surfista brasileiro João Paulo Azevedo foi filmado na última semana dando socos em uma surfista americana, Sara Taylor, em Bali, na Indonésia. No Sem Filtro de hoje (11) a jornalista Cris Fibe trouxe dados sobre a reincidência de casos de violência doméstica. Além disso, Universa também conversou com uma ex-namorada de surfista brasileiro.

No dia da agressão, Carolina Braga, ex-namorada de JP Azevedo, disse no Instagram que havia sido espancada por ele em 2019: teve traumatismo craniano e passou três meses em uma pousada, reclusa, até que os ferimentos se curassem. Na época, ela registrou boletim de ocorrência. Eles nunca mais se falaram.

Para Universa, Carolina falou que não esperava que o post tivesse tanta repercussão, que não sabe como viralizou — chegou a pensar em apagá-lo. Ela acreditava que o ex-namorado não agrediria mais ninguém após a sua denúncia, já que ele chegou a ficar preso. "É triste, porque achava que ele não ia mais fazer isso depois que eu o denunciei e foi preso. Eu pensava que ele tinha aprendido", conta.

Para Carolina, receber o apoio das pessoas foi muito importante. Tem até mulheres que a procuraram dizendo que passaram, ou ainda passam, pelo mesmo. "Estou tentando dar apoio e força para essas pessoas, mas ainda não consegui responder todas as mensagens de forma atenciosa", diz. Ela demorou dois anos para se recuperar tanto da agressão quanto do fim daquele amor de forma tão abrupta. Chegou a ficar sem comer e a pesar 45kg.

Ela ficou muito impressionada ao saber sobre os dados de reincidência de violência doméstica. "Eu não fazia ideia. Achava que tinha sido algo comigo, que eu fui muito errada para deixar chegar nesse ponto. Senti muita vergonha e me culpava muito", conta.

"Quero deixar uma mensagem para mulheres que passam por essa situação. Tenham força e tomem uma atitude. Às vezes, a gente acha que a mudança tem que vir do outro, tem essa esperança quando a pessoa fala que não será mais daquele jeito. Mas nem sempre é assim. É difícil, mas temos que tentar", concluí.

O "Fantástico" falou com mais duas mulheres, que também alegam ser vítimas de violência do surfista. Universa entrou em contato com uma delas, a psicóloga Flora Gomes, que não quis falar novamente sobre o assunto para não reviver a dor que passou. Ela ainda tem medo, pois o surfista está solto.

Cris Fibe: 'Quando a gente tem uma denúncia, se jogar a lente no homem acusado, vai achar outros casos'

Durante o Sem Filtro, a jornalista Cris Fibe trouxe dados que mostram a reincidência de homens em casos de violência contra a mulher. Em conversa com Graziele de Carvalho, advogada que pesquisa a violência contra a mulher, Fibe apurou que entre 50% e 60% dos homens que agridem uma mulher já bateram em outras mulheres.

A gente precisou de um vídeo para parar um sujeito violento. Na violência física, os caras são reincidentes, e na violência sexual, também. Os homens que são agressores, o número de reincidência são altíssimo. Aí vem as ex-namoradas contarem histórias do passado para corroborar a história e o cara está aí vivendo a vida e surfando. Cris Fibe

Ela também destacou a importância de que as mulheres conversem entre si sobre casos de violência, pois o silenciamento das mulheres permite que os homens agressores continuem vivendo suas vidas normalmente e, mais do que isso, cometam novas agressões contra outras mulheres.

Quando a gente tem uma denúncia, se jogar a lente no homem acusado, vai achar outros casos muito provavelmente. É muita repetição e isso dá a dimensão do silenciamento que essas mulheres estão submetidas e o quanto a gente demora para falar. Tem que buscar recomendações de ex desses homens e se a ex disser, a gente tem que se proteger e se unir. Cris Fibe

Assista ao Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

Veja a íntegra do programa: