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Natural, cesária, cócoras, fórceps: o que você precisa saber sobre o parto

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Imagem: iStock

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Universa

16/04/2023 04h00

São duas as possibilidades para uma criança vir ao mundo: parto vaginal ou cirúrgico. Em condições normais, o vaginal é, sem sombra de dúvida, a melhor opção para a mãe e para o bebê, explica a ginecologista e obstetra Ana Paula Mondragon. Mas a cesária deve ser usada em casos de emergência.

O ideal é que a escolha seja sempre da paciente, enquanto não houver complicações ou limitações. Cabe aos obstetras interpretar a melhor opção para casos que precisem de intervenção.

Veja a seguir mais detalhes de cada tipo:

  • Parto normal: ocorre no hospital ou em outro local preparado, como casas de parto. Pode haver intervenções como medicações via soro, anestesia, ruptura artificial da bolsa, etc.
  • Parto natural: pode ocorrer no hospital ou fora dele, a diferença é que não há nenhuma intervenção médica, como uso de medicação em soro, anestesia ou episiotomia [corte cirúrgico no períneo].
  • Parto na água: feito dentro de banheiras com água morna com o objetivo de aliviar a dor e proporcionar uma transição mais agradável do útero para o meio externo.
  • Parto de cócoras: é executado na posição vertical, com as pernas dobradas, ou seja, a mulher se agacha na hora, favorecendo assim a atuação da gravidade.
  • Parto na banqueta: variante do parto de cócoras, porém com a ajuda de um banco em forma de C.
  • Parto a fórceps: não é um tipo de parto proibido, como muitos acham, mas uma alternativa quando há dificuldades para a saída da cabeça no bebê no parto vaginal. Trata- se de um instrumento de ferro semelhante a duas colheres, introduzido na vagina até que se encaixe na cabeça do bebê, sendo posteriormente tracionado pelo médico.
  • Parto a vácuo: também adotado nas situações em que existe dificuldade da expulsão da cabeça fetal, usa uma fonte de vácuo, conectada a uma ventosa semelhante a uma campânula (redoma), no topo da cabeça do bebê. Com o vácuo criado, auxilia na saída ao provocar a tração.

Do natural à cirurgia

Há diferentes situações em que a cesária precisa ser adotada, mesmo quando não era planejada, explica a ginecologista e obstetra Camilla Pinheiro:

  • Sofrimento e asfixia fetal: quando cai o oxigênio para o feto no trabalho de parto. Com o bebê em sofrimento, já não conseguindo passar pelo processo natural, pode surgir o mecônio, produzido pelos intestinos antes do nascimento e, às vezes, eliminado no líquido amniótico. Assim, o bebê corre o risco de aspirar o material, impedindo a passagem de oxigênio para o cérebro, trazendo complicações, como a paralisia cerebral.
  • Parada da dilatação: apesar de as contrações estarem funcionando e o bebê, adequado, tal situação pode ocorrer como consequência do tamanho do bebê, alteração do trajeto ou malformação impedindo o processo.
  • Parada da descida da cabeça do feto: pode acontecer devido ao bebê ser muito grande ou estar em uma posição assinclítica, ou seja, quando a cabeça está alterada para um dos lados.

"Isso tudo pode virar uma indicação, mas que só acontece durante o parto. Então, a paciente já está com dilatação, em trabalho de parto, só que está muito doloroso ou prolongado, deixando essa mãe exausta e arriscando esse bebê de ter um sofrimento fetal", argumenta Camilla.

Quando a cirurgia é obrigatória

Muitas vezes, a indicação da cesária é chamada "indicação absoluta", ou seja, sem nenhuma possibilidade de se optar pelo parto normal. Conforme pontua a obstetra Flávia do Vale, coordenadora da maternidade do Hospital Icaraí em parceria com a Perinatal, isso pode ocorrer tanto por questões maternas, quanto por necessidades fetais, inviabilizando a tentativa do parto vaginal. Entre os principais problema, a médica aponta:

Indicações maternas:

  • Placenta prévia (quando a placenta está no colo uterino, obstruindo a passagem do bebê e aumentando o risco de hemorragias);
  • Infecções com alto risco de transmissão para o feto, como herpes genital com lesão ativa na hora do parto ou mãe HIV positiva, com alta carga viral;
  • Risco iminente de rotura interina, condição em que as paredes do útero, finas, podem se romper durante o parto;
  • Massa obstruindo a vagina e impedindo a descida do bebê;
  • Desproporção céfalo-pélvica.

Indicações fetais:

  • Prolapso do cordão umbilical, quer dizer, quando sai pela vagina antes da cabeça do bebê, existindo risco de compressão e parada na passagem do sangue;
  • Sofrimento fetal;
  • Feto em posição anômala, como transversa ou atravessada no útero;
  • Malformações fetais que impedem a passagem do bebê pelo canal vaginal;
  • Primeiro gemelar não cefálico, devido ao risco das cabeças ficarem enganchadas na hora do parto.