RS: Suposto 'médium' é denunciado por estuprar enteadas e pacientes
Um homem que se apresentava como "médium" foi denunciado por sete crimes sexuais em São Gabriel, município localizado próximo a Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
O que diz a denúncia?
O homem dizia que iria "curar" as vítimas por meio dos abusos. "O denunciado chegou a dizer a uma das vítimas que ela possuía problema de infertilidade, o qual somente seria resolvido a partir da submissão desta aos atos libidinosos", diz o Ministério Público do Rio Grande do Sul.
Ele teria importunado e cometido outros crimes sexuais contra suas três enteadas, que eram menores de idade na época dos fatos apontados nas investigações.
O homem foi preso preventivamente após pedido da Polícia Civil em 29 de março.
A defesa do guru nega as acusações e diz que as vítimas querem prejudicá-lo porque são do círculo familiar da ex-mulher. O advogado ainda sustenta que o denunciado "tem um trabalho reconhecido na comunidade" e que a suposta ausência de outras vítimas confirma o "complô". Leia a íntegra da nota da defesa abaixo.
"Médium" tinha centro religioso e recebia vítimas para curandeirismo
A denúncia, assinada pelo promotor Lucas Oliveira Machado, aponta que a série de abusos teria começado em 2010. A Polícia Civil recolheu relatos de cinco vitimas, incluindo mulheres que procuraram os serviços do "médium".
A 1ª denúncia sobre o suposto médium foi feita em junho de 2022 por uma das enteadas, que disse ter sofrido abusos entre os 13 e 16 anos. A 2ª denúncia aconteceu em março de 2023. O delegado Fabrício Ferreira, titular da Delegacia de Polícia Civil de São Gabriel, afirmou que os relatos mostravam o mesmo "modus operandi".
"Ele utilizava da fé, da crença das pessoas, e abusava sexualmente delas num suposto tratamento espiritual", disse Fabrício Ferreira.
O MP o denunciou por crime de estupro de vulnerável, por duas vezes, violação sexual mediante fraude, por três vezes, e importunação sexual, por duas vezes. "Ainda foram circunstâncias apontadas na denúncia, a prática dos crimes contra descendente, em razão de motivo torpe, tendo como objetivo o controle do comportamento sexual e social das vítimas e a prática de crime no contexto doméstico e familiar contra a mulher", diz nota do MP.
O MP-RS deixou um espaço aberto para receber mais relatos de possíveis outras vítimas do homem; as denúncias também podem ser feitas na polícia.
Defesa: "Fantasiosa construção"
Ao UOL, o advogado de defesa do homem —que não foi identificado pelo MP-RS ou pela Polícia Civil — enviou uma nota oficial a respeito do caso negando as alegações:
A denúncia imputa condutas que não correspondem à realidade. Todas as vítimas pertencem ao mesmo círculo familiar-afetivo da ex-esposa do acusado, com nítido interesse em prejudicá-lo.
Com toda a repercussão do caso, não surgiram outras vítimas - o que era de se esperar, fossem os fatos verdadeiros -, justamente porque as acusações não correspondem à verdade.
O acusado tem um trabalho reconhecido na comunidade e não serão acusações caluniosas que atingirão toda a sua credibilidade.
Estamos certos que a instrução do processo evidenciará a fantasiosa construção operada pelas supostas vítimas. No momento, entendemos que não causa contemporânea que justifique uma prisão cautelar. A segregação não pode servir como antecipação de pena, em violação ao princípio da presunção de inocência.
Bruno Seligman de Menezes, sócio da Cipriani, Seligman de Menezes e Puerari Advogados
Como procurar ajuda
Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.
O serviço recebe denúncias e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.
Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.
Se houver intuito de denunciar, a orientação é buscar uma delegacia especializada em atendimento a mulheres. Caso não haja essa possibilidade, os registros podem ser feitos em delegacias comuns.
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