Maria Ribeiro sobre Melhem: 'Se fosse ele, teria pedido desculpa e seguido'
Convidada do "Desculpa Alguma Coisa", videocast de Universa com Tati Bernardi, a atriz e colunista de Universa Maria Ribeiro falou sobre o caso Marcius Melhem. Pelo menos oito atrizes relatam episódios de assédio por parte de Melhem, ex-chefe do núcleo de humor da Globo.
"É uma questão bem mais complicada porque ele tinha uma relação hierárquica com as pessoas", opinou a atriz. "Eu, se fosse ele, teria recebido as acusações, pedido desculpa e seguido a vida, no estilo de 'errei, vou pagar'. Mas ele segue processando as mulheres, expondo as conversas."
Melhem é investigado pela Globo desde dezembro de 2019, quando ele foi denunciado no compliance da emissora. A investigação interna foi arquivada em janeiro de 2022.
Em março de 2020, Melhem deixou a liderança dos projetos de humor da Globo, três meses após ter nome envolvido em casos de assédios.
Um inquérito policial foi aberto em 18 de junho de 2021, após atrizes que o denunciam terem dado depoimentos à Ouvidoria da Mulher no Conselho Nacional do Ministério Público, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. O material foi enviado para o MP do Rio em 28 de janeiro de 2021, e a investigação foi instaurada cinco meses depois pela Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher no Rio de Janeiro). O caso corre em segredo de Justiça.
Melhem nega todas as acusações e afirma que foi criada uma narrativa para incriminá-lo.
Recentemente, em entrevista a Universa, a atriz Carol Portes detalhou as acusações contra o ex-diretor, que também negou a acusação dela.
Bissexual, eu?
A atriz lembrou o curioso episódio de quando afirmou ser bissexual, sem ser essa sua orientação.
"Foi na época que eu fazia o 'Saia Justa'", disse, referindo-se ao programa do GNT do qual fez parte entre 2012 e 2016. "Via vários amigos meus apanhando, com muita vergonha de apresentar namorado, algumas amigas minhas tensas, e eu falei 'Cara, vou fazer'", contou.
Achava que, se todo mundo se assumisse bissexual, estaria ajudando. Roubei um lugarzinho de fala que não é meu. Hoje em dia vejo que errei Maria Ribeiro
"Falar que tentei [ser bi] soa até irresponsável com a orientação sexual dos outros porque você nasce assim. Mas quis dizer ali: vamos todo mundo dizer que somos para ver se tem menos mortes", completou.
Alerta Google
Maria contou ainda não saber exatamente tudo que estão falando dela sempre por não ter um alerta do Google, que a informe sobre as notícias publicadas citando seu nome.
"Não quero saber. Acho uma loucura amigos meus que tem o alerta. Não tenho porque, se eu for me colar no que falam sobre mim, vou enlouquecer. As pessoas têm direito de não gostar de um trabalho meu e não ir com a minha cara", disse.
Novela com Caio Blat e endoscopia com Paulo Betti
Maria contou algumas situações que viveu com seus ex-maridos.
Maria foi casada por quatro anos com Paulo Betti, de 2001 a 2005, e por dez com Caio Blat, de 2007 a 2017.
Sobre Betti, ela lembra um episódio engraçado durante uma endoscopia. "Ele nunca tinha dito eu te amo. Era um cara de 40 casado com uma mulher de 20. Daí fui levar ele para fazer uma endoscopia, e ele tomou um negocinho. Deitou lá e falou: 'Maria, eu te amo".
A atriz também contou como foi a experiência de gravar "Império" (Globo) ao lado de Caio Blat, seu então marido, em um momento em que o casamento dos dois estava em crise.
"Foi muito difícil. Mas, para as cenas da novela, foi ótimo. A gente se separava no meio da história e talvez foram as melhores cenas que eu fiz, era tudo muito de verdade".
Aproveitava para xingar, para chorar. A gente está com raiva, ao mesmo tempo triste. Acho dissolução de casamento a coisa mais triste. Nunca me recuperei de nenhum. Não me recuperei nem do meu cachorro que morreu quando eu tinha sete anos. Maria Ribeiro
"A novela com o Caio é um documento. A gente fez muito bem. É um bom trabalho nosso. E não precisava dar beijo técnico, que eu não acho fácil, a gente beijava de verdade. Talvez eram os últimos beijos", disse.
'Tenho mil questões com 'Tropa de Elite', mas me orgulho'
A atriz falou da experiência de ter participado do filme "Tropa de Elite", de José Padilha, lançado em 2007. E disse o que pensa do filme hoje.
"Acho um filme muito bom. Fez uma coisa que pouquíssimas pessoas conseguem no Brasil, que é falar com todas as classes sociais. É um filme tão bem feito que uniu o país."
"Como entretenimento, acho 'Tropa de Elite' brilhante. O Zé [Padilha] foi a primeira pessoa a falar sobre as milícias. Eu não entendia. Entendi o esquema de corrupção com o filme", completou.
Mas as coisas envelhecem de maneira diferentes. Hoje eu olho e falo: 'Caramba, o Capitão Nascimento [protagonista vivido por Wagner Moura] era machista. Maria Ribeiro
"Questiono muito a ligação que fazem do capitão Nascimento como fascista. Não acho que o cara que consome maconha do morro tenha culpa, não é tão simples", acrescentou.
Maria finaliza dizendo que tem "mil questões" a respeito do filme. "Mas tenho muito orgulho de ter feito."
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Veja a entrevista na íntegra:
O programa Desculpa Alguma Coisa vai ao ar às quartas, às 20h, no Canal UOL, no YouTube de Universa e em plataformas de áudio.
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