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Sem pelos em 5 segundos: método famoso do TikTok cria esculturas de vulva

As esculturas de cera "pós-puxada", com formato de vulva e os pelos retirados, divide opiniões no TikTok - Reprodução Instagram/The Vulva Galery
As esculturas de cera "pós-puxada", com formato de vulva e os pelos retirados, divide opiniões no TikTok Imagem: Reprodução Instagram/The Vulva Galery

De Universa, em São Paulo

07/05/2023 04h00Atualizada em 08/05/2023 13h41

"Esculturas de pepecas" feitas com cera quente: esse é o novo conteúdo de beleza que ganhou espaço no TikTok. Os moldes são expostos nas redes sociais por epiladoras — profissionais que em vez de cortar o pelo, como na depilação, o retiram desde a raiz.

A técnica usada por elas mantém a cera intacta mesmo após a puxada, "eternizando" o formato da virilha da cliente, inclusive com os pelos retirados da região. O resultado do procedimento divide opiniões entre aqueles que ficam curiosos sobre o "processo de criação" do molde e aqueles que se dizem enojados pelas imagens.

Marta Batista, que mantém uma loja no Rio de Janeiro, é a "guru" do método famoso. Com 20 anos de carreira e quase 300 mil seguidores no TikTok, a carioca explica que a técnica foi resultado de pelo menos um ano de testes. Em prática há pelo menos oito anos, a epilação diferenciada retira 80% dos pelos em apenas uma puxada de cinco segundos. Para a profissional, o atendimento é libertador para quem passa pelo sofrimento da cera quente.

"Eu fiz um curso de depilação expressa há uns 20 anos. Nessa técnica, criada pela Regina Jordão, a gente depila do pé ao buço, se a pessoa quiser. Mas chegou uma hora que comecei a focar na virilha, porque eu acho essa parte muito dolorida. Queria algo diferente, em que a cliente fosse se epilar sem aquela neura, aquela tortura na cabeça", contou Marta em entrevista a Universa.

Em uma escala de 0 a 10, na opinião de Marta, o método "expresso" rende uma dor nota 5 no primeiro atendimento, que cai para 3 nos procedimentos seguintes.

Algumas vezes dava certo e em outras não, mas, em 2015, eu acertei o ponto. Só não posso falar como, porque é meu segredo, tem que comprar o curso. Mas, quando eu peguei o jeito, não ficou um pelo. Olhei e pensei: 'nossa, descobri o ouro.

Dona da própria loja há cinco anos, com a "virilha total" como carro-chefe, a epiladora também dá cursos e já formou pelo menos 300 alunas. Ela diz que a ideia é ajudar a reduzir o passo a passo até a virilha "zerada", o que ajuda também a aumentar o número de atendimentos por dia.

"A epilação da virilha era feita em quatro ou cinco partes. Primeiro, a gente passava na lateral, depois dentro dos lábios, depois na parte de cima e depois fazia os retoques, era muita coisa. Mesmo sendo mais rápido, as clientes ainda sofriam. Aí eu, muito ansiosa, comecei a juntar tudo, todas as etapas, e puxava de uma vez", detalha Marta.

Nos primeiros meses de atendimento "pra valer" já com a nova técnica, ela acompanhou de perto o pós-cera das clientes. Até hoje, a profissional espera pelo menos três sessões para avaliar se elas podem ou não continuar passando pela epilação expressa, já que existem contraindicações.

"É importante observar se o pelo vai encravar, se volta mais grosso, coisas assim. Já durante os testes, percebi que as clientes que vinham com pelos encravados tiveram uma grande melhora, mas tive também três clientes em que não posso usar minha técnica, porque nelas a foliculite aumentou. A gente tenta três vezes, se não der melhora, orientamos que a pessoa vá pra outra alternativa, como um laser".

Já sobre a vida paralela como influenciadora, Marta comenta que relutou em mostrar seu trabalho nas redes sociais, com medo de ser criticada por sua técnica menos "clássica". Mas, mesmo com comentários negativos, ela defende que seus posts apenas normalizam os pelos.

No início, a maioria dos comentários era de pessoas elogiando com curiosidade. Mas de uns tempos para cá as críticas estão vindo muito também. Muitas vêm de epiladoras que não aprenderam ou não quiseram aprender essa técnica. Outras vêm de quem acha nojento. Tem gente que fala assim: 'ai eu tava comendo, não coloca isso na rede não'. Mas eu penso assim: é só um pelo, você não olha seu pelo todo dia? o que é que tem?"

"Há uns dois anos eu fui para o TikTok, do nada, porque todo mundo colocava fotos daquela virilha cabeluda, só pela metade, e depois a foto dela sem nada, mas só a 'testa'. Aí eu pensei assim: 'gente, eu tenho o molde do negócio, eu tenho a forma ali certinha, é só mostrar isso que eu faço'. E foi aí que estourou na internet", completa a profissional.

Marta atende no bairro de Taquara, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ela afirma que é a favor da "democratização" de técnicas que facilitam a vida das clientes e que, por isso, mantém seus atendimentos a preços acessíveis.

"Brigo muito com preços na hora de comprar o material pra dar um preço bom para o cliente. Se eu colocar o atendimento a R$ 100, quem é que vai fazer? Então, na minha loja, é R$ 60", justifica ela, que já formou alunas no Japão e em vários países da Europa, acompanhando a evolução das profissionais acompanhando seus atendimentos por videochamada.

"É apenas o meu trabalho"

"Pupila" de Marta, Allana também levou a epilação rápida a João Câmara, no Rio Grande do Norte. Mais conhecida como "Lanynha Epiladora", ela trabalha na área há três anos.

No total, cada atendimento da profissional leva em média cinco minutos, incluindo todo o processo do procedimento. Dona de vários vídeos viralizados nas redes, ela ainda acrescentou uma decoração ousada às virilhas já "zeradas", enfeitando a parte epilada com tatuagens temporárias de frases sugestivas, convidando parceiros para um date "animado".

"Viralizei sem intenção de viralizar. Recebi e ainda recebo muitos comentários negativos e de muitas pessoas que não conhecem falando mal. Muitas pessoas falam que é nojento, perguntam porque eu posto isso, mas é apenas meu trabalho. Tenho que mostrar que não me importo com isso não."