Topo

'Rainha Cleópatra': revolta com atriz é 'ódio à beleza negra', diz Guterres

Colaboração para Universa, em Florianópolis

12/05/2023 17h05

O Sem Filtro de hoje (12) falou sobre a série documental "Rainha Cleópatra", da Netflix, que traz a atriz britânica Adele James interpretando a personagem-título. A produção gerou revolta entre egípcios que reclamaram de ver Cleópatra sendo retratada como uma mulher negra.

Mostafa Waziry, chefe de Antiguidades do Egito chegou a afirmar que representar Cleópatra como mulher negra é "uma falsificação histórica". Ele afirma que a rainha tinha "a pele clara e traços helênicos". No programa, as jornalistas falaram sobre a dúvida histórica em relação ao perfil étnico-racial de Cleópatra. A conversa se estendeu sobre o porquê da revolta quando uma pessoa negra interpreta um personagem, quando brancos interpretam diferentes etnias e não há a mesma reclamação.

A jornalista Cris Guterres afirmou que há um ódio à imagem e à beleza negra e, por isso, houve polêmica com a escolha da atriz. Esse ódio, segundo ela, foi construído com base em argumentos que pessoas negras eram inferiores e que essa beleza não era bonita. "Tudo isso foi construído para as pessoas acreditarem que nós não poderíamos estar em outro lugar que não servindo, e isso foi movimentado ao longo dos anos. É inaceitável para muitas pessoas enxergarem a possibilidade de uma Cleópatra negra", disse.

Além disso, ela também destacou a invisibilidade de personagens negros ao longo dos anos, que muitas vezes foram clareados para que pudessem ter a importância histórica que realmente tinham. No Brasil, por exemplo, Machado de Assis muitas vezes foi retratado como uma pessoa branca.

Não tem retorno. Essa invasão de pessoas pretas, deficientes e LGBTQIA+ ocupando espaços que também são delas não tem retorno. É bom se acostumarem porque nós não vamos abrir a nossa guarda. Cris Guterres

Também durante o programa, Semayat Oliveira pontuou que a história do próprio Egito também é negra. Ela citou a filósofa Katiúscia Ribeiro, estudiosa da cultura africana, que classifica o Egito como um território negro-africano.

Antes de entrar nessa discussão se a Cleópatra era uma mulher branca ou se era uma mulher negra, a gente tem que entender que esse território é negro-africano e que estamos acostumados a olhar para a história a partir de uma perspectiva eurocêntrica, com uma leitura sempre tendenciosa. Semayat Oliveira

Menopausa: quando e como começar a se preparar para amenizar os sintomas

Calor, insônia, ganho de peso, falta de memória: Sintomas da menopausa podem aparecer 10 anos antes

Simony x Dudu Camargo: Como mulher pode exigir dinheiro depois de sofrer assédio

Mãe de adolescente: 'Sociedade vê mãe com neném no colo, tem que falar de outra fase', diz Guterres

Assista ao Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

Veja a íntegra do programa: