Americana leva calcinha absorvente com toque brasileiro para EUA e Europa
Fundada em 2017, a marca brasileira Pantys, primeira na América Latina especializada em calcinhas absorventes laváveis e reutilizáveis, surgiu em um mercado que estava curioso e disposto a debater questões de gênero —no contexto de ascensão do movimento #MeToo e coletivos feministas. Seis anos depois, a empresária Emily Ewell, empresária e cofundadora da marca, afirma que o mercado feminino ainda está em tendência de expansão. "Empresas do mercado feminino estão crescendo. É um movimento global", diz.
Em maio, Emily Ewell foi anunciada como uma das vencedoras da Cartier Women's Initiative 2023, iniciativa lançada em 2006 pela marca de luxo francesa com o objetivo de impulsionar empreendedoras de negócios de impacto social ou ambiental.
A CEO da Pantys vai participar, no dia 24 de junho, de sessões de mentoria para mulheres que desejam impulsionar ou ressignificar a carreira durante o Universa Talks, em São Paulo. O ingresso é gratuito, mas o evento é sujeito à lotação. Para se inscrever, clique aqui e insira o código UNIVERSATALKS2023.
Nascida em Virginia, nos Estados Unidos, Emily é formada em engenharia química e desde o colégio se interessou pela área de saúde. "Me apaixonei pelo setor porque é um mercado que movimenta bilhões, mas tem muita complexidade ao envolver o setor público e privado."
Após a faculdade, Emily trabalhou em multinacionais como a Deloitte e Johnson & Johnson, em projetos voltados para mercados emergentes. Foi quando a empresária veio ao Brasil pela primeira vez.
"O Brasil é um dos poucos países no mundo que tem disponibilidade de toda a cadeia da produção de várias indústrias. É um mercado com muita diversidade, perfeito para inovação. Fiquei muito engajada e curiosa com isso. Também me casei com brasileiro e acabei ficando", conta ela, que está há dez anos no país.
Aqui, foi chamada para trabalhar em uma marca brasileira de lingerie que estava expandindo para o mercado americano. "Não tinha nada a ver com saúde, era na área de moda. Mas aprendi muito sobre como criar uma marca, como criar uma comunidade, fazer marketing digital. Então para mim aquela experiência foi como um curso de MBA", conta.
Adaptação para o mercado brasileiro
Da junção do interesse antigo pelo setor de saúde e o contato recente com a marca de lingerie, nasceu a ideia de criar a Pantys. A empresa foi fundada em sociedade com a brasileira Maria Eduarda Camargo.
"Eu estava em crise, o que estava fazendo não tinha nada a ver com meu propósito", lembra. "Embora também seja uma marca de moda, na Pantys pensamos como marca de saúde. No final do dia, as pessoas compram com a gente porque temos um produto menstrual ou para maternidade", diz.
A Pantys se inspirou em marcas estrangeiras que já ofereciam calcinhas para menstruação, mas como um produto auxiliar —geralmente, para absorver eventuais escapes dos absorventes internos. No Brasil, onde a maioria das pessoas utiliza absorventes externos, era preciso pensar em um produto que funcionasse sozinho. Por isso, a empresa trabalhou com tecnologia patenteada e clinicamente testada.
O primeiro estoque de produtos da marca acabou já no lançamento, nas primeiras três semanas de operações da empresa. "O mercado estava pronto para isso e até curioso para entender novas opções para dar mais conforto e sustentabilidade para o ciclo menstrual", afirma.
Temas relacionados ao feminismo estavam em crescente discussão na sociedade quando a marca foi lançada. "Estávamos falando mais abertamente sobre problemas sistêmicos, como saúde feminina e representatividade nas empresas. Havia uma receptividade maior para provar produtos novos."
Valor ambiental e social devem estar integrados em produtos
O propósito que Emily buscava ter em seu negócio se reflete diretamente nos pilares da empresa, como a comunicação. A Pantys foi a primeira marca a usar líquido vermelho para representar menstruação em suas campanhas publicitárias — parece um detalhe, mas para Emily muda completamente a maneira como se fala sobre menstruação, de forma mais normalizada. Na época, conta, o vídeo foi barrado pelo Google porque as imagens foram consideradas chocantes.
O advocacy é outro pilar da empresa. Em maio, a Pantys lançou uma campanha para zerar a pobreza menstrual no Brasil até 2030. Para isso, elaborou um plano a ser apresentado ao governo federal. "É um pilar muito importante para nossa empresa, que apoia outros temas como educação sexual para meninas nas escolas e a pauta ambiental. Fomos a primeira marca de moda no Brasil a lançar um projeto para zerar emissões de carbono", conta.
"Acredito nesse novo modelo em que os valores sociais e ambientais já estão embutidos na empresa. O modelo que opõe lucro a valor social está ultrapassado", diz.
Nos últimos dois anos, a Pantys iniciou uma expansão internacional para Inglaterra, França e Holanda. No próximo semestre, as calcinhas também serão vendidas no Canadá e em todo território americano pela Amazon —a previsão é de que as exportações representem até 20% do faturamento da empresa antes do final do ano.
Universa Talks tem patrocínio de Allegra, Buscofem, Eudora, Gino-Canesten e Intimus.
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