'Se for culpado, que pague': mulher de Robinho disse passar por vexame
O "Sem Filtro" de hoje (27) falou sobre como o ex-jogador Robinho construiu uma narrativa paralela para a esposa, Vivian, ao negar diversas vezes a participação no estupro coletivo pelo qual foi condenado na Itália. As conversas, gravadas pela polícia em 2014, foram reveladas pelo novo episódio do podcast UOL Esporte Histórias - Os Grampos de Robinho.
Em certo momento, Vivian conta que foi surpreendida por detalhes do crime ao ir prestar depoimento na delegacia e cita uma investigação anterior de quando o jogador foi acusado de estupro da Inglaterra —na época, ele foi inocentado. Robinho nega diversas vezes que tenha participado do crime na Itália e joga a culpa nos amigos, além de dizer que ela "não precisa ficar nervosa com a invenção" de que ele havia estuprado a mulher.
Vivian pede ao jogador fale a verdade. Em outro trecho, Robinho admite que chegou a ver os amigos forçarem sexo com a mulher que os acusou, mas se exime de ter participado. "Que eu transei, a possibilidade é zero. Senão, pô, eu falava: 'Vivian, faz um ano atrás, se você quiser terminar comigo, você pode terminar. Realmente transei com a menina, a menina estava lá, transei e o caralho, fiz merda'", diz Robinho.
Os dois são casados desde 2009 e, embora tenham passado por separações temporárias, seguem casados até hoje.
Vivian pede, mais uma vez, que o jogador conte tudo o que aconteceu para a Justiça. "Se você é culpado, que pague junto", diz, afirmando que estaria vivendo um "vexame" com toda a situação.
Os diálogos entre Robinho e Vivian, em que o jogador mente para a esposa e a faz acreditar em uma versão paralela a que conversa e combina com os amigos, são comuns em situações de gaslighting, termo em inglês usado para definir um tipo de violência psicológica.
Segundo a psicóloga Gabriela Luxo, pode acontecer em diferentes relações, sejam elas afetivas ou profissionais. A especialista ressalta, no entanto, que esse tipo de análise só pode ser feito por um profissional que acompanha a vítima nesses casos.
"Essa pessoa que pratica a manipulação mente descaradamente, acontece uma negação da realidade por parte dela, então tudo que a vítima diz é descartado", explica.
Gabriela explica ainda que, pelo fato de a vítima gostar muito da pessoa com quem está envolvida, não consegue acreditar que o outro pode estar mentindo ou a enganando. O questionamento é: "Se essa pessoa disse que me ama, como pode estar me manipulando ou fazendo algo ruim para mim? Então eu que sou ruim".
"A mulher entra nesse dilema e é um exercício muito difícil conseguir observar isso de fora", diz.
Durante o programa, a jornalista e especialista em cobertura de gênero Cristina Fibe disse que a prática de gaslighting é muito comum e, na maioria das vezes, cometida por homens contra mulheres. "Ele faz com que ela pense que está 'louca' e até mesmo 'vendo coisas'. Essas situações te levam a duvidar da sua própria sanidade, da sua percepção dos fatos e também da sua memória."
Fibe também explicou que o gaslighting não é um crime previsto no Código Penal brasileiro. No entanto, o que ele causa, que é a violência psicológica, está previsto no Código Penal. "Isso sim é crime, e dá cadeia e multa."
Já Semayat Oliveira, jornalista e consultora do podcast "Mano a Mano", falou sobre o que acontece quando vítima de manipulação psicológica, ou gaslighting, finalmente enxerga o que está acontecendo. "Quando tiramos totalmente o crédito do que acreditamos, da nossa leitura dos fatos, abrimos um campo gigantesco para a manipulação e perdemos completamente a possibilidade de ir embora", falou.
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Na avaliação de Semayat Oliveira, o que está ocorrendo é sim uma perseguição contra as advogadas. "Se o caso não tivesse vindo à tona, essa menina possivelmente teria continuado com uma gravidez fruto de um estupro. Então, essa exposição, essa notícia, o que veio à tona com a denúncia do caso, expôs a vulnerabilidade do sistema judiciário brasileiro, que permite que uma juíza tente coibir de alguma forma uma criança a permanecer com uma gravidez fruto de um estupro."
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No programa, Cris Fibe e Semayat Oliveira falaram sobre o livro recém-lançado "Um Ex-Amigo" (ed. Paralela) e o que fazer quando um amigo próximo é acusado de assédio ou abuso contra uma mulher. "Acho que precisamos seguir as mesmas diretrizes que seguiríamos se fosse um caso de alguém que não conhecemos. é importante ouvir a pessoa que foi vítima e de fato orientar a seguir com denúncias, se for o caso. Não dá para passar pano", avaliou Semayat.
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Assista ao Sem Filtro
Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.
Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.
Veja a íntegra do programa:
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