Metade das brasileiras não está satisfeita com vida sexual. Como resolver?
A maioria das mulheres acredita que falar sobre sexo é muito importante (57%) e uma parcela um pouco maior, de 62%, se sente totalmente confortável para abordar o assunto com seus companheiros e companheiras. O problema, no entanto, é que essas conversas parecem não estar surtindo tanto efeito: menos da metade (45%) das brasileiras diz estar, de fato, satisfeita com a vida sexual.
Os dados, produzidos pela pesquisa "Prazeres Universa + Tech4sex", mostram que, se mesmo conversando sobre sexo, as mulheres continuam insatisfeitas, algo nessa lógica precisa mudar. Mas como?
Em primeiro lugar, mudando o rumo das conversas. "Grande parte dos casais se comunica, mas muito mal. E se a conversa não vai bem, o sexo quase não existe", explica a sexóloga Camila Gentile, CEO da Exclusiva Sex Shop, empresa pioneira no ramo e que está no mercado há 17 anos.
Camila diz que, no consultório, ouve queixas relacionadas a dores na penetração e a problemas relacionados à menopausa, como secura vaginal e falta de libido. Mas, muitas vezes, as brasileiras não pedem ajuda a profissionais, quem dirá se abrir com o parceiro.
"Em alguns momentos da vida, elas aceitaram um sexo péssimo dos companheiros, rápido e sem preocupação com o que importa mais para ela -conexão, carícias, intimidade", diz a especialista, referindo-se às mulheres heterossexuais. "Em geral, elas também não comunicam os parceiros sobre o que as faz sentir prazer. O famoso 'lambe aqui, mais pra cima, mais para baixo'".
Outros dados da pesquisa corroboram para a percepção de Camila: quando lidam com uma situação desconfortável durante o sexo, mais de um terço das mulheres não fala na hora. Dessa parcela, de 35%, 21% fala depois, em outro momento, mas 14% ignora o desconforto ou fica calada.
É importante, portanto, que os homens se mostrem abertos para a conversa, perguntem e se importem realmente com o bem-estar sexual da parceira, e não esperem apenas que elas os procurem para falar sobre algum problema.
Mayumi Sato, diretora de marketing da E-sapiens, que comanda o Sexlog, maior plataforma de sexo liberal do Brasil, acredita que há ainda um segundo fator que se soma à falta de comunicação: "Ao tentar agradar, muitas vezes deixamos de olhar para as nossas próprias vontades."
Por isso, embora entendam a importância de falar de sexo e se sintam seguras e confortáveis para abordar o assunto com seus companheiros, elas não necessariamente conseguem deixar claras suas necessidades ou se fazer ser ouvidas.
"Mas sou otimista. As novas gerações estão não só conversando mais sobre o tema, mas expondo mais expondo suas insatisfações, negociando suas demandas", acredita Mayumi.
A pesquisa "Prazeres Universa + Tech4sex" entrevistou 1.000 mulheres com mais de 18 anos de todas as regiões do Brasil, variados níveis escolares e diferentes orientações sexuais, raças e contextos familiares entre os dias 26 de maio e 1º de junho de 2023.
Como começar a conversa?
"É importante se conhecer, se tocar, usar vibrador para, então, conversar com os parceiros ou parceiras sobre o que mais gostam", fala Camila Gentile. E, se for o caso, abrir o jogo com o companheiro, dizer que gostaria de se conhecer mais e falar da vontade de explorar mais a própria sexualidade em dupla.
O ideal é que conversas sobre desejos, insatisfações e curiosidades existam desde o início de um relacionamento.
"Para mulheres que começam seus relacionamentos sem esse tipo de conversa, ou cedendo a insatisfações, dizendo que está tudo bem, sem conseguir expor que estão infelizes com algum aspecto da vida sexual, fica mais difícil romper com isso depois", fala Mayumi Sato.
Agora, uma dica prática: recorra a filmes para começar a conversa, e nem estamos falando de pornô. As plataformas de streaming estão cheias de histórias que abordam experiências sexuais, como swing, brinquedos eróticos e ménage.
Mayumi aposta, ainda, em começar a conversa não com "vamos fazer isso?" mas com "vamos descobrir juntos se gostamos disso?" ou "vamos pensar sobre isso?", para, então, entender as inseguranças, os desejos e os limites de cada um.
Universa Talks tem patrocínio de Buscofem, Allegra, Eudora, Gino-Canesten e Intimus.
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