Topo

Desculpa Alguma Coisa

Tati Bernardi faz entrevistas malucas e inesperadas com pessoas que você adora


Marcos Veras sobre relação com ex, Júlia Rabello: 'A gente não se fala'

Colaboração para Universa, em São Paulo

27/07/2023 04h00

Convidado do "Desculpa Alguma Coisa", videocast de Universa com Tati Bernardi, o ator e humorista Marcos Veras falou sobre o relacionamento com a ex-mulher, Júlia Rabello, e com a atual, Rosanne Mulholland.

Marcos começou a namorar Júlia em 2004. Os dois se casaram em 2011 e se separam em 2016. Desde 2017, ele mantém um relacionamento com Rosanne, que viveu a professora Helena no remake de "Carrossel", exibido pelo SBT entre 2012 e 2013.

Marcos Veras: "O luto da separação se apresentou muito rapidamente para mim. Ocupei o tempo, mas em paralelo. É muito difícil se separar. São três letras D: dolorido, difícil, demorado. Admiro muito quem fica logo amigo [do/da ex], eu não passei por isso".

Ele fala sobre a relação com a ex-mulher. "Respeito a Júlia, mas a gente não se fala, não se frequenta. Pode ser que um dia, sim. Tenho um carinho muito especial por ela. A gente passou por muita coisa, não dá para jogar essa história no lixo. É dolorido, e acho que tem que ser mesmo".

O ator contou como conheceu a atual companheira, Rosanne. "Conheci ela filmando, fazendo um longa-metragem. Nos aproximamos, mas não nos relacionamos ali como homem e mulher. Eu estava no processo de separação, ela também, coisas que a vida faz. Nos reencontramos em São Paulo. Aí fomos jantar, nos beijamos e nunca mais nos largamos".

Ela era a professora Helena da nova versão de "Carrossel". Eu era apaixonado pela professora Helena da versão mexicana, e corta para eu me casando com a professora Helena do Brasil. Marcos Veras

"Absorvi a tranquilidade da Rosanne. Ela é muito doce, tranquila. Tem uma ingenuidade, mas não é no lugar ruim. Acho bonito e trago para mim. Com a Júlia eu casei na igreja, foi coisa de novela, que você fala que é para sempre. E foi, por 12 anos. Com a Rosanne foi união estável, mas nunca fizemos um evento", contou ainda.

"Estamos em outro estágio com a chegada do Davi", diz o ator, referindo-se ao filho do casal nascido em 2020.

Nosso relacionamento é padrão, fechadinho, bonitinho. Não tenho mais essa coisa romântica de ser para sempre. Enquanto estiver legal, é para sempre. Marcos Veras

O ator ainda comentou sobre se relacionar com outras atrizes. "É muito difícil não ficar com uma pessoa que não seja da sua profissão. Não sei se posso arriscar e dizer que é assim em outras profissões, como bancário. mas acho que ambiente de trabalho, quando ele é muito intenso, é natural você se apaixonar. Me apaixono pelas pessoas, com todo respeito a Rosanne. Me apaixono. adoro. Também conheci a Júlia trabalhando."

Duas mortes em nove meses

Na conversa, o ator se emocionou ao falar das mortes repentinas de seu pai, aos 58 anos, e, nove meses depois, da irmã, aos 33. As perdas ocorreram entre 2008 e 2009.

Marcos Veras: "Meu pai se aposentou aos 58, era gerente de restaurante, depois virou dono. Ele ficou meio depressivo com a aposentadoria. Sabe gente que trabalha muito e depois não sabe o que fazer? Eu via meu pai meio cabisbaixo. Um belo dia, ele foi para o Ceará, matar a saudade da família. Uma semana depois, pegou uma pneumonia, foi internado. De internado, foi para o coma induzido. Eu larguei tudo aqui, cheguei lá, e ele estava todo intubado".

Marcos diz não ter entendido exatamente o que aconteceu. "Eu só me lembro de uma frase do médico: 'Seu pai tinha uma bomba no esôfago'. Se era câncer, infecção, não sei. Só me lembro dessa frase. Entubou e faleceu em alguns dias. Não acreditei."

"Com toda a minha espiritualidade, a impressão que eu tenho é que ele foi lá para se despedir da família", diz o ator.

Sinto meu pai o tempo todo. Fiz um filme espírita que me trouxe algumas respostas de conforto. Não é possível que acabe aqui. Quando estou no palco, sinto a presença dele, é muito doido. Não é uma coisa material. Eu sinto. Marcos Veras

Na sequência, ele deu detalhes sobre como soube da morte de sua irmã. "Nove meses depois, estou indo para o Projac [antigo nome dos Estúdios Globo]. Ela estava bem, tinha 33 anos, era pedagoga, bem-sucedida. Tinha acabado de se separar e voltado a morar com minha mãe. Eu estava começando minha vida na Globo, no 'Zorra Total'. Toca meu telefone, era minha tia dizendo que minha irmã tinha desmaiado no banheiro. Ela me pediu para voltar. Eu falei que estava começando um trabalho importantíssimo e comentei: 'Não deve ter sido nada'."

No fim do dia de gravação, diz Veras, havia mais 40 ligações perdidas no meu telefone. "Peguei o carro desesperado, cheguei no centro no hospital e já vi minha mãe em prantos. Ela teve um aneurisma fatal e chegou morta no hospital", completou.

A perda do pai e da irmã, segundo ele, lhe deu força para viver. "Não tenho mais medo de nada", completou.

Qual a explicação disso? Eles estão num lugar muito maneiro, cumpriram alguma missão aqui. Marcos Veras

O ator conta que a chegada de sua sobrinha, logo depois da morte da irmã, ajudou no luto da mãe. "Óbvio que ela não é mais a mesma depois dessas duas porradas. Hoje ela tem dois netos, uma neta de quase 15 anos. Minha cunhada estava grávida [quando a irmã morreu], e essa minha sobrinha é a cara da minha irmã. No jeito, fisicamente, emocionalmente. Tem uma ligação muito forte com minha mãe, foi uma sobrevida para ela. Se ela não tivesse chegado um mês depois, não sei como minha mãe estaria."

'Não recebi nada do Porta dos Fundos'

O humorista falou sobre seu tempo no canal de comédia Porta dos Fundos e disse não ter recebido dinheiro algum pelo trabalho.

Marcos Veras: "Participei de todo o início do processo, da criação do Porta, mas não me tornei sócio. Eu estava ali, botei minha vida ali durante dois anos. No início, a gente não recebia nada, o Porta não era ninguém. Depois, quando começou a entrar uma monetização do próprio Youtube, a gente começou a receber R$ 1.000 por mês. Botei energia ali, foi maravilhoso. Para mim, revolucionou a internet".

O ator conta por que não seguiu no projeto de humor e não lucrou quando começou a deslanchar. "Poderia ter sido chamado para ser sócio? Poderia, mas não fui por causa do meu contrato com a Globo", diz. "No começo, eu ia negociando com a Globo porque o Porta era só internet, mas na emissora já me olhavam meio: 'O que é isso, Veras?'. E aí foi crescendo."

"Eu poderia ter ganhado um retroativo", brincou. "Mas não doeu. Eu já estava bem, ganhando dinheiro, fazendo stand-up, novela. Os dois anos foram muito legais, não recebi nada [financeiramente], mas recebi muito elogio, aprendi muito, sou amigo de todos. Um dia eu volto, quem sabe, quando meu contrato terminar."

Ele ainda elogiou o canal de humor.

"Costumo dizer que o Porta profissionalizou o humor na internet. Sempre teve, mas era de uma forma mais amadora, celular na mão. Mas o projeto tinha qualidade de cinema, da direção e dos atores", disse.

Bom moço? Nem tanto

Marcos Veras contou o que o tira do sério. "Não sou esse bom moço que parece, sou bem teimoso. Sou muito disciplinado e isso esbarra no chato".

O ator diz não lida bem com bagunça e chegou a dizer que pode ser até insuportável. "Explodo com coisas que estou falando há um tempão para mudarem e continuam fazendo errado."

Ele deu um exemplo falando que brigou com uma arquiteta que reformava sua casa. "Mas também lido bem com improviso. Se puder resolver, evito problema. Gosto de fazer, mas delego também. No dia seguinte, quero ver pronto".

Humor para curar a dor

Ele explicou por que usa o humor para falar de situações dolorosas, como a perda do pai e da irmã.

Marcos Veras: "[O humor] é o nosso escape mais bonito, a conexão mais rápida, mais carinhosa. O humor e o amor são coisas que andam juntas. Sendo um pouco prepotente, Deus me deu esse dom. Falei: 'Vou contar isso, a morte do pai e da irmã, em um drama? Poderia. Às pessoas sairiam chorando, tristes. Mas quis contar de um maneira leve, dizer que a vida é essa caixinha de surpresas mesmo, e a gente tem que viver o hoje".

"Parece até que sou coach", brinca o ator. "Mas a partida da minha irmã e do meu pai me trouxeram essa lição. Faço planos, penso no futuro mas, hoje, vivo muito mais o presente."

Levo a vida com leveza. Já era assim, mas me preocupava muito com questões financeiras. Nossa profissão é muito instável. Hoje me sinto realizado, tenho uma certa estabilidade, meu filho veio na hora certa. A perda deles me trouxe uma ideia de que tenho que viver agora. Marcos Veras

O ator conclui a explicação sobre sua atual filosofia de vida. "Está ligada à minha personalidade, à profissão. É muito bonito isso de trazer arte, cultura, riso. Vivo cada vez mais curtindo o presente porque não sei se amanhã vou estar vivo. Quero estar porque amo viver, amo minha vida, adoro reunir os amigos. O planejar não me rouba o presente."

Aprendizados com Jô Soares e Fátima Bernardes

O ator contou o que aprendeu trabalhando com grandes nomes do jornalismo, como Jô Soares e Fátima Bernardes.

Marcos Veras: "As pessoas perguntam se tenho algum padrinho artístico. Não tive nenhum na família, andei com as próprias pernas, e falo isso com orgulho. Mas, se pudesse escolher um, seria o Jô, porque minha ida ao Jô mudou muita coisa na minha vida", diz Veras.

Ela relembra sua primeira ida ao programa, em 2009, para participar do quadro 'Humor na Caneca', que recebia diferentes comediantes para uma breve apresentação de stand-up. "No dia seguinte, estava bombando no Youtube".

"Uma semana depois, o Jô me chamou para uma entrevista, sem me conhecer. Repercutiu e, no dia seguinte, minha peça 'Falando a Veras' estava esgotada por duas semanas", contou.

Marcos falou da maior convivência com Jô a partir de então. "Fui mais de sete vezes, sempre fazendo dois blocos. Convivi com ele, nos falávamos por telefone. Foi o momento que mais ganhei dinheiro."

Ele também falou sobre o trabalho com Fátima Bernardes no "Encontro". "Ela é incrível, uma das melhores pessoas que conheci na vida. É exatamente a pessoa que você vê no ar, mas melhor ainda. Ali foi uma escola de TV. Programa diário, ao vivo, com entretenimento, humor, música. Foi quase uma faculdade porque fiz de tudo ali."

O ator também disse tentar não ficar preso apenas ao humor. "Adoro fazer muita coisa. Ao mesmo tempo que isso é confuso na minha cabeça, e talvez para o público, acho bom. Porque o público, diferentemente do mercado, não te coloca numa caixinha. Se você não lutar contra isso, não faz nada diferente. Eu luto, venho sendo chamado para trabalhos diferentes e acho que o espectador gosta."

9 perguntas e 1/2 de amor

Assista à entrevista na íntegra:

O programa "Desculpa Alguma Coisa" vai ao ar às quartas, às 20h, no Canal UOL, no YouTube de Universa e em plataformas de áudio.