Depois de câncer aos 29, consultora criou rede para troca de experiências
Quem luta contra doenças graves — como o câncer — costuma fortalecer-se ao trocar experiências com outras pessoas que já viveram a mesma situação. Foi o que aconteceu com a educadora Micheli Bocchi, finalista do Prêmio Inspiradoras na categoria Consultora de Beleza. Durante o tratamento contra o câncer de mama, sentiu que precisava conversar com alguém que já tivesse passado por aquilo. Encontrou em uma conhecida de sua mãe o que chamou de "amiga do peito".
"Ter com quem dividir uma história tão difícil fez toda a diferença no meu tratamento", afirma.
Decidiu, então, multiplicar a experiência para que outras mulheres pudessem ser acolhidas da mesma forma. Assim nasceu o Amigas do Peito e a Corrente do Bem, uma rede de pacientes e ex-pacientes de câncer de mama moradoras de Jales, no interior de São Paulo, e cidades vizinhas. Além dos papos virtuais, elas promovem encontros presenciais com especialistas que atuam na oncologia, como médicos, enfermeiras e psicólogas.
Além disso, organizam o evento "Diva do Mês", com oficinas de automaquiagem e outras ações para reforçar a autoestima de mulheres em tratamento. A cada mês, uma delas é escolhida de acordo com a posição em uma lista de inscrição.
Prêmio Inspiradoras | Categoria: Consultora de Beleza
Enquete encerrada
Total de 6400 votosPalestras, ensaios fotográficos e conversa
A professora Franciele Cristina Sanches, 38, foi diagnosticada com câncer de mama aos 33. Na época, era colega de trabalho de Micheli Bocchi em uma escola pública na cidade de Pontalinda, próxima de Jales. "Nossa relação era estritamente profissional. Mas, no momento em que iniciei o tratamento, a Micheli se tornou uma grande amiga", diz Franciele.
Além da simples presença, que já faz uma enorme diferença, Micheli levava orações e dava dicas práticas e de bem-estar para passar pelo tratamento. Em uma das conversas, contou sobre a página que mantinha nas redes sociais, a "Amigas do Peito e a Corrente do Bem", e manifestou o desejo de ampliar o projeto para incluir mais mulheres.
Em 2018, durante as campanhas do Outubro Rosa, Micheli fez o primeiro encontro presencial do grupo. Franciele não pôde participar, porque, à época, submetia-se a sessões de quimioterapia que a deixavam fisicamente fragilizada. Mas tinha a certeza de que, no evento seguinte, estaria lá.
E esteve mesmo. "Em 2019, eu, Micheli e mais três meninas fizemos um ensaio fotográfico e produzimos a camiseta da organização, que tem o símbolo da borboleta", conta. Era o primeiro passo rumo a uma parceria que permanece até hoje. Franciele coordena o Amigas do Peito ao lado de Micheli.
Em 2020, durante o isolamento imposto pela pandemia, as duas organizaram reuniões online e arrecadaram fundos para o hospital da cidade: "Micheli transformou minha vida com perseverança. Ela não desistiu de mim. Hoje esse projeto também é minha vida", afirma Franciele.
Agora ela já pode retomar o sonho da maternidade
Foi em 2016, aos 29 anos, durante exames para investigar um sangramento no seio esquerdo, que Micheli descobriu o câncer de mama. Por ser muito jovem, não havia imaginado que o tumor seria a causa do problema.
Meu chão se abriu, mas na hora pensei que aquilo tinha um propósito. Nada acontece por acaso. E ficar doente faz parte da condição humana. Micheli
Um ano depois, em 2017, a educadora estava em processo de quimioterapia quando fez um vídeo caseiro e postou no YouTube, apoiando a campanha do Outubro Rosa. Em seguida, passou a receber mensagens de outras mulheres que estavam em busca do compartilhamento de histórias e troca de experiências.
Era o início do projeto. Micheli buscou então o Hospital de Amor, em Barretos, onde fazia o tratamento, para formar um grupo interno de pacientes e amigas.
Por causa do câncer, ela precisou atrasar alguns sonhos, como o de ser mãe. Mas tem certeza de que o projeto foi importante para que continuasse a planejar o futuro. Passado o tratamento, hoje ela está novamente se preparando para ampliar a família.
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