Vítima de assédio, agente de saúde ensina mulheres a enfrentar violência
Faz parte do dia a dia da agente de saúde Claudiana Ferreira, 39, que concorre ao Prêmio Inspiradoras na categoria Consultora de Beleza, visitar comunidades na região da cidade onde vive, São José da Tapera (AL). Os lugares e as pessoas nem sempre são iguais, mas dois problemas (que não necessariamente têm correlação) se repetem: a violência contra mulher e o câncer de mama.
Além da frequência do drama, o que incomoda Claudiana é a falta de ações para enfrentá-lo —e o silenciamento imposto às mulheres que os enfrentam.
Foi então que, em 2019, decidiu criar o projeto Previne Mulher. São ciclos de palestras em escolas e postos de saúde da região para tratar de saúde feminina. Contra a invisibilidade das vítimas de violência e doença, fundou o #taperaporelas, uma rede online unida pela hashtag, conectando histórias.
Pediu-se às mulheres que enviassem uma foto e uma frase de autoria própria contra a violência, incentivando vítimas a buscar apoio. As publicações passaram a ser compartilhadas no Instagram do Previne Mulher.
Um dos objetivos do projeto é mostrar a importância de se quebrar o silêncio dentro de uma rede de segurança, não em qualquer lugar. Claudiana
A partir daí, recebeu apoio e engajamento de mulheres de outros estados, como São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Bahia. O trabalho tomou outra proporção, alcançando mais de 5 mil pessoas por meio das publicações.
Prêmio Inspiradoras | Categoria: Consultora de Beleza
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Total de 6400 votosParcerias online para promover autonomia feminina
Foi uma publicação no Instagram, em julho de 2021, que conectou a publicitária Mariana Cammarano, 44, a Claudiana Ferreira. Ela tem um projeto de empreendedorismo feminino e, durante a pandemia, fazia lives para debater o assunto e compartilhar estratégias de marketing.
As duas começaram a conversar depois de uma postagem da publicitária sobre a teoria do iceberg, segundo a qual a maior parte das pessoas enxerga apenas o que é exposto. Já o que fica escondido, como a violência psicológica, passa despercebido.
Mariana passou, então, a convidar a nova colega para participar das lives. "As barreiras para que mulheres empreendam não são apenas técnicas. O mercado de trabalho é extremamente violento", diz.
Além dos encontros virtuais, a dupla passou também a produzir conteúdos para grupos de WhatsApp e páginas no Instagram, onde o Previne Mulher e o Tapera por Elas já tinham um engajamento considerável.
"Precisei dizer não muitas vezes"
Não era apenas em histórias de outras mulheres que Claudiana flagrava a violência. Ela mesma já foi vítima de assédio moral e sexual no trabalho. "Precisei dizer não muitas vezes", conta. Convivia com o incômodo, sem saber como agir, até que descobriu o edital do Juntas Transformamos, programa do Instituto Avon para apoiar projetos sociais liderados por consultoras de beleza.
Desde então, percebeu que mais mulheres deveriam ter acesso ao conteúdo das mentorias do projeto. Com o objetivo de disseminar o conhecimento adquirido com o Juntas Transformamos, Claudiana decidiu tratar de outros assuntos em suas palestras, como assédio, violência contra a mulher e empoderamento econômico.
Com a página do Instagram e a linha de transmissão do WhatsApp, começou a receber mensagens pedindo para que levasse o projeto para outros espaços. Hoje, Claudiana segue realizando seu trabalho, ministrando palestras para combater a violência, e monitorando a rede de apoio online, o Tapera por Elas.
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