Com remo, professora põe esporte na rotina de pacientes de câncer de mama
Finalista do Prêmio Inspiradoras na categoria Atenção ao Câncer de Mama, a pesquisadora Patrícia Chakur, doutora em educação física pela Universidade de São Paulo (USP), é atleta e coordenadora do Remama. Trata-se de um programa de remo para reabilitação de quem passou pelo câncer de mama. A ideia é contribuir, por meio do esporte, para melhorar as condições de vida dessas mulheres.
"Já sabemos que a atividade física reduz a incidência ou a reincidência de câncer e diminui os efeitos adversos da doença", diz a pesquisadora, autora de importantes estudos que mostram os efeitos positivos dos exercícios no combate ao câncer de mama. O acompanhamento das integrantes do Remama tem permitido realizar estudos mostrando a maneira específica como a atividade física influencia no tratamento.
No futuro, esperamos que seja possível prescrever a prática de exercícios com base em dados científicos. Patrícia
Prêmio Inspiradoras | Categoria: Atenção ao Câncer de Mama
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Total de 2952 votosAtivas após o tratamento
O Remama nasceu em 2013, quando Christina Brito, coordenadora médica do Serviço de Reabilitação do Icesp, conheceu um movimento internacional criado pelo médico canadense Donald McKenzie. Por meio de pesquisas, ele queria desmistificar a crença de que a prática esportiva não era indicada para pacientes afetadas pela mastectomia e a retirada de linfonodos.
"Isso faz com que a drenagem da região do braço fique prejudicada e muitas têm linfedema (quando o acúmulo de linfa nos tecidos causam inchaço)", explica Patrícia.
Segundo ela, McKenzie começou esse movimento de remo com mulheres que tiveram câncer de mama para mostrar que a atividade física não só deveria ser prescrita, como também trazia benefícios.
Atualmente, o Remama atende 50 mulheres e é mantido por uma parceria entre o Centro de Práticas Esportivas da USP (o Cepeusp), o Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), a Escola de Educação Física da USP, a Associação para a Educação, Esporte, Empreendedorismo e Direitos dos Pacientes da Divisão de Reabilitação do Hospital das Clínicas e a Rede Lucy Montoro de Reabilitação.
No mundo, existem cerca de 290 equipes de remo formadas por sobreviventes da doença —20 estão no Brasil. O fato de ser ligado a um programa de reabilitação de um serviço público de tratamento do câncer diferencia o Remama de outras equipes.
Médica, pesquisadora e atleta
Patrícia conhece os benefícios do que estuda na prática. Quatro vezes por semana, é uma das atletas que treinam nas raias da USP. Em 2014, ela começou a aprender canoagem e, três anos depois, migrou para o remo. Hoje, faz parte da equipe master de remo do Cepeusp.
Durante um treinamento na raia olímpica da universidade, em 2017, Patrícia ficou curiosa sobre um grupo de mulheres que remavam ali. Eram pacientes do Icesp, em etapa de reabilitação, depois de tratamentos como quimioterapia e cirurgia de câncer de mama.
Foi assim que conheci o Remama e recebi o convite para me juntar ao grupo. Patrícia
Os ganhos do Remama com a coordenação de pesquisa
A chegada de Patrícia fez o grupo evoluir. "O Remama se fortaleceu na pesquisa. As pacientes são acompanhadas pelos alunos de pós-graduação e tudo é feito sob a supervisão dela", diz Denise Chagas, uma das integrantes do Remama. Além de praticar o esporte, ela atua como voluntária do programa, auxiliando na organização das informações e na comunicação entre as instituições participantes. Ao todo, 28 estudantes, de graduandos a pós-doutorandos, participam de pesquisas no Remama.
Em 2015, Denise recebeu o diagnóstico de câncer de mama e precisou fazer uma mastectomia no Hospital da Mulher, em Santo André (SP). De lá, foi encaminhada para o Icesp, onde passou por oito sessões de quimioterapia e 33 de radioterapia.
Pouco tempo depois, começou a perceber um inchaço no braço esquerdo. No início de 2017, chegou ao Remama. A experiência foi "libertadora", pois se percebeu capaz de fazer mais do que imaginava. "Deixei de ser paciente para ser aluna", diz Denise.
Dedicação à fisiologia
Doutora em fisiologia do exercício, a professora paulista seguia sua trajetória acadêmica estudando os benefícios da atividade física para o coração. Até que um orientando disse que queria pesquisar a importância do exercício para evitar a perda de massa muscular no câncer. "Entrei nessa seara da oncologia para não sair mais", conta. Hoje, seu laboratório na Faculdade de Educação Física conduz pesquisas sobre os mecanismos moleculares que levam o exercício físico a fortalecer o coração e a massa muscular, além de diminuir o volume do tumor em pacientes com câncer de mama.
Os trabalhos da pesquisadora voltados para o Remama não pararam durante a pandemia. Na fase em que não havia aulas presenciais de remo, Patrícia lançou o RemamaON, plataforma virtual gratuita com aulas duas vezes por semana, para que as alunas se mantivessem ativas.
Deu tão certo que se tornou um projeto de extensão universitária. Rebatizado de OncoFit, o programa integra 25 alunas e tem três professores e cinco bolsistas. São exercícios complementares aos feitos na raia. "Mulheres que não sabem nadar ou não conseguem participar das atividades presenciais pela falta de vagas são beneficiadas pelo programa", diz Patrícia.
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