Iza se livrou de relacionamento tóxico: como saber se você está vivendo um?
Iza e o produtor musical Sérgio Santos encerraram o casamento de 4 anos em outubro do ano passado e, segundo a coluna de Lucas Pasin, em Splash, a coisa não foi amigável. A cantora disse que chegou à conclusão de que vivia em um relacionamento tóxico depois de ser muito tempo sendo alertada por pessoas próximas.
O problema é que, para quem está dentro de um relacionamento, esse tipo de percepção não é tão simples. Como, então, identificar se você está vivendo uma relação tóxica ou, ainda mais crítica, abusiva?
Uma questão é certa: nos dois casos, não é fácil se libertar, apesar de ser extremamente necessário, pois ambos trazem prejuízos para o lado mais vulnerável.
Tóxico ou abusivo: vamos às diferenças e como as notar
Relacionamento tóxico é aquele que faz a vítima - seja homem ou mulher - se sentir mal, presa ao passado e à relação, sem chances de crescimento pessoal. Costuma se limitar ao campo psicológico e acontecer em qualquer tipo de vínculo: amoroso, familiar, em amizades e até no ambiente profissional.
"Um relacionamento abusivo é aquele em que o abuso emocional é adotado para conquistar poder e controle sobre o outro", pontua o psicólogo Yuri Busin, doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio (Casme).
Pode ocorrer de diferentes formas: insulto, crítica, ameaça, desprezo, intimidação, xingamento, ridicularização, mentira e outras atitudes negativas. Diferente da conexão tóxica, a abusiva domina o campo psicológico e pode evoluir para o ataque físico.
"A principal diferença é que a pessoa tóxica, geralmente, não percebe sua conduta. É alguém de mal com a vida, mas que praticamente não tem intenção de ferir ou machucar o outro. Já o abusador sabe muito bem o que está fazendo, calcula seus passos, premedita, não sente piedade ou compaixão pela vítima", avalia Nívea Loza, psicóloga e neuropsicóloga.
Quem é o agressor
O dono do perfil tóxico está habituado a reclamar de tudo e de todos. Julga e critica com a mesma frequência, suga a energia alheia, mas nem sempre se dá conta do que faz. "A grande maioria age sem perceber e, quando é alertada, choca-se, pois não imagina o desconforto que causa no outro. Muitas vezes, se sente culpado, mas vive uma vida de pessimismo e infelicidade", diz Nívea.
Como lembra Yuri, qualquer pessoa pode apresentar um ou mais comportamentos tóxicos, o que não torna, obrigatoriamente, a relação tóxica. "Isso só vai acontecer se houver consistência, intensidade e dano", argumenta o especialista.
Já o agressor abusivo, em geral, conquista a presa por ser muito sedutor, gentil e amável no começo. Depois de um tempo, com a vítima vulnerável e dependente, começa a tornar a vida dela um verdadeiro filme de terror. É extremamente controlador, frio, intolerante e imprevisível. Do nada, muda de comportamento.
Faz com que surja os sentimentos de culpa e merecimento por todo o sofrimento. Além disso, o abusador consegue afastar o outro da própria família e dos amigos, dificultando o pedido de ajuda.
Como identificar uma relação tóxica
Numa relação tóxica, há muito ciúme, falta de liberdade e cobranças excessivas. Yuri observa que a pessoa mais frágil se torna dependente do par em tudo e acaba se acostumando à situação. Neste contexto também ocorre:
- A vítima não manifesta suas necessidades, inclusive sentimentais, pois é sempre ridicularizada ou ignorada, o que ocorre depois de brigas e promessas vazias.
- Não fazem atividades em conjunto, pois um não se esforça para estar ao lado do outro, principalmente em momentos importantes.
- Ameaças de término e afastamento são constantes, na tentativa de convencer a pessoa mais vulnerável a aceitar opiniões e práticas.
- O "não" da vítima, sobretudo em relação ao que não quer fazer, nunca é respeitado.
- Erros passados são lembrados a todo instante, como forma de controlar, manipular e fazer o outro se sentir culpado.
- A autoestima da vítima fica lá embaixo, já que é criticada o tempo todo. Sua energia se deteriora.
Como identificar um relacionamento abusivo
- Abusador quer manter uma vantagem sobre o outro, na relação.
- O manipulador cria uma realidade para a pessoa mais vulnerável, negando ou distorcendo fatos a fim de sustentar suas opiniões. O outro, por sua vez, se torna mais inseguro e ainda mais frágil e passa a concordar com tudo.
- O agressor faz ofensas travestidas em piadas ou justifica seus comentários como brincadeiras.
- Não reconhece os pontos fortes e minimiza as conquistas da vítima.
- Controla os passos da pessoa de forma velada, sempre querendo saber onde está, como se fosse uma preocupação real.
- O abusado "pisa em ovos" para não decepcionar o agressor. Chega a pedir desculpas, mesmo não tendo feito nada errado.
- Quem causa sofrimento pede perdão e diz que vai mudar, levando a vítima a acreditar que tudo será diferente.
- Já aquele que sofre passa a acreditar que é inútil ou que não há melhor opção de companhia em sua vida.
Na relação amorosa, o sentimento da vítima em relação ao outro pode ser verdadeiro e, por isso, ela mantém o vínculo. Ou, ainda, sente vergonha de admitir que o par é abusivo, tem medo de julgamento, do desprezo e até de preconceito da sociedade. "O sentimento é potencializado quando existe um casamento, filhos e finanças compartilhadas", observa Yuri.
Da autoestima abalada ao risco de morte
Tanto o relacionamento tóxico como o abusivo vão afetar negativamente o dia a dia da vítima. Nívea acredita que a segunda situação seja mais cruel e prejudicial, já que existe um grau de perversidade bem maior, chegando à violência física e abrindo brecha para risco de morte.
Algumas consequências identificadas são:
- Tóxico: baixa autoestima, falta de energia, medo constante da vida e contaminação de energia negativa - ou seja, a vítima também pode se tornar uma pessoa tóxica, afetando outras pessoas.
- Abusivo: medo, pânico, baixa autoestima, solidão, culpa, sofrimento, afastamento, prejuízos cognitivos, depressão e até a morte.
Como se livrar da situação
No relacionamento tóxico, a saída é um pouco mais tranquila, na opinião da neuropsicóloga. Segundo ela, muitas pessoas identificam o problema por conta própria, percebem a mudança de comportamento e a causa e optam por se afastarem. "Isso ocorre porque quem é tóxico não é agressivo como o abusador. A relação é mais amena, menos doentia", pondera.
No outro caso, por causa do isolamento que a pessoa mais forte impõe, a vítima se vê sozinha, com muito medo, sem forças e em sofrimento profundo. "A recomendação para um relacionamento abusivo é, no menor sinal de violência ou comportamento extremo, avaliar bem onde está entrando e tentar sair, pois o abusador nunca recua e a violência só aumenta", alerta Nívea. Pedir ajuda para pessoas próximas e confiáveis pode ser importante nesse momento.
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