'Não romantizo a maternidade': jovem de 22 anos comemora laqueadura

Paloma Melo decidiu fazer uma laqueadura com apenas 22 anos. Feliz, a epiladora viralizou após postar fotos comemorando o procedimento, realizado no último sábado (5) em um hospital do Rio de Janeiro. Mãe de Isabella, de 2 anos, a jovem garante que não se deixou abalar pelos comentários questionando sua escolha, debatida em família.

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"Eu e meu esposo pensávamos em ter só um filho, um menino. Aí tive uma menina e a gente decidiu não tentar mais. Foi quando eu falei para ele que eu queria laquear, que tinham aprovado uma nova lei", explica ela em conversa com Universa.

Paloma se beneficiou da lei 14.443/2022, aprovada em agosto do ano passado no Senado. A nova regra, que entrou em vigor em março, reduziu de 25 para 21 anos a idade mínima para laqueaduras e vasectomias, dispensando a autorização do cônjuge.

A jovem viu um post sobre cirurgias ginecológicas minimamente invasivas nas redes da Maternidade Domingos de Lourenço, em Nilópolis, onde já costumava se consultar. Ela decidiu marcar uma consulta para saber mais sobre a laqueadura e teve seu desejo de retirar as trompas totalmente respeitados, de acordo com o determinado pela lei.

Foi supertranquilo, não teve nenhum impedimento. Já na primeira consulta a doutora já me passou todos os exames necessários e falou que quando estivessem prontos ela daria entrada no pedido de cirurgia para o plano de saúde. Nesse meio tempo a minha neném ficou internada duas vezes, o que atrasou um pouco o processo. Quando ela teve alta, eu fiz e já mandei pra ela. O plano liberou em menos de 28 dias."
Paloma Melo

Menos de dois meses depois de começar o processo, às 18h de sábado, a epiladora fez a cirurgia. Já no domingo, ela teve alta. O procedimento foi simples, feito por videolaparoscopia — em que a retirada das trompas é feita por uma pequena incisão no umbigo.

Paloma optou pelo método definitivo depois de enfrentar problemas com outros contraceptivos. Ela chegou a colocar um DIU depois do parto da filha, mas não conseguiu se adaptar. A certeza de que não quer mais filhos a fez recorrer à laqueadura.

"Eu coloquei o DIU de hormônio, que a maioria das mulheres consegue ficar sem menstruar. Mas no meu foi o contrário, a minha (menstruação) aumentou muito e eu comecei a passar muito mal", conta.

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"Eu não romantizo a maternidade"

Apesar de receber comentários questionando sua escolha, Paloma também recebeu diversas mensagens de mulheres interessadas no procedimento. Com autorização dos médicos, ela divulga os nomes dos profissionais que a orientaram durante todo o processo, deixando claro os prós e contras da laqueadura.

"Eles explicam detalhadamente que não é reversível, que eles não amarram as trompas e sim retiram, e que se um dia a mulher quiser engravidar novamente só dá por fertilização in vitro. E todo o tempo eles perguntam: 'tem alguma dúvida em relação a isso?'", afirma Paloma, destacando que está segura da própria decisão.

Acontece de meninas muito novas terem vários filhos por não terem um método que seja mais eficaz do que uma simples pílula, do que uma camisinha. Então, se a pessoa já tem uma quantidade boa de filhos ou simplesmente não quer ter filhos, e a pessoa deseja fazer, eu acho que tem total direito. Porque é a liberdade de escolha da pessoa. Tem que existir liberdade de escolha se eu quero ser mãe ou não."

A epiladora teve sua primeira — e única — filha aos 20 anos, em uma gravidez não planejada. Sua ideia agora é focar na criação da menina, sem reviver as experiências dos primeiros anos como mãe.

"Não romantizo a maternidade. É difícil e foi difícil, apesar de estar 'melhorzinho' agora, que minha filha já está com 2 anos e tem uma certa independência. Eu falei: não quero passar pela fase de ter um recém-nascido de novo. Pra mim, essa foi a parte mais difícil, a privação do sono e não conseguir identificar, de fato, o que aquele recém-nascido quer naquele momento", detalha.

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O marido de Paloma "apoiou totalmente" as ideias da mulher para o futuro e também deve passar por uma esterilização nos próximos anos.

"Ele falou: 'depois eu posso fazer uma vasectomia também, para deixarmos a Isabela como filha única mesmo se não estivermos mais juntos'. Nós estamos muito unidos e somos muito parceiros, muito amigos. A gente passou por uns momentos difíceis com a nossa filha, porque ela já ficou internada várias vezes. Então, o que a gente quer é dar um bom futuro pra ela, dar bons estudos, um bom plano de saúde. Esse é o nosso pensamento", concluiu.

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