Jovem com gravidez psicológica ficou de luto por um ano: 'Meu mundo caiu'
O "Sem Filtro" de hoje (15) falou sobre gravidez psicológica. A personagem da atriz Lucy Ramos em "Amor Perfeito" passou pela situação por seu grande desejo de ser mãe. E longe das novelas, isso também acontece.
"Achei que seria dureza quando soube, mas trazer esse tipo de assunto para a novela gera reflexão", diz Lucy a Universa. A social media Gisele Ramos, 21, passou por isso. Na época, ela tinha terminado um namoro abusivo e se afastado da família. Abalada psicologicamente, foi morar sozinha.
"Minha menstruação estava atrasada e eu tinha crises de pânico seríssimas. Não saía de casa. Tinha dias que nem abria a janela. Comecei a ver minha barriga crescer, meus seios ficarem diferentes, sentia tontura, enjoo, mas não tinha coragem de ir ao médico", conta para Universa. Quando, pelos seus cálculos, completaria sete meses de gestação, falou para uma amiga sobre o que estava passando. Foi quando ouviu sobre gravidez psicológica pela primeira vez.
"Mulheres com gravidez psicológica sentem a barriga crescer, os seios aumentarem, podendo até gerar leite. Por vezes, sentem também enjoos", comenta a ginecologista Carla Iaconelli, especialista em reprodução humana. Gisele procurou um médico quando estimava estar com oito meses de gestação.
"Quando ele fez o ultrassom, disse que eu não estava grávida. Meu mundo caiu. Amava aquela criança. Não estava bem psicologicamente, tinha até pensamentos suicidas, e a gravidez era o que estava me dando felicidade", diz.
A ginecologista Karen Rocha de Pauw afirma que o quadro é incomum, mas alerta: achar que está grávida não quer dizer que você tenha uma gravidez psicológica. Para isso, são necessários sintomas físicos, como ocorreu com Gisele.
Tratamento e vergonha
A jovem procurou tratamento psiquiátrico. "Fui para casa e chorei como se tivesse perdido um filho. Fiquei de luto por um ano, demorei para acreditar no que o médico me disse", conta.
A psicóloga Larissa Fonseca, especialista em ansiedade, crise de pânico e burnout, explica que, mesmo sem bebê, esse o luto é real. "Temos que trabalhar as expectativas". Segundo ela, a mulher tem de aprender a conviver com a realidade.
Karen reitera ser primordial que a paciente seja acolhida. "É importante saber lidar, pois a mulher deve estar em uma situação emocional muito frágil. Falar que é loucura e frescura só atrapalha."
Um dos medos de Gisele era justamente que as pessoas a julgassem, já que estava enfrentando um problema psicológico. "Batia uma angústia, medo de ser encarada como louca. Então dizia que eu havia perdido o bebê", conta.
A psicóloga afirma que esse medo é comum. "Muitas vezes, a pessoa sente-se diminuída por ter vivido um transtorno. A sociedade julga como culpa de quem sofre, e não é."
"Espero que eu possa ajudar muitas mulheres, para que elas não se sintam loucas e sozinhas", diz Gisele.
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