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Desculpa Alguma Coisa

Tati Bernardi faz entrevistas malucas e inesperadas com pessoas que você adora


Max Petterson conta perrengues em Paris: 'Dormia sem nada pra comer'

Colaboração para Universa, em São Paulo

24/08/2023 04h00

Convidado do "Desculpa Alguma Coisa", videocast de Universa com Tati Bernardi, Max Petterson contou as dificuldades que passou ao se mudar para estudar em Paris.

Max Petterson: "Cheguei com mil euros. 300 e pouco pra pagar a inscrição da universidade, 300 e pouco pra pagar o aluguel do quarto que eu dividia com outro rapaz. Fora isso, tive que comprar comida. Sobrou 200 euros. Passei cinco meses em Paris sem dinheiro fixo, mas sobrevivi".

"Com uma semana que eu estava lá, uma cineasta de São Paulo estava fazendo um documentário sobre uma moça provando comidas francesas. Fiquei ajudando ela na produção, de graça. A moça comia o prato, o que sobrava ela dava pra produção e eu me alimentava. Meu primeiro emprego em Paris foi entrega de delivery. Eu ia entregar sem carro. Ela me pagava dez euros por entrega. Me dava [de uma vez] cinco entregas, o que era pro dia todo", contou.

Levava várias sacolas pesadas, de metrô, de ônibus, olhando mapa de papel. Depois comecei a fazer limpeza. Eu substituía uma funcionária quando estava de férias. Lavava quatro banheiros e cerca de 30 escritórios. ganhava cento e poucos euros por mês. Max Petterson

Max contou ter sofrido golpes no começo. "Eu ia vivendo. Os empregos eram por contato em comum. Eu só sofri golpe em Paris por brasileiros. Quem mais me deu golpe, calote, foi o público brasileiro. Tem brasileiros incríveis, mas tem muitos ruins. Essa brasileira da faxina, quando ela me deu esse emprego de faxina, ela me manipulou como se fosse algo bom. Minha gerente que era brasileira jogava pra mim um papo meio passivo agressivo e eu limpava os meus cômodos e os dela".

A França pra mim foi uma escola. O que mais me salvou lá foi a alienação. Eu botava na minha cabeça que se nada desse certo, eu voltava pro Cariri. Dormia sem nada pra comer mas na minha cabeça estava dando certo. Passei fome. Sabia que era efêmero. Quando hoje paro pra pensar no que vivi naquela época, não sei se hoje eu teria coragem de novo. Max Petterson

Max disse que sua família só soube do que aconteceu anos depois. "Eu estava do outro lado do planeta e minha mãe só soube do que eu passei depois que eu postei no Youtube. Quando contei lá [no Youtube], não foi pra ganhar like, foi pra entenderem que nem tudo são flores. Teve dia que juntei 100 moedas de um centavo pra comprar um baguete de um euro. Passava o dia comendo ela, nem era pra matar a fome, era pra não desmaiar. Esse período extremo durou três meses. Você passar um dia sem saber como vai ser o dia seguinte é uma eternidade".

"Quando eu trabalhava fazendo faxina, eu imprimia muito currículo escondido e distribuía. Imprimi mais de 100. Uma vez me ligaram, era o chefe de uma grife francesa, o geral. Não sei como, mas ele se apaixonou pelo meu jeito e me botou na maior loja que tinha na Europa. Meu salário passou de 120 e poucos euros pra 1800 euros. Foi a primeira vez que vivi Paris de verdade", contou.

Max respondeu ainda se acha que viveu uma crise de ansiedade. "Nessa época, não existia ansiedade, a gente não falava disso, se não teria tido, com certeza. Não sei o que eu tive. Eu era muito feliz, dentro da minha infelicidade. Não sei explicar isso. Sempre queria me vestir bem, fazia muita foto, minhas brincadeiras. Eu ainda era feliz, não sei explicar".

Ceará ou França? Max Petterson diz qual dos dois escolheria

Max Petterson contou como se comporta ao voltar de Paris para o Ceará, sua terra natal. "Eu moro em Paris tem oito anos, vai fazer nove. É minha casa oficialmente. mas em um ano, fiquei dois meses lá. Aos poucos tá deixando de ser minha casa, minha casa agora é lugar nenhum. Estou um pouco de cada dia em cada lugar. mas no Brasil, minha residência oficial, se fosse dizer, seria no interior do Ceará, Cariri, que é onde estão minha mãe e minha vó."

Max Petterson explica por que não expõe vida pessoal: 'Não tenho controle'

Max Petterson explicou o motivo de não expor sua vida pessoal. "Eu só libero coisas que eu sei que tenho total controle. Stand up, podcast. Eu não tenho controle da minha vida pessoal, então eu prefiro não falar. Se eu falar algo da minha vida pessoal, daqui a pouco começa o julgamento das pessoas".

Max Petterson diz como vida mudou após viralizar: '2 dias sem ir trabalhar'

Max Petterson contou como sua vida mudou após ter viralizado com um vídeo onde falava do fedor dos parisienses no verão. O humorista conta que já trabalhava fixo no ramo da moda há quatro anos quando o vídeo explodiu. "Foi tão gigantesco que eu passei dois dias sem trabalhar. Eu disse pra minha gerente que eu não sabia o que estava acontecendo na minha vida. Apesar de eu ser artista, você sair do anonimato total pra uma fama repentina... Você não sabe se vai durar".


Max Petterson sobre reação da família à ida a Paris: 'Sensação de enterro'

Max Petterson contou como sua família reagiu à sua mudança para Paris. "Eu chorava, mas não pra que elas [mãe e avó] vissem pois eu me vejo muito como um ponto de força. Se eu demonstrasse fraqueza, ia virar um chororó muito grande. Mas a sensação que eu tinha era que era meu enterro. Sabe quando você sonha ou vê em filme que a alma sai do corpo e você vê seu enterro? A sensação era essa, que eu estava morrendo e não ia voltar mais nunca."

Max Petterson: 'É o jeito que eu conto que faz a pessoa rir'

Max Petterson falou a respeito de seu trabalho na comédia. "O cearense, sendo meio clichê, tem a capacidade de fazer as pessoas rirem. No teatro eu era mais do drama, do contemporâneo. E eu entendi que eu me dava muito bem com a comédia, sendo como um personagem ou não. Então, eu trouxe isso pra dentro do teatro. Pensei: 'Mais vale eu fazer comédia e ganhar minha vida do que eu fazer drama e ninguém assistir", brincou.

Max Petterson diz não ser romântico: 'Confundem com não ter sentimento'

Max Petterson contou não se considerar uma pessoa romântica. "De romântico eu passei longe. Confundem com não ter sentimento. Cada pessoa expressa carinho e gratidão de uma forma, mas cabe a você enxergar. São formas de afeto que são dadas diferentes. Se eu lhe amo 100% e você só 50%, as vezes seu 50 é seu máximo."

Max Petterson fala os limites de seus posts e se é mais fácil flertar no Brasil ou na França

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