Tá difícil ter prazer no sexo? Vale a pena investigar 8 possíveis causas
Colaboração para Universa*
17/09/2023 04h00
A maioria dos distúrbios sexuais —desejo em baixa, dificuldade para atingir o orgasmo, dor na penetração e pouca lubrificação, só para citar alguns exemplos— é causada por mais de um fator. Em outras palavras, podem ser fruto de causas orgânicas, físicas e psicológicas, como as listadas a seguir.
Se você se identificar com um ou mais problemas, não demore para marcar uma consulta com o ginecologista, pois só ele poderá diagnosticar corretamente e indicar o melhor tratamento para o caso.
Confira algumas das possíveis causas:
1. Estresse
Irritação constante, cansaço, dificuldades de concentração, excesso ou ausência de sono, memória comprometida e baixa libido são alguns dos sintomas do estresse, que também pode estar associado à depressão e a um transtorno de ansiedade. Crises conjugais, problemas financeiros e sobrecarga de tarefas no trabalho também causam alterações psicológicas com efeito diretos no metabolismo corporal e no desejo. Problemas com os filhos também são causas comuns de perda da satisfação e pouca libido, pois não são poucas as mulheres que encaram os filhos como seu dever maior e a prioridade número 1 de suas vidas, colocando muitas vezes a si mesmas em segundo plano.
2. Anorgasmia
A anorgasmia do tipo primária se caracteriza pela ausência de prazer e pode ter como causa a falta de conhecimento da própria anatomia, além da dificuldade de entrega e de concentração na hora do sexo. Atinge, em geral, mulheres que nunca tiveram orgasmo. A secundária pode acometer quem já vivenciou o clímax, mas deixou de obtê-lo por causa do uso de antidepressivos e remédios para tratamento de desordens psiquiátricas, medicações que agem no cérebro alterando a área responsável pelo orgasmo. Terapia, medicamentos e fisioterapia específica podem superar o problema.
3. Alterações hormonais
Algumas disfunções, como o aumento da prolactina (hiperprolactinemia), são causadas por doenças ou medicamentos e podem produzir disfunção sexual hipoativa, que é a diminuição do desejo. Em geral, a suspensão das medicações causadoras ou a introdução de remédios para a diminuição do hormônio resolve a questão.
4. Doenças crônicas
Enfermidades como hipotireoidismo e anemia não tratadas podem diminuir a disposição do dia a dia e reduzir a libido e o prazer nas relações sexuais. O mesmo costuma ocorrer durante o tratamento para o câncer à base de remédios que causam muitos efeitos colaterais e atingem a libido.
5. Dispareunia
Desconforto, dor e até ardência durante a penetração são alguns dos sinais da dispareunia, distúrbio que impede o relaxamento, a excitação e, consequentemente, o orgasmo. Ela pode ser causada por infecções vaginais, como vaginoses e vaginites (bactérias e fungos), facilmente resolvidas com o uso de antibióticos ou antifúngicos. Porém, ela pode envolver também o vaginismo, situação em que há uma contração involuntária da musculatura vaginal impedindo a penetração e gerando intensa dor e desconforto. Para tratar o vaginismo, além de uma complexa entrevista sobre passado sexual, educação repressora e possíveis abusos (via de regra, o fundo é emocional), o ginecologista pode indicar terapia sexual, fisioterapia pélvica e até aplicação de toxina botulínica nos músculos locais.
6. Diminuição da lubrificação vaginal
O hipoestrogenismo causado por anticoncepcionais hormonais costuma afetar a lubrificação natural. Vale conversar com o médico para repensar o método contraceptivo e investir em lubrificantes à base de água na hora da relação. A queda hormonal típica da menopausa, por sua vez, altera a região vaginal causando atrofia e reduzindo a sensibilidade e a lubrificação, o que pode causar dor na relação, levando a mulher a evitar o sexo ou a ficar tensa durante a transa. Nessa fase, a libido também sofre uma baixa. A terapia de reposição hormonal e o uso constante (com prescrição médica) de hidratantes vaginais podem ajudar a reduzir a secura.
7. Endometriose
Além das cólicas menstruais mais intensas, outro sintoma é a dor durante a penetração. Ela surge por causa do deslocamento de órgãos aderidos entre si ou pelo próprio processo inflamatório que acomete a doença, que pode ser resolvida a partir de medicação ou até cirurgia.
8. Falta de estímulo adequado
É importante ressaltar que a satisfação sexual feminina envolve não somente o contato físico, mas também a ambientação e a psique. Diferente do homem, a mulher é mais sensorial e emocional e precisa ser devidamente estimulada antes da penetração. Preliminares sem pressa, sexo oral e muita dedicação ao clitóris são ações nas quais o parceiro deveria investir com frequência. Cabe à mulher, no entanto, se aprofundar no conhecimento do próprio corpo, principalmente através da masturbação, para aprender a identificar o que gosta ou não no sexo.
Fontes: Alexandre Pupo, ginecologista do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo (SP); Lívia Daia, ginecologista, obstetra e mastologista, de São Paulo (SP); Sandra Fergutz Batista, psicóloga do Ceges (Centro de Excelência em Gêneros e Sexualidades), de Curitiba (PR).
*Com reportagem publicada em 02/11/2018.