Lili de Grammont se emociona ao falar da morte da mãe cantora nos anos 1980
A coreógrafa Lili De Grammont, madrinha da categoria "Acolhimento e enfrentamento da Violência Contra Meninas e Mulheres" do Prêmio Inspiradoras 2023, falou em seu discurso sobre ser órfã do feminicídio. Ela se emocionou, foi longamente aplaudida e levou lágrimas aos olhos da plateia. "Cicatrizes e consequências ficam para sempre."
Lili é filha de Lindomar Castilho, cantor famoso na década de 1980 e que assassinou a mãe de Lili, Eliane, em 1981. "Perdi minha mãe quando eu tinha 2 anos, minha avó, que me criou quando eu tinha 15. Meu pai foi preso quando eu tinha 6", contou. Ela reforçou que, na época, a avó era obrigada, por ordem judicial, a levá-la visitar o pai.
"Vivíamos outros tempos, estávamos antes da Constituição de 1988, as coisas eram diferentes para as mulheres. Elas podiam perder a guarda dos filhos se saíssem de casa ao serem vítimas de violência doméstica", contou.
Ela chorou ao dizer que se vestia de Mulher-Maravilha e não se permitia sentir a dor, mas que encontrou uma foto no Facebook durante a pandemia que a fez se abrir para essa dor. "Vi uma criança em um orfanato em um corredor bem longo, que também era órfão do feminicídio. Para mim foi um espelho. Vi como esses órfãos da violência são invisibilizados", contou.
"Pra gente, não morre só a mãe. Morre o pai, a relação de família e o amor se torna desconfiança", disse após cantar um trecho da música que sua mãe morreu cantando. A música era "João e Maria", de Chico Buarque.
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