Fictossexualidade: talvez você já tenha se sentido como homem que viralizou
![Hatsune Miku, uma artista fictícia criada em 2007; ela é casada com o japonês Akihiko Kondo Hatsune Miku, uma artista fictícia criada em 2007; ela é casada com o japonês Akihiko Kondo](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/5f/2023/09/20/hatsune-miku-uma-artista-ficticia-criada-em-2017-1695217467788_v2_900x506.jpg)
Você já se apaixonou por algum personagem de um desenho? Algumas pessoas não só se sentem atraídos como já se casaram nessas condições. O nome disso é fictosexualidade, quando pessoas sentem atração sexual por personagens fictícios.
Apesar de parecer algo fora do comum, isso está começando a se tornar mais frequente em alguns locais, como o Japão.
Um estudo feito em 2017 pela Associação Japonesa de Educação Sexual avaliou o comportamento de jovens entre 16 e 29 anos e concluiu que mais de 10%, entre homens e mulheres, já tinham se apaixonado por personagens de anime [desenho animado japonês] ou de games.
De acordo com o levantamento, as maiores taxas de fictossexualidade foram registradas entre mulheres universitárias.
"Fictossexuais surgiram quase ao mesmo tempo que a cultura otaku no Japão, entre os anos 1980 e 1990", disse Izumi Tsuji, professor de sociologia cultural na Universidade de Chuo e secretário do Grupo de Estudos da Juventude Japonesa, em entrevista à DW.
O termo otaku é uma gíria equivalente a "nerd" ou "geek" em inglês e descreve pessoas que amam animes e mangás (histórias em quadrinho).
Ainda de acordo com Tsuji, o surgimento da cultura otaku ocorreu no auge da economia japonesa e do poder de consumo no país. "Cerca de 20% dos jovens não faziam parte desse universo, e ainda assim elegeram a ficção e movimento otaku para fugir da realidade".
Fictossexualidade na prática
Talvez um dos maiores exemplos de fictossexualidade seja o japonês Akihiko Kondo. Em 2018, ele se casou com Hatsune Miku, uma artista fictícia criada em 2007, pela empresa Crypton Future Media. Para a cerimônia, ele utilizou uma boneca para representá-la.
Kondo disse que se apaixonou por Miku após vê-la em um programa de televisão japonês, e que a artista fictícia tem ajudado ele em momentos difíceis. "Nunca tive uma namorada, mas tive vários relacionamentos com personagens de animes e jogos de computador".
Por ter se casado com Hatsune Miko, Kondo foi chamado de "louco" e "esquisito" por colegas de trabalho e familiares que, inclusive, não foram à cerimônia de casamento.
O seu dia a dia inclui tomar o café da manhã ao lado de uma boneca de Hatsune Miku de tamanho natural. Depois, ele se despede e vai ao trabalho. Ao voltar, jantam juntos. Nos fins de semana, Kondo a leva para passear de carro.
Para tentar reduzir o estigma de quem se casa com personagens fictícios, Kondo criou a Associação dos Fictossexuais, com o objetivo de reunir indivíduos que mantêm esse tipo de relacionamento e de combater o preconceito.
*Com informações da DW
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