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Professora e cineasta defendem no NYT que STF descriminalize aborto

Artigo de opinião publicado no jornal The New York Times defende descriminalização do aborto no Brasil Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

26/09/2023 11h28Atualizada em 26/09/2023 18h21

A professora canadense Joanna Erdman e a cineasta brasileira Eliza Capai publicaram em conjunto um vídeo e um artigo de opinião no jornal The New York Times em defesa da descriminalização do aborto no Brasil.

O que aconteceu

Mulheres defendem que STF descriminalize a interrupção da gravidez. Prestes a se aposentar, a ministra Rosa Weber votou na última sexta-feira (22) para que o procedimento deixe de ser crime. O julgamento foi suspenso logo em seguida pelo ministro Luís Roberto Barroso.

Professora Joanna Erdman defendeu que criminalização do aborto fere princípio de cuidado universal da saúde previsto na Constituição. "A criminalização nega mais do que o acesso a um único serviço de saúde, ela traz prejuízos sociais mais amplos. Cria medo entre os que precisam de cuidado e aqueles que cuidariam deles, um destino cruel para as mulheres mais vulneráveis, denunciadas por aqueles que juram cuidar e feridas por um sistema que se pretende ajudar", escreveu ela no artigo, intitulado "Cara Suprema Corte do Brasil, use seu poder para proteger as mulheres".

Erdman também destaca que criminalização atinge mais as populações vulneráveis. "[A criminalização do aborto] aprofunda as desigualdades de raça, classe e gênero na vida social. No Brasil, mulheres pretas e pardas, mulheres pobres e jovens e mulheres das regiões mais vulneráveis do país têm mais chance de abortar, de serem presas por abortarem, e de morrerem por abortarem". Erdman é professora de direito da saúde na Universidade Dalhousie, no Canadá.

Cineasta Eliza Capai produziu curta-metragem de 11 minutos sobre sua experiência pessoal, uma adaptação de seu documentário "Incompatível com a Vida". Ela interrompeu uma gravidez após descobrir que seu filho não teria chance de sobreviver fora do útero. Ela teve de viajar a Portugal, onde o aborto não é crime, para passar pelo procedimento.

"A criminalização não reduz o número de abortos", diz Eliza. "Queremos viver em um país cujas leis torturam suas cidadãs? Ou queremos nos juntar aos nossos vizinhos, como México, Colômbia e Argentina, que enfrentaram a realidade ao descriminalizar o aborto?".

Qualquer um pode enviar artigos de opinião para o New York Times. As inscrições são analisadas pela edição do jornal norte-americano.

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