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'Já gozei mais de 15 vezes em uma única sessão tântrica'

Catherinne Louise é jornalista e fala sobre comportamento e sexualidade nas redes sociais Imagem: Arquivo pessoal

Martina Colafemina

Colaboração para Universa, em São Paulo

07/11/2023 04h00Atualizada em 08/11/2023 07h16

Catherinne Louise procurou por um terapeuta tântrico pela primeira vez motivada pela própria curiosidade, somado aos pedidos de seus seguidores nas redes sociais.

Eles pediam com frequência que a criadora de conteúdo fizesse vídeos sobre massagem tântrica e casas de swing. Ela foi atrás dessas experiências, mas não imaginava que, em uma única sessão tântrica, teria 15 orgasmos.

De início, ela teve a sensação de ver as curvas do corpo do lado de fora. De olhos fechados, ela conseguia se imaginar conforme o terapeuta passava a mão em um toque sutil pelo seu corpo.

"É como se você virasse toda a sua atenção para si. Conforme ele passava a mão, ia sentindo e visualizando as curvas. É o mais perto do que eu consigo chegar para explicar, é bem doido. A gente não tem a consciência corporal que tem naquele momento", diz.

Catherinne fez três sessões, mas segundo ela, cada uma foi única. A primeira, em que gozou 15 vezes, foi a mais intensa. "Acho que porque eu não sabia o que era e eu me entreguei muito mais. Nas outras, eu já sabia, então fui com aquela sensação de 'já sei o que vai acontecer aqui'. Porém, também foram muito boas. Mas, a primeira foi a melhor", diz.

Na terceira vez, ela procurou pelo tantra já como terapia e não mais por curiosidade. E a sensação foi diferente. "Passou muito tempo, tem outras questões minhas também. Foi a mais diferente. Eu encarei como tratamento e não como curiosidade".

Como é uma sessão de tantra?

O tantra em si é uma filosofia complexa. "Eu posso falar que é uma filosofia de vida, que é o alcance da plenitude. Ele existe há mais de cinco mil anos. É uma forma de vida em que você consegue compreender quem é", diz Sadhika Prem, terapeuta tântrica.

A massagem tântrica foi criada no Brasil por Deva Nishok, nos anos 1990.

Sadhika Prem é terapeuta tântrica, energética, mestra em reiki e instrutora de yoga Imagem: Romero Cruz

O processo tem três sessões: a primeira é uma conversa em que o paciente se abre com o terapeuta, conta suas experiências sexuais e de vida. Na segunda, chamada de Sensitive, a massagem trabalha a bioeletricidade do corpo através do toque, despertando sentidos.

Só na terceira é que começam os toques nos genitais e no ponto G. Essa sessão é chamada de Yoni para as mulheres e Lingam para os homens. "Não é só fazer aquele movimento de vai e vem, que você sente e pronto. Você precisa passar pela Sensitive, que vai ativar e aumentar a libido", explica Sadhika.

Antes de chegar ao ponto G, a terapeuta faz uma espécie de drenagem que começa pelas coxas, para estimular a circulação da área. Depois, estimula pouco a pouco todas as partes da vulva antes de chegar ao clitóris, no caso das mulheres.

'Você não precisa transar para gozar'

Depois da massagem tântrica, Catherinne entendeu que o prazer está em não ter pressa. "Você não precisa transar para gozar, tem todo um contexto ali. É muito importante como o tantra mostra que você tem outras partes do corpo que podem te dar muito prazer e que podem despertar ali, no tato".

A jornalista já falou no TikTok sobre a experiência de ter gozado 15 vezes em uma única sessão tântrica Imagem: Arquivo pessoal

A experiência também ajudou a ter outro olhar sobre o prazer da namorada. "Eu tenho esse vício de querer gozar logo e, na verdade, não, a gente tem que curtir mais o momento e deixar vir o mais intenso possível".

Durante a sessão, ela também percebeu alguns vícios, como prender a respiração e contrair o abdômen quando está quase gozando. "Se você relaxa a musculatura, se você respira em vez de prender a respiração, você oxigena o cérebro. Então você faz com que o seu orgasmo seja ainda mais intenso. Acabei aprendendo. Lógico, ainda tenho esse vício, às vezes acabo fazendo. Mas sempre que lembro eu tento relaxar", conta.

A maioria das pessoas procura a massagem tântrica pela experiência, de acordo com Sadhika, e acaba descobrindo traumas de que não tinha ideia nesse processo. "Já tive, por exemplo, um caso de uma mulher que estava fazendo a terapia comigo só por descoberta da sexualidade e no meio de uma massagem ela teve a lembrança de um abuso sexual de um tio", diz a terapeuta.

Muitos pacientes chegam até ela por recomendação médica. O tantra é indicado como terapia para traumas de abusos, além de travas emocionais e físicas como o vaginismo. Nesses casos, a terapia acontece no tempo do paciente e não necessariamente segue as três etapas de conversa, massagem sensitiva e dos genitais. Ela não faz a massagem no ponto G, por exemplo, de cara nesses casos.

Em todos eles, Sadhika salienta que é importante fazer a leitura corporal e acompanhar cada reação durante a massagem. Essa leitura, além da energia, inclui observar a expressão da pessoa e o que ela faz com as mãos, por exemplo. Ela cita um paciente em que percebeu uma energia forte de raiva e agitação ainda durante a etapa Sensitive.

"Ele chorava, tremia, gritava. E do nada, se mexeu e ficou na posição fetal. Isso é uma indicação de abuso sexual. São sinais que nós profissionais conseguimos compreender", conta. A partir daí, o terapeuta faz o acolhimento necessário e há também sessões de feedback após a terapia.

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