'Já gozei mais de 15 vezes em uma única sessão tântrica'

Catherinne Louise procurou por um terapeuta tântrico pela primeira vez motivada pela própria curiosidade, somado aos pedidos de seus seguidores nas redes sociais.

Eles pediam com frequência que a criadora de conteúdo fizesse vídeos sobre massagem tântrica e casas de swing. Ela foi atrás dessas experiências, mas não imaginava que, em uma única sessão tântrica, teria 15 orgasmos.

De início, ela teve a sensação de ver as curvas do corpo do lado de fora. De olhos fechados, ela conseguia se imaginar conforme o terapeuta passava a mão em um toque sutil pelo seu corpo.

"É como se você virasse toda a sua atenção para si. Conforme ele passava a mão, ia sentindo e visualizando as curvas. É o mais perto do que eu consigo chegar para explicar, é bem doido. A gente não tem a consciência corporal que tem naquele momento", diz.

Catherinne fez três sessões, mas segundo ela, cada uma foi única. A primeira, em que gozou 15 vezes, foi a mais intensa. "Acho que porque eu não sabia o que era e eu me entreguei muito mais. Nas outras, eu já sabia, então fui com aquela sensação de 'já sei o que vai acontecer aqui'. Porém, também foram muito boas. Mas, a primeira foi a melhor", diz.

Na terceira vez, ela procurou pelo tantra já como terapia e não mais por curiosidade. E a sensação foi diferente. "Passou muito tempo, tem outras questões minhas também. Foi a mais diferente. Eu encarei como tratamento e não como curiosidade".

Como é uma sessão de tantra?

O tantra em si é uma filosofia complexa. "Eu posso falar que é uma filosofia de vida, que é o alcance da plenitude. Ele existe há mais de cinco mil anos. É uma forma de vida em que você consegue compreender quem é", diz Sadhika Prem, terapeuta tântrica.

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A massagem tântrica foi criada no Brasil por Deva Nishok, nos anos 1990.

Sadhika Prem é terapeuta tântrica, energética, mestra em reiki e instrutora de yoga
Sadhika Prem é terapeuta tântrica, energética, mestra em reiki e instrutora de yoga Imagem: Romero Cruz

O processo tem três sessões: a primeira é uma conversa em que o paciente se abre com o terapeuta, conta suas experiências sexuais e de vida. Na segunda, chamada de Sensitive, a massagem trabalha a bioeletricidade do corpo através do toque, despertando sentidos.

Só na terceira é que começam os toques nos genitais e no ponto G. Essa sessão é chamada de Yoni para as mulheres e Lingam para os homens. "Não é só fazer aquele movimento de vai e vem, que você sente e pronto. Você precisa passar pela Sensitive, que vai ativar e aumentar a libido", explica Sadhika.

Antes de chegar ao ponto G, a terapeuta faz uma espécie de drenagem que começa pelas coxas, para estimular a circulação da área. Depois, estimula pouco a pouco todas as partes da vulva antes de chegar ao clitóris, no caso das mulheres.

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'Você não precisa transar para gozar'

Depois da massagem tântrica, Catherinne entendeu que o prazer está em não ter pressa. "Você não precisa transar para gozar, tem todo um contexto ali. É muito importante como o tantra mostra que você tem outras partes do corpo que podem te dar muito prazer e que podem despertar ali, no tato".

A jornalista já falou no TikTok sobre a experiência de ter gozado 15 vezes em uma única sessão tântrica
A jornalista já falou no TikTok sobre a experiência de ter gozado 15 vezes em uma única sessão tântrica Imagem: Arquivo pessoal

A experiência também ajudou a ter outro olhar sobre o prazer da namorada. "Eu tenho esse vício de querer gozar logo e, na verdade, não, a gente tem que curtir mais o momento e deixar vir o mais intenso possível".

Durante a sessão, ela também percebeu alguns vícios, como prender a respiração e contrair o abdômen quando está quase gozando. "Se você relaxa a musculatura, se você respira em vez de prender a respiração, você oxigena o cérebro. Então você faz com que o seu orgasmo seja ainda mais intenso. Acabei aprendendo. Lógico, ainda tenho esse vício, às vezes acabo fazendo. Mas sempre que lembro eu tento relaxar", conta.

A maioria das pessoas procura a massagem tântrica pela experiência, de acordo com Sadhika, e acaba descobrindo traumas de que não tinha ideia nesse processo. "Já tive, por exemplo, um caso de uma mulher que estava fazendo a terapia comigo só por descoberta da sexualidade e no meio de uma massagem ela teve a lembrança de um abuso sexual de um tio", diz a terapeuta.

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Muitos pacientes chegam até ela por recomendação médica. O tantra é indicado como terapia para traumas de abusos, além de travas emocionais e físicas como o vaginismo. Nesses casos, a terapia acontece no tempo do paciente e não necessariamente segue as três etapas de conversa, massagem sensitiva e dos genitais. Ela não faz a massagem no ponto G, por exemplo, de cara nesses casos.

Em todos eles, Sadhika salienta que é importante fazer a leitura corporal e acompanhar cada reação durante a massagem. Essa leitura, além da energia, inclui observar a expressão da pessoa e o que ela faz com as mãos, por exemplo. Ela cita um paciente em que percebeu uma energia forte de raiva e agitação ainda durante a etapa Sensitive.

"Ele chorava, tremia, gritava. E do nada, se mexeu e ficou na posição fetal. Isso é uma indicação de abuso sexual. São sinais que nós profissionais conseguimos compreender", conta. A partir daí, o terapeuta faz o acolhimento necessário e há também sessões de feedback após a terapia.

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