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Mãe de jovem que filmou a própria morte: 'Namorado me abraçou no hospital'

Ielly e a mãe, Olesiane Imagem: Arquivo pessoal

Jéssica Nascimento

Colaboração para Universa, em Brasília

07/11/2023 13h44

A mãe de Ielly Gabriele Alves, 23, jovem que filmou o momento em que foi atingida por um tiro em Jataí (GO), contou que recebeu uma ligação do namorado da vítima, pedindo documentos para levar Ielly ao hospital.

Diego Fonseca Borges, 27, disse à sogra que o casal foi alvo de uma emboscada. A polícia desconfiou da versão dele e encontrou, no celular de Ielly, um vídeo que mostra o momento em que a jovem é atingida pelo disparo feito pelo namorado.

Ielly não resistiu aos ferimentos. Já Diego está preso e pode responder por homicídio qualificado.

No centro médico, ele me abraçou e disse: 'Sogra, quem fez isso com ela vai pagar. Vamos ter justiça'.
Olesiane Alves da Silva, mãe de Ielly Gabriele

O caso aconteceu no último sábado (4), depois que o casal voltava de uma "brincadeira" de tiro ao alvo, a convite de Diego, segundo a polícia. Nas imagens, é possível ver Diego segurando uma arma. A jovem, em tom descontraído, conversa com o namorado.

Ielly era alegre, extrovertida e tinha planos de iniciar um curso Imagem: Arquivo pessoal

Segundos depois, ele dispara contra ela e o vídeo termina. Ielly chegou a ser levada para o Hospital das Clínicas, mas segundo a mãe, Olesiane Alves, 39, ela já estava sem vida.

Após receber a ligação de Diego, Olesiane correu para o hospital, sem suspeitar que o rapaz estaria envolvido.

"No dia do crime, passei o dia inteiro com a minha filha. Almoçamos juntas e à noite ela me disse que ia sair com o Diego. Não me disse para onde, apenas que voltaria para casa", disse a mãe a Universa.

"Por volta de 22h30, recebi uma ligação dele me pedindo para levar os documentos dela para o hospital, porque minha filha estava sem bolsa. Quando eu perguntei o que tinha acontecido, ele simplesmente disse que tinham armado uma emboscada para ele e que ela tinha sido atingida. Saí de casa desesperada", conta.

Já no hospital, Olesiane foi acolhida pelo namorado da filha. "Jamais desconfiei dele. Em nenhum momento." A polícia, no entanto, notou que ele entrou em contradição ao contar sua versão do episódio.

Um dos policiais me disse: contra fatos não há argumentos, já que o carro do Diego não tinha nenhum sinal de tiro. O ponto final foi quando eles me entregaram o celular dela e pediram a senha. Eu não tinha, mas a amiga dela sim. Assim que ela desbloqueou, encontramos o vídeo.

'Minha ficha não caiu'

A mãe da vítima disse que Ielly era uma jovem alegre, extrovertida e cheia de sonhos. Ela estava prestes a começar um curso de técnico de enfermagem.

Ainda estou em choque, minha ficha não caiu. Quando você perde um filho por acidente, doença, você até consegue entender. Mas da forma que foi? Não mesmo. Parece que um caminhão passou por cima de mim. Minha metade foi embora.

Olesiane contou também que o relacionamento da filha e de Diego já durava 1 ano e 7 meses. Segundo ela, o namoro era conturbado e marcado por brigas, mas a filha não contava detalhes de possíveis agressões e nunca havia registrado um boletim de ocorrência.

"Ela era muito fechada e não me contava muita coisa. Eu sabia que tinha brigas e por isso me metia. Como eu ficava muito do lado dela, ela evitava me contar as coisas. Agora, o que espero é que aconteça justiça."

Homem tinha passagens

O delegado responsável pelo caso, Thiago Saad Crespo, disse que o suspeito foi preso em flagrante pelo crime de homicídio qualificado. Se for condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.

"O Diego já tem passagens por violência doméstica contra outra ex-companheira e pelo crime de roubo. As investigações continuam", disse. O caso pode ser enquadrado como feminicídio.

O que diz a defesa

Os advogados de Diego afirmaram que ele puxou o gatilho contra a jovem para fazer uma brincadeira, sem saber que a arma dispararia.

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Violência contra a mulher