Robertita sobre marombas que têm fetiche em mulheres gordas: 'É animalesco'
Convidada do "Desculpa Alguma Coisa", videocast de Universa com Tati Bernardi, a influenciadora Robertita fala que seu Tinder está cheio de homens com fetiche em mulheres gordas, principalmente marombas.
Robertita: "Internamente na comunidade nós chamamos de 'papa gorda' [pessoas que têm fetiche em corpos gordos]. É nitidamente um caso de objetificação. Comigo, tem um nicho muito específico. Tem uns marombas que adoram mulher gorda. Quando abro meu Tinder pra homens, do nada tem uns caras gigantes".
"Já ouvi que eles adoram mulher gorda por causa do tamanho, da força. É um lugar animalesco, bizarro, não do fetiche gostoso, mas de objetificar", conta.
"Eu já entro no modo de repelir", afirma.
Robertita sobre falta de investimento em moda plus size: 'Burrice'
Robertita aponta falta de interesse das marcas em atrelar a imagem a pessoas gordas: "Sou uma garimpeira nata. Pessoas gordas são garimpeiras natas. A gente pega um pedaço daquele pano, do outro, dá um nó, costura, dá um laço e faz acontecer. As marcas ainda não têm consciência do mercado e da exigência dessa demanda. Eu tenho umas teorias quanto a isso. Ou é pura e exclusivamente gordofobia de não querer produzir e ter a marca atrelada, ou é porque essa marca não tem profissionais que tenham conhecimento e expertise pra produzir pra essa comunidade. É burrice mesmo. Se você não quer se atrelar, pensa numa questão mercadológica".
Robertita critica 'narrativa heroica' de mulheres negras: 'Vira um folclore'
A influenciadora critica a forma como a trajetória de mulheres negras é sempre narrada pelo viés da dificuldade: "Vira um folclore, né? Se a gente continua reforçando essa narrativa, acaba virando quase que uma narrativa heroica de grandes feitos. 'Olha, ela saiu da periferia'. A periferia é um lugar muito legítimo, onde minha família e meus amigos ainda vivem. 'Hoje está nesse lugar'. Não é pra ser isso, é pra ser uma linha do tempo, que todo mundo tem, mas não se afixar nisso, nessa história, como se fosse a única que eu pertencesse".
Robertita conta como torcida do Corinthians a tirou da depressão: 'Sensação de vida'
Robertita revela para Tati Bernardi como participar da torcida organizada do Corinthians mudou sua vida: "O que me tirou desse lugar foi minha rede de apoio, os meus amigos, que na época não entendiam a complexidade do que estava acontecendo. Eu tenho uma amiga chamada Vitória e ela me convidou pra ir pra sede da Gaviões da Fiel e eu pisei pela primeira vez na Arena Corinthians. Fui invadida, no meio da torcida organizada, por uma sensação de vida, um frenesi, uma loucura, no meio da arquibancada. Me senti viva, comprei bandeira do Corinthians, coloquei na minha sala. Eu voltei, comecei a me movimentar. E aí eu tinha uma família nova".
Robertita sobre críticas a ostentação: 'Feitos de pessoas negras sempre incomodam'
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Quero receberA influenciadora também aponta que a ostentação de pessoas negras sempre é alvo de críticas: "A Beyoncé não está escrevendo para as pessoas brancas, é para as pretas.. Estamos num processo de reestruturação do belo. Corpos pretos sempre vão gerar um incômodo. Isso é tão violento. É normal a gente ver socialites brancas, mas é muito incômodo uma mulher negra escrever um álbum sobre ostentação, porque ela está injetando autoestima numa comunidade".
Robertita diz que não participa de trabalhos para ser a única mulher negra e gorda
A influenciadora diz ainda o que não aceita na hora de fechar trabalhos com marcas. "O que crio, as estratégias, é como efetivamente a minha presença pode afetar as marcas que querem se atrelar a mim. Tem uma lista de coisas que topo e que eu não topo, exigências não por luxo, mas pra ter verdade. Não participo de squad com apenas eu sendo mulher negra e gorda. Uma marca vai fechar uma ação e contrata 20 influenciadoras, por exemplo, eu não vou entrar pra ser um token, não é possível que não tem outra. Tenho convidado essas marcas pra um lugar de incômodo".
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