Ela mede 71 cm e quer título de menor mulher do Brasil: 'Vivo meu milagre'
Jéssica Nascimento
Colaboração para Universa, em Brasília
19/11/2023 04h00
Rafaela Silva de Sousa, 40, desafia as probabilidades todos os dias. Com apenas 71 centímetros de altura, ela acredita ser a mulher de menor estatura no Brasil. A professora não confirmou oficialmente isso, mas suas pesquisas mostram que Camilla Feitosa, uma paratleta de São Paulo, já deu diversas entrevistas sendo reconhecida como a mais baixa do país, com 73 cm.
Ou seja: Rafinha, como é conhecida, poderia mesmo levar o título.
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"Um dos meus sonhos é ser reconhecida como A Menor Mulher do Brasil", diz.
"Eu nunca fui atrás de provar que eu sou a menor, porque, no Guinness Book, tem que pagar pela proposta para ser reconhecida. Como o site é em inglês, acabei deixando pra lá.", conta. "Mas, hoje eu estou no momento mais feliz da minha vida. Com 40 anos e satisfeitíssima com tudo que eu tenho. Conquistei muita coisa, então o que vier a mais é lucro."
Médicos chocados
Assim que nasceu, em 1983, ela foi diagnosticada com uma condição de nanismo rara e recebeu dos médicos uma previsão arrasadora: a brasiliense não viveria mais de um ano. Na época, o conhecimento médico e os recursos eram limitados em relação ao nanismo.
"Os médicos ficam chocados quando me veem andando. Um me deu um ano de vida, outro três. Hoje, sou quarentona e vivo o meu milagre", conta.
Ao longo dos anos, Rafaela passou por algumas cirurgias, incluindo a correção de uma fenda palatina e uma reparação nos dedos do pés, mas optou por não fazer uma cirurgia na coluna. Hoje, apesar de ter cifose e escoliose, ela anda normalmente e não sente dor.
Sua mãe só descobriu a displasia diastrófica, como é chamada a condição, após o parto e, apesar das palavras dos médicos, recebeu a filha com amor e aceitação.
"Meus pais me criaram como se eu fosse uma pessoa sem qualquer deficiência. Eles contam que foi difícil encontrar uma escola que me aceitasse, mas conseguiram e foi lá que estudei minha vida inteira. Sempre tive uma vida normal, e só fui perceber que era diferente das outras pessoas quando chegou a adolescência", diz.
"Nessa fase de paquera, a gente sabe que existe muito preconceito, né? Mas com a internet, fui descobrindo que existiam outras pessoas parecidas comigo e tive algumas relações amorosas", conta.
Apesar das dificuldades, Rafinha faz questão de mostrar, especialmente para os pais quem têm filhos com nanismo, que eles podem ter uma vida realizada. Ela passou a contar sua experiência em vídeos do YouTube e hoje tem mais de 141 mil inscritos.
"Nunca tive pretensão de ser youtuber. Eu gravava pra ficar salvo num lugar que os pais que têm filhos com essas condições conseguissem assistir. É muito legal essa troca", afirma.
"Tenho muito orgulho do que eu me tornei, da minha independência financeira, da vida que levo, dos sonhos que realizei. Conheci gente famosa, tenho um cachorro, me formei. Viajo com meus amigos, saio, bebo. Já não tenho mais o ritmo que eu tinha antigamente, mas eu sempre fui muito de curtir a vida. Sei que tudo isso é porque eu tive uma base familiar muito boa e me proporcionou ter essa vivência."