Botãozinho do prazer: você sabia que o clitóris tem glande e fica ereto?
Heloísa Noronha
Colaboração para Universa*
28/11/2023 04h00
Aquele "botãozinho" que a leva a sensações incríveis durante a masturbação ou quando outra pessoa estimula com os dedos ou com a língua é muito mais complexo e maior do que você imagina, sabia?
Para começar, é bom ter em mente que, na verdade, o clitóris tem entre 8 e 9 centímetros. A título de comparação, vale lembrar que um pênis em estado flácido, segundo um levantamento mundial publicado pela revista científica "BJU International" mede em torno de 9,16 centímetros.
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Não podemos ver tanta "exuberância" porque boa parte do clitóris é interna, mas existem outras estruturas por trás do único órgão do corpo humano 100% dedicado ao prazer.
Função: dar prazer
Durante muito tempo foi difícil estabelecer uma função exata para o clitóris - se em pleno 2018 a sexualidade feminina ainda é um tabu para tantos, imagine pensar, em tempos remotos, num órgão tão "pecaminoso".
Publicada em julho de 1998 no "The Journal of Urology", a pesquisa de Helen O'Connell, portanto, é reveladora e muito útil. Em seus estudos, a médica contou com a colaboração de John Hutson, especialista em cirurgia de reconstituição genital, e analisou, por meio de autópsias, a estrutura do clitóris via microdissecção, que permite a identificação e separação de nervos e de pequenos vasos. Entre as principais descobertas destaca-se o fato de que a maior parte do clitóris se encontra no interior do corpo, algo que até mesmo a anatomia mais recente havia desprezado até então.
A estrutura
O "botãozinho", tal e qual podemos ver, na verdade é a glande do clitóris e fica onde os pequenos lábios se encontram, bem acima da uretra. Essa glande tem um desempenho bem parecido com o do pênis.
Com o aumento do fluxo sanguíneo, a "cabeça" do clitóris fica ereta e dura como a de um pau. Quando você puxa bem a pele em volta da para ver a ponta ficar redondinha, e é essa parte mais inchada que e sensível ao toque que produz grandes efeitos - e grandes orgasmos - quando acariciada.
Além dessa parte externa, há três internas: os crus, constituídos de dois corpos cavernosos, que se unem e formam o corpo do clitóris - se você reparar bem na ilustração, o clitóris é mesmo bem parecido com um pênis. Existem também dois bulbos de tecido erétil - os chamados bulbos de vestíbulo - que descem ao longo da vulva.
Quando a mulher está muito excitada, esses bulbos se enchem de sangue e incham, tornando a uretra e o canal vaginal ainda mais sensíveis para o sexo. É por isso que quando você está louca de tesão sente não só o clitóris pulsar, mas toda a parte em volta também. E porque faz tanto sentido que a maior parte das mulheres chega ao clímax com estímulos clitorianos, não vaginais.
Pouco explorado
Embora ainda seja alvo de mistério e desconhecimento, a real "engrenagem" do clitóris foi desvendada pela urologista australiana Helen O'Connell, da Universidade de Melbourne, em Sydney, há vinte anos. Decepcionada com o fato de que os principais livros de referência sobre anatomia traziam menções bem superficiais sobre o clitóris, ela decidiu estudar o assunto por conta própria e descobriu que o órgão tem mais nervos e vasos sanguíneos do que se supunha, além de partes não visíveis.
A palavra clitóris vem do grego "kleitoris", que significa pequeno monte, e nasceu na Grécia Antiga. Foi Hipócrates, considerado o pai da medicina, quem primeiro o mencionou em estudos. Para ele, a mulher também produzia esperma e só tinha chances de engravidar se alcançasse o orgasmo.
Ele sugeria aos maridos que estimulassem o clitóris de suas esposas com a finalidade de ter filhos. No século 12, Andreas Vesalius, médico belga chamado de "o pai da anatomia moderna" e autor do atlas "De Humani Corporis Fabrica", conseguiu identificar melhor com mais propriedade as primeiras impressões realistas dos órgãos reprodutivos femininos.
*Com matéria publicada em 12/5/2018