Fibe: Fala de ex-PM mostra que mulheres não têm proteção nem mesmo mortas
Colaboração para Universa, em São Paulo
05/12/2023 13h15
A mulher não tem direito a proteção do próprio corpo nem quando está morta, desabafou a colunista de Universa Cris Fibe no UOL News da manhã desta terça-feira (5), após o ex-policial militar Evandro Guedes, fundador da escola preparatória para concursos públicos AlfaCon, minimizar a pena por violar sexualmente o cadáver de mulheres.
É preciso uma punição. Esse nojo, essa raiva que a gente sente, é muito difícil mesmo. A gente não tem direito a proteção do nosso corpo nem morta. Você nunca está amparada. É muito violento.
Ele só não foi punido, como tem centenas de milhares de seguidores. Ele está aí nas redes sociais para quem quiser ouvir. De novo, a importância de a gente ter algum olhar para isso, porque ele está tripudiando em cima da divulgação [do vídeo].
Fico preocupada porque também funciona para esse sujeito crescer. Fui a uma das contas de rede social dele e ele está falando: 'Somos igual massa de pão, quanto mais bate, mais cresce', tripudiando em cima desse crime mostrando seu carro chique e sua riqueza.
O crime é conhecido como vilipêndio a cadáver, podendo levar a uma detenção de um a três anos, além de pagamento de multa.
Ela também comentou que a duração da pena do crime de vilipêndio a cadáver é "curta".
Ele minimiza essa pena, porque realmente é uma pena curta para o que ele está fazendo, mas ele fala: 'A pena a gente lida'.
O que aconteceu
Guedes disse que cometeria o crime e usou como exemplo as assistentes de palco do programa Pânico. "Meu irmão, com aquele 'rabão'. E ela infartou de tanto tomar 'bomba' na porta do necrotério. Duas da manhã, não tem ninguém, quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime", diz o ex-PM no vídeo, que não teve a data de gravação informada.
Ainda na gravação, Evandro ensina como usar um secador para esquentar o corpo, depois de estar morto, e debocha o pai da possível vítima do crime. "Mas a pena é desse 'tamanhozinho'. Vale a pena responder. [Será o dia] mais feliz da sua vida, irmão", disse o ex-PM.
Logo após a repercussão do vídeo, Guedes fez uma transmissão ao vivo no Instagram e negou ter minimizado o crime de vilipêndio de cadáver. "Eu dei um exemplo", disse.
O UOL tentou contato com Guedes e com a escola AlfaCon, mas até agora não teve resposta.
O ex-policial militar, que é próximo da família Bolsonaro, é conhecido por falas ofensivas. Guedes já deu declarações machistas, racistas e defendeu violência entre os civis.
A AlfaCon, em 2020, informou que Evandro Guedes não fazia mais parte da escola. No entanto, ele aparece em anúncios recentes de cursos ministrados pela instituição.
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